Há meia dúzia de autores cujos livros compro por devoção à Obra. Tenho várias edições do mesmo livro só pelo prazer das novas capas ou das novas traduções ou da nova reunião da Obra. Raul de Carvalho, o autor de “Serenidade”, um poema único na literatura portuguesa, é um deles. Um dia destes encontrei uma edição baratíssima de “Mágico Novembro” e essa descoberta fez-me voltar a ler a sua poesia. Um dia, a mulher de Jorge de Sena, Mécia de Sena, disse-me numa conversa em família que o final de vida de Raul de Carvalho foi muito idêntico ao de um indigente. É um grande poeta literalmente fora das estantes das livrarias mas vale a pena procurá-lo nos alfarrabistas.
“Dias Comuns” é um diário de José Gomes Ferreira que vai no quinto volume. O diário só começou a ser publicado em 1990 mas percorre quase toda a sua vida. Este volume abarca o tempo de 1 de Junho a 22 de Setembro 1968. Está aqui tudo aquilo que um jovem que quer vencer na vida precisa de saber. Se não é jovem e acha que já sabe muito então também deve ler estes “Dias Comuns” escritos por um Homem e Escritor excepcional cuja generosidade nele não resultava “da naturalidade lógica de um laranjal dar laranja. Provinha apenas do seu receio de ser injusto”. Edição D. Quixote
“E se a morte dos valores te contende com os nervos toma um calmante”. “Escrever”, de Virgílio Ferreira, é um livro póstumo organizado por Hélder Godinho. Lê-se de uma penada e descobre-se o escritor mais polémico desta geração de grandes escritores que atravessaram o último meio século. Virgílio não se limitou a ser romancista. A sua “Conta Corrente” é dos diários mais polémicos escritos a seguir ao 25 de Abril. Este “Escrever” reúne textos que retratam imagens e situações sempre no limite. “Afirma com energia o disparate que quiseres e acabarás por encontrar quem acredite”. Edição Bertrand
Portugal era um país de poetas antes do 25 de Abril. Lembro-me de ver o “Correio do Ribatejo” e o “Vida Ribatejana” sempre com um canto de página dedicado aos poetas. A minha experiência na direcção deste jornal diz-me que os poetas acabaram ou então encheram-se de vergonha. Já não chegam versos pelo correio. É pena. Stephen King tem um livro que conta memórias de um ofício que é o melhor manual prático de escrita para qualquer romancista ou poeta em crise. Um curso de literatura em 250 páginas sem precisar de professor e podendo escolher as horas que melhor lhe convierem para aprender. Mas não julgue que vai ficar mestre no final da leitura. “Escrever ficção pode ser uma tarefa difícil e solitária; é como atravessar o atlântico numa banheira”. Edição Temas e Debates.
Se quiser sentir o efeito de um murro no estômago enquanto lê um livro tente encontrar nas livrarias um livrinho de Tahar Ben Jelloun “O Escrivão Público” que narra a violência da vida e a experiência da pobreza, numa sociedade dividida entre Ocidente e Oriente, entre tradição e modernidade. O autor nasceu em Fêz (Marrocos) mas vive em Paris há mais de quatro décadas.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
terça-feira, 21 de junho de 2011
Mula velha, advogados e mentalidades do século XVII
Vou ali a Berlim e já venho. Desculpem agora não posso falar estou no meio da civilização e aqui a rede é muito fraca e não ouço rien. Bom dia senhor presidente lamento mas não posso ajudá-lo o melhor é ligar para o seu gabinete de comunicação.
Adorava ter estatuto para chamar mula velha a um determinado político da nossa praça que acha que é cavalo lusitano mas não posso porque ainda não tenho vida para dizer vou ali a Berlim e já venho. Ai se eu conseguisse um dia chegar a vereador da Cultura de uma câmara municipal! De certo que outro galo cantaria e não andava nesta vida de escravo pior que cantoneiro de outros tempos que, agora, cantoneiro até é um trabalho mais ou menos e, que se saiba, não têm que aturar políticos nem trabalhar ao fim de semana ainda por cima a cheirar cus mal lavados.
