O MIRANTE volta a entregar os prémios Personalidade do Ano. Oportunidade para recordar o valor das entrevistas dos nossos premiados e a memória de Manuel da Costa Brás, falecido em Julho do ano passado.
A entrega dos prémios Personalidade do Ano, que O MIRANTE organiza esta quinta-feira pelo 15º ano consecutivo, vai ser muito provavelmente a nossa melhor e mais participada iniciativa de sempre. A oito dias da data já tínhamos o Convento de S. Francisco, em Santarém, esgotado com a presença garantida das nossas Personalidades mas também de uma boa parte dos nossos principais parceiros neste projecto.
Este ano voltei a acompanhar de perto algumas das entrevistas que vêm publicadas na edição especial de 52 páginas que integra a edição semanal onde publico esta crónica. Devo confessar que já tinha saudades de um desafio como este; nos últimos tempos o trabalho obrigou-me a fazer contas, organizar papéis e arquivos, enfim, a fazer uma série de coisas que escapam aos meus interesses principais mas que não posso deixar de cuidar.
O jornalista que se preza quando faz entrevistas sabe como entrar na vida pessoal e profissional do seu entrevistado e se não o explora até ao tutano não está a fazer um bom trabalho. Depois, a montar a conversa, só entra aquilo que não ultrapassa as fronteiras definidas entre as duas partes mais aquilo a que a profissão obriga.
De todas as entrevistas das Personalidades de 2019 que elegemos para receberem o prémio esta quinta-feira posso testemunhar que nenhuma delas frustrou as nossas expectativas. O que fica no gravador e não cabe no papel, principalmente por questões de espaço, dava outra edição especial. Uma das entrevistas tirou-me o sono durante alguns dias por ser impossível publicar metade da conversa que eu achava que não podia deixar de fora. Como perder o sono é perder também qualidade de vida tive que entregar a outra pessoa a decisão final sobre o que devia ficar de fora depois do texto trabalhado e apurado.
Posso dar-me a este luxo porque trabalho com uma equipa que tem muitos anos e que não desafina nas grandes questões e nos maiores desafios. Para além de jornalistas fomos obrigados a aprender a editar os nossos textos e os textos dos nossos camaradas. Alguns de nós levam mais de duas décadas a aprender como se enxofra e ainda nos emocionamos com o cheiro do enxofre.
Acho que merecemos estas Personalidades. Assim como acho que merecemos muitas outras que ao longo dos anos nos honraram com o recebimento do prémio e com a sua presença na cerimónia. Recordo com saudade as palavras de Manuel da Costa Brás, a quem demos o prémio Vida em 2014, e que este ano voltamos a homenagear a título póstumo (faleceu a 2 de Julho do ano passado com 84 anos). Vamos editar na cerimónia de 20 de Fevereiro algumas imagens da entrevista que realizámos com ele no Pombalinho, de onde era natural e onde viveu parte dos últimos anos da sua vida. Era uma figura de referência da nossa região. Um homem com uma vida cheia de trabalho e cargos importantes mas genuinamente uma pessoa humilde e sem peneiras. Em 2014, em Rio Maior, a voz tremeu-lhe na hora de agradecer o prémio mas não deixou de lembrar o exemplo de vida que recebeu dos seus pais. JAE.
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