Santarém é uma aldeia. Falo do concelho no seu todo e não da cidade. Na passada semana fui para os lados de Albergaria receber uma terapia. A gente não sabe nem sonha quantos recantos perdidos tem este concelho e quantos velhos sorridentes, e desdentados, se sentam nos bancos à beira da estrada para nos saudarem e dizerem olhem que estamos aqui venham daí para dois dedos de conversa.
Parei o carro na estrada principal às duas da tarde e fui à minha vida. Terapia de uma hora e mais uma experiência interessante. Mais interessante ainda foi a presença de uma mosca que me deu que fazer todo o tempo. Na hora de acertar contas, sentado de frente para a terapeuta, recebi a explicação para a presença da mosca durante toda a sessão. “Foi um incidente, desculpe, mas eu não gosto de matar animais”. Já lhe tinha perdoado quando oiço tocar a campainha da casa. A terapeuta vai à porta e regressa com a informação que tenho a caixa do carro aberta. Pede-me a chave e vem à rua. Venho atrás dela descalço e confirmo que o carro estava lá. Mais tarde confirmo que também lá estava a mala de mão mais a máquina fotográfica que me acompanha para todo o lado. Nem quero acreditar: um carro parado cerca de uma hora à beira da estrada, de mala aberta, cheio de outras malas mais pequenas, e ninguém deitou a mão nem para levar um livro.
Regresso à cidade e vou vendo a publicidade que os políticos já espalharam nas rotundas. Olho pela primeira vez para o cartaz da candidata Idália Serrão e lembro-me do tempo em que ela se chamava Idália Moniz e era a alma gémea de Rui Barreiro na gestão da autarquia. Parece que entretanto se zangaram; fizeram tantas asneiras que viraram-se de costas; Como não se ouve falar de Rui Barreiro, e em política não há inocentes, pergunto-me: politicamente a Idália Serrão não é o Rui Barreiro de saias? Eu acho que é. Aliás… não tenho dúvidas. Conheço-os há muitos anos e sei como eles são gente politicamente fraquinha. Por isso se aliam e se zangam com a mesma facilidade que uma mosca anula uma hora de descanso. JAE
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