Regra geral não me releio mas quando o faço acho que escrevo demasiado; podia dizer em meia dúzia de palavras aquilo que digo em três dúzias. Salazar tinha razão. Andar a chatear o António José Ganhão, o Paulo Caldas, o Moita Flores e o Sérgio Carrinho não facilita nada. Os jornais já nem servem para embrulhar sardinhas. Numa rádio local é que eu gostava de trabalhar: ali sim a gente nem sente que está a transpirar. E depois não é preciso muita gente para fazer bem o trabalho. Boa parte do trabalho já é bom de fazer e o resto é só abrir a boca e pôr música no ar.
Nos últimos tempos tenho aprendido muitas coisas novas com os advogados, os advogados da nossa praça para quem O MIRANTE já começa a ser uma fonte de rendimentos. Nesta altura damos trabalho a meio mundo tal é o número de processos que temos pela frente. Imaginem que ao cimo da terra portuguesa, este chão que nem precisa de adubo para dar de comer a tanto parasita, ainda há quem pense que existe uma justiça que nos pode obrigar a tratar alguém por Excelentíssimo Senhor Doutor antes de publicarmos o nome próprio num artigo de jornal. Realmente há coisas piores do que ser roubado ou agredido a murro porque sempre nos podemos defender e responder com as mesmas armas. Contra a ignorância não há remédio. E isto magoa mais do que nos chamarem filho da puta, ou cabrão, que ofensas leva-as o vento. Saber que vivemos num país miserável, onde ninguém paga o que deve e ainda se faz de parvo; onde vivem pessoas que têm a cabeça formatada para viverem no século XVII, faz um homem perder a cabeça e perguntar mas o que é que eu faço aqui se Berlim é já ali ao lado e as viagens de avião estão cada vez mais baratas?
Adorava ter estatuto para chamar mula velha a um determinado político da nossa praça que acha que é cavalo lusitano mas não posso porque ainda não tenho vida para dizer vou ali a Berlim e já venho. Ai se eu conseguisse um dia chegar a vereador da Cultura de uma câmara municipal! De certo que outro galo cantaria e não andava nesta vida de escravo pior que cantoneiro de outros tempos que, agora, cantoneiro até é um trabalho mais ou menos e, que se saiba, não têm que aturar políticos nem trabalhar ao fim de semana ainda por cima a cheirar cus mal lavados.
Regra geral não me releio mas quando o faço acho que escrevo demasiado; podia dizer em meia dúzia de palavras aquilo que digo em três dúzias. Salazar tinha razão. Andar a chatear o António José Ganhão, o Paulo Caldas, o Moita Flores e o Sérgio Carrinho não facilita nada. Os jornais já nem servem para embrulhar sardinhas. Numa rádio local é que eu gostava de trabalhar: ali sim a gente nem sente que está a transpirar. E depois não é preciso muita gente para fazer bem o trabalho. Boa parte do trabalho já é bom de fazer e o resto é só abrir a boca e pôr música no ar.
Nos últimos tempos tenho aprendido muitas coisas novas com os advogados, os advogados da nossa praça para quem O MIRANTE já começa a ser uma fonte de rendimentos. Nesta altura damos trabalho a meio mundo tal é o número de processos que temos pela frente. Imaginem que ao cimo da terra portuguesa, este chão que nem precisa de adubo para dar de comer a tanto parasita, ainda há quem pense que existe uma justiça que nos pode obrigar a tratar alguém por Excelentíssimo Senhor Doutor antes de publicarmos o nome próprio num artigo de jornal. Realmente há coisas piores do que ser roubado ou agredido a murro porque sempre nos podemos defender e responder com as mesmas armas. Contra a ignorância não há remédio. E isto magoa mais do que nos chamarem filho da puta, ou cabrão, que ofensas leva-as o vento. Saber que vivemos num país miserável, onde ninguém paga o que deve e ainda se faz de parvo; onde vivem pessoas que têm a cabeça formatada para viverem no século XVII, faz um homem perder a cabeça e perguntar mas o que é que eu faço aqui se Berlim é já ali ao lado e as viagens de avião estão cada vez mais baratas?
