Os autarcas de Mação conseguiram, sozinhos, entalar o Governo do país que acha que, no interior, somos todos raposas em extinção. A Chamusca tem um presidente de câmara que só pode ter saído do fundo de um poço…sem água.
Mesmo quando a Justiça funciona, como foi o caso recente em Mação, que viu reconhecido pelo Tribunal de Leiria o seu direito aos apoios para a calamidade dos fogos, ficam sempre em evidência os espaços vazios entre os factos e os sentimentos, as dilacerações que cada indivíduo e cada grupo de uma comunidade guarda no seu íntimo. Com esta decisão do tribunal, que faz lembrar mais uma vez a história do homem que mordeu o cão, o interior, as suas gentes e os seus dirigentes, voltaram a ter honras de horário nobre nas notícias. E acima de tudo percebem que o mundo é injusto e todos os governos são injustos mas há sempre forma de os combater quando somos bons lutadores. Nem o facto de ser uma luta contra uma decisão brutal e atentatória dos direitos dos mais fracos fez com que os autarcas da região ribatejana se unissem e pedissem em uníssono, junto do Governo, justiça, lisura, competência e respeito pelos infortunados.
Sou contra a regionalização no papel, feita e desenhada em Lisboa pelos mesmos de sempre, exactamente por situações como esta de Mação. Se a pobreza a que o concelho e as suas gentes estão sujeitos, por causa da calamidade dos fogos, dependesse da solidariedade pública e da reivindicação dos autarcas da comunidade urbana do Médio Tejo, era desgraça pela certa. Estas são as melhores alturas para medir a capacidade dos dirigentes, o poder de iniciativa dos burocratas que os acompanham na gestão do Poder (leia-se aqui os nomes de alguns dirigentes da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, que são lugares de grande responsabilidade na gestão dos territórios, que muitas vezes acabam entregues a políticos que só querem um emprego e trabalho fácil, como acho que é o caso).
Se numa situação como a que Mação vive, e vai continuar a viver, os autarcas não se mobilizaram junto do Governo a pedirem justiça, e fizeram a autarquia de Mação percorrer o caminho das pedras, em que século é que se vão entender para gerirem um território tão diferenciado e com tantos problemas como o nosso, do Minho ao Algarve?
Não largo o assunto dos autarcas, e das suas competências e responsabilidades, para deixar registo do trabalho infantil que o presidente da Câmara da Chamusca está a fazer na gestão da sua autarquia. Admito, pelas evidências da sua gestão, que o autarca possa estar doente e não tenha capacidade sequer para gerir a sua secretária.
A forma como ele compra património, e faz o negócio em público, é de bradar aos céus. A entrevista que publicamos nesta edição com o vereador Manuel Romão, a quem Paulo Queimado comprou uma casa, vai ficar na história porque mostra o nível da capacidade intelectual, política e pessoal de Paulo Queimado.
O autarca leva seis anos de trabalho a gerir um orçamento anual de 12 milhões de euros como se gere uma mercearia de aldeia; e a ser o principal guardião de um património também de muitos milhões que não é só cimento, floresta e alcatrão, mas também cultura, tradição, memória, legado, honestidade, desenvolvimento e progresso. Um território entregue a políticos como Paulo Queimado é um território condenado à morte lenta. Como se tem visto nos últimos tempos; como se vê e se sabe todos os dias, principalmente aqueles que têm que gramar diariamente as suas fuças, e sofrem na pele a desvalorização do seu melhor património pessoal e colectivo. JAE
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