Nos últimos meses li uma dúzia de livros que me salvaram do coronavírus e da doença que se abateu sobre todos nós, principalmente sobre aqueles que, depois de três meses de confinamento, voltaram às ruas para mostrarem o seu ódio à civilização, e aqueles que, desde há séculos, lutam pelos ideais de justiça, liberdade e igualdade.
Sou solidário com a luta dos negros, com os homens e as mulheres vítimas de violência doméstica, os jornalistas vítimas da arrogância do poder policial ou político. Ultimamente a imprensa portuguesa esqueceu-se da Amnistia Internacional mas o trabalho desta organização é um dos mais importantes e valorosos do mundo na defesa dos mais fracos e desprotegidos. O jornalismo, em geral, é cada vez mais de modas, e de interesses particulares. Revejo-me cada vez menos na comunicação social portuguesa. Abro uma excepção para a RTP2, que melhorou substancialmente os seus conteúdos, e para o jornal “Expresso” que continua a ser, a longa distância de todos os outros, o melhor do país e um dos melhores do mundo.
Com as crises, o jornalismo sai sempre mais forte; mas é durante as crises que se vêem melhor os jornalistas que são os lenços de assoar dos políticos.
Nos últimos meses li uma dúzia de livros que me salvaram do coronavírus e da doença que se abateu sobre todos nós, principalmente sobre aqueles que, depois de três meses de confinamento, voltaram às ruas para mostrarem o seu ódio à civilização, e aqueles que, desde há séculos, lutam pelos ideais de justiça, liberdade e igualdade. Tenho um dos livros na cabeça para todos os momentos difíceis do dia-a-dia. É um livro biográfico de Ana Miranda sobre Gregório de Matos, de que já falei aqui. Não me contentei com a leitura e escrevi um longo texto para exercitar a minha capacidade de elogiar um escritor que dedica parte importante da sua vida a estudar a vida de outro, para depois se sentar a uma secretária durante quase outra vida a escrever a sua história. Dou valor a quem prescinde da praia, dos longos passeios e das longas sestas, para escrever, escrever, escrever até que a Obra-prima aconteça. “Musa Praguejadora” é uma Obra-prima da literatura em língua portuguesa, que não conta só uma boa parte da história de Gregório de Matos mas também da História de Portugual e do Brasil do século XVII, onde se incluiu o Padre António Vieira, contemporâneo e amigo de Gregório de Matos, e agora tão lembrado mais uma vez pelas piores razões, ele que será, depois de Luís de Camões, um dos que poderia dar nome ao Dia de Portugal.
Li e depois escrevi sobre “Musa Praguejadora” entre uma esplanada de Tomar e outra de Santarém, num fim de tarde em Torres Novas, no caminho para as piscinas onde passei bons momentos da minha adolescência, muitas vezes com o livro debaixo do braço sem o abrir ao longo do dia, mas confiante na boa companhia, e vivendo do que a memória ainda guardava da leitura dos dias anteriores. Não há melhor companhia que um bom livro, uma lição de vida em letras miudinhas, em que nos revemos, a nós e àqueles que marcam a nossa vida desde que temos memória, e também os lugares, e as épocas que nos antecederam, e parece que afinal ainda vivemos ou estamos a viver. JAE.
Sem comentários:
Enviar um comentário