quarta-feira, 15 de junho de 2011
O fim de um ciclo
O discurso de derrota de Sócrates na noite das eleições é o retrato da maioria dos políticos do nosso regime. Depois de uma campanha eleitoral onde não se cansou de bater no ceguinho, repetindo até à exaustão aquilo que quase todos sabíamos que era mentira, Sócrates despediu-se com um sorriso dizendo que, agora, ia ter mais tempo para os filhos e para a sua vida de cidadão. Nada contra. Mas o orçamento de Estado para 2011, mais as medidas da Troika, que ele já andava a negociar, são as mais duras e penalizadoras de sempre para os portugueses que trabalham. A partir deste ano acabaram-se as devoluções com as despesas de saúde, da educação, da renda da casa, enfim, de todas as despesas que somos obrigados a fazer para não termos uma vida de indigentes.
Nunca ouvi um discurso de derrota tão satisfeito. Só os dirigentes comunistas mais os deputados do partido “Os Verdes”, o partido mais parasita que existe na sociedade portuguesa, foram capazes até agora de imitar Sócrates.
Um dia, numa viagem de trabalho, sentei-me ao lado do socialista José Lello que desancou no seu camarada Manuel Alegre como eu nunca tinha ouvido desancar num político. A conversa não era comigo mas admirador confesso do poeta e escritor saltei em sua defesa. A resposta não se fez esperar. Há mais de 30 anos que ele se senta nas bancadas da Assembleia da República e vive do sistema que tanto critica. E diga-me lá que é mentira, que ele não vive à sombra da bananeira, criticando aquilo em que ele é o maior especialista que é viver à custa do vencimento de deputado?
Manuel Alegre já não é deputado mas a recordação, que não é assim tão antiga, serve de catarse para os tempos que vivemos. Parece que agora é que isto vai mudar. Eu pago para ver. Só espero que valha a pena. Entretanto continuo admirador de Manuel Alegre, poeta e escritor, e muito pouco entusiasta do discurso redondo do ainda deputado José Lello.
Esta edição de O MIRANTE está a ser distribuída aos assinantes, na sua totalidade, pela empresa Pos Contacto. Completa-se assim um ciclo iniciado em Novembro de 2009 data em que começamos a saída do sistema do Porte Pago prescindindo dos apoios do Governo. O MIRANTE é o maior jornal regional português em tiragem e circulação. Em tempos idos fomos um dos maiores beneficiários do sistema. Como não dormimos em serviço não esperamos pelos tempos de crise e partimos para uma aventura que até agora está a resultar. Alguns colegas do sector, do Minho ao Algarve, que tanto criticaram a nossa postura no mercado, continuam presos às amarras dos apoios e estão calados que nem ratos à espera que o dinheiro estique. Beneficiaram dos apoios em igualdade de circunstâncias mas não cresceram, não investiram e não criaram condições para num futuro próximo viverem sem a mãozinha dos subsídios. JAE
Nunca ouvi um discurso de derrota tão satisfeito. Só os dirigentes comunistas mais os deputados do partido “Os Verdes”, o partido mais parasita que existe na sociedade portuguesa, foram capazes até agora de imitar Sócrates.
Um dia, numa viagem de trabalho, sentei-me ao lado do socialista José Lello que desancou no seu camarada Manuel Alegre como eu nunca tinha ouvido desancar num político. A conversa não era comigo mas admirador confesso do poeta e escritor saltei em sua defesa. A resposta não se fez esperar. Há mais de 30 anos que ele se senta nas bancadas da Assembleia da República e vive do sistema que tanto critica. E diga-me lá que é mentira, que ele não vive à sombra da bananeira, criticando aquilo em que ele é o maior especialista que é viver à custa do vencimento de deputado?
Manuel Alegre já não é deputado mas a recordação, que não é assim tão antiga, serve de catarse para os tempos que vivemos. Parece que agora é que isto vai mudar. Eu pago para ver. Só espero que valha a pena. Entretanto continuo admirador de Manuel Alegre, poeta e escritor, e muito pouco entusiasta do discurso redondo do ainda deputado José Lello.
Esta edição de O MIRANTE está a ser distribuída aos assinantes, na sua totalidade, pela empresa Pos Contacto. Completa-se assim um ciclo iniciado em Novembro de 2009 data em que começamos a saída do sistema do Porte Pago prescindindo dos apoios do Governo. O MIRANTE é o maior jornal regional português em tiragem e circulação. Em tempos idos fomos um dos maiores beneficiários do sistema. Como não dormimos em serviço não esperamos pelos tempos de crise e partimos para uma aventura que até agora está a resultar. Alguns colegas do sector, do Minho ao Algarve, que tanto criticaram a nossa postura no mercado, continuam presos às amarras dos apoios e estão calados que nem ratos à espera que o dinheiro estique. Beneficiaram dos apoios em igualdade de circunstâncias mas não cresceram, não investiram e não criaram condições para num futuro próximo viverem sem a mãozinha dos subsídios. JAE
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Um povo pobre e triste num país a saque
As autoridades não conseguem impedir o roubo de cobre que em alguns casos deixa populações inteiras sem luz como aconteceu recentemente no Tramagal. A EDP queixa-se de milhões de prejuízo e diz que não tem mãos a medir para repor os prejuízos causados pelos roubos.
Os assaltos a ourivesarias, estações de correio, bancos, bombas de gasolina, supermercados e casas particulares, têm vindo a aumentar de forma assustadora. Falta pouco para que Portugal seja um país a saque, quero dizer, um território de pilha galinhas já que o desgoverno e as necessidades dos gatunos um dia destes também levarão alguns a entrarem em lojinhas de esquina e, é mais do que certo, nos galinheiros dos vizinhos. Os roubos nos campos agrícolas da região estão por contabilizar nomeadamente ao nível de motores de rega e alfaias. Tudo porque os agricultores já desistiram de apresentar queixa nas autoridades por saberem que é tempo perdido.
Enquanto vai crescendo esta onda de assaltos que ninguém sabe ainda no que vai dar, a PSP e a GNR têm falta de efectivos, a maioria dos agentes trabalham horas infinitas como escravos dentro dos quartéis, e quando saem para a rua é para multarem os cidadãos que andam na estrada e pisam o risco ou deixam o carro mal estacionado.
Facturar, facturar, facturar parece a palavra de ordem do ministro da Administração Interna para as chefias da PSP e da GNR. Operações stop diárias, a horas desencontradas, à entrada das vilas e das cidades, resolviam uma boa parte deste problema dos assaltos, já que os gatunos passeiam por aí em carros roubados, com as malas das viaturas cheias de armas. Não estamos na América de verdade mas neste capítulo parece que sim: o território é tão grande para as forças da Ordem que vê-los na estrada a trabalhar é mais difícil que encontrar golfinhos no rio Tejo.
O que revolta é ver os políticos a pedirem o voto aos portugueses quando não fazem nada pela sua segurança. Há milhares de pessoas fechadas em casa a sete chaves com medo de saírem à rua depois do sol-posto. Somos um povo pobre e triste, que ainda veste de preto, da cabeça aos pés, com receio dos deuses no alívio do luto. E para que tudo seja perfeito para quem vive da desgraça dos outros as forças policiais não têm meios para saírem para a rua e garantirem a nossa segurança. Somos um povo triste por causa do passado negro que ainda nos persegue e, no futuro, seremos tristes por causa daqueles que herdaram por nós os valores da democracia. JAE
Os assaltos a ourivesarias, estações de correio, bancos, bombas de gasolina, supermercados e casas particulares, têm vindo a aumentar de forma assustadora. Falta pouco para que Portugal seja um país a saque, quero dizer, um território de pilha galinhas já que o desgoverno e as necessidades dos gatunos um dia destes também levarão alguns a entrarem em lojinhas de esquina e, é mais do que certo, nos galinheiros dos vizinhos. Os roubos nos campos agrícolas da região estão por contabilizar nomeadamente ao nível de motores de rega e alfaias. Tudo porque os agricultores já desistiram de apresentar queixa nas autoridades por saberem que é tempo perdido.
Enquanto vai crescendo esta onda de assaltos que ninguém sabe ainda no que vai dar, a PSP e a GNR têm falta de efectivos, a maioria dos agentes trabalham horas infinitas como escravos dentro dos quartéis, e quando saem para a rua é para multarem os cidadãos que andam na estrada e pisam o risco ou deixam o carro mal estacionado.
Facturar, facturar, facturar parece a palavra de ordem do ministro da Administração Interna para as chefias da PSP e da GNR. Operações stop diárias, a horas desencontradas, à entrada das vilas e das cidades, resolviam uma boa parte deste problema dos assaltos, já que os gatunos passeiam por aí em carros roubados, com as malas das viaturas cheias de armas. Não estamos na América de verdade mas neste capítulo parece que sim: o território é tão grande para as forças da Ordem que vê-los na estrada a trabalhar é mais difícil que encontrar golfinhos no rio Tejo.
O que revolta é ver os políticos a pedirem o voto aos portugueses quando não fazem nada pela sua segurança. Há milhares de pessoas fechadas em casa a sete chaves com medo de saírem à rua depois do sol-posto. Somos um povo pobre e triste, que ainda veste de preto, da cabeça aos pés, com receio dos deuses no alívio do luto. E para que tudo seja perfeito para quem vive da desgraça dos outros as forças policiais não têm meios para saírem para a rua e garantirem a nossa segurança. Somos um povo triste por causa do passado negro que ainda nos persegue e, no futuro, seremos tristes por causa daqueles que herdaram por nós os valores da democracia. JAE
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Cornadas e beijinhos
Há um tempo escrevi uma carta aberta neste jornal a uma senhora chamada Idália Moniz, que ainda está Secretária de Estado, a propósito de um caso relacionado com uma família em dificuldades. Cerca de 24 horas antes de publicar a carta no jornal resolvi enviá-la para o seu email por uma questão de cortesia e de respeito. A resposta imediata que obtive foram dois direitos de resposta que eram pura propaganda às políticas do seu Governo. No essencial a governante mandou bugiar os bons costumes e deu-me a resposta que eu, provavelmente, merecia. Quem te manda a ti ó sapateiro ires além da chinela foi o que eu pensei de mim próprio tentando não me castigar mais do que a conta.
Passaram muitos meses depois desta desconsideração. Há umas semanas, num lugar público, a senhora viu-me a conversar com uma pessoa conhecida, bateu com os olhos nos meus e disse alto de forma a que eu ouvisse: deixa-me lá ir aqui cumprimentar estes senhores e, com dois passos na lateral, aproximou-se de mim e encostou por duas vezes a sua cara na minha como é hábito fazer-se quando se cumprimenta com dois beijos.
Confesso a fraqueza; não tive aquilo que caracteriza um Homem para a mandar beijar o primo dela, que também deve ser político, e pedir-lhe mais respeitinho numa próxima vez que finja ser parola no relacionamento comigo.
Esta gente da política, regra geral, está habituada a dizer uma coisa pela frente e outra pelas costas; hoje é beijinhos amanhã são cornadas; hoje discutem a fingir e amanhã fingem que discutem; num dia falam a sério sobre coisas a brincar e no outro dia falam a brincar sobre coisas sérias; para as luzes das televisões arrufam; nos sofás das casas uns dos outros consolam-se e trocam piropos.
Há pessoas que dão muita importância aos cargos que ocupam e julgam que transpiram dignidade por estarem protegidas por um escudo invisível. Eu abomino as pessoas tacanhas da política; desprezo os políticos inaptos que usam o poder para se promoverem; fico pálido com os políticos obtusos que acham que somos todos uns parvinhos por sermos do povo e não frequentarmos o São Carlos. Só tenho uma forma de me vingar: falar deles pelos nomes próprios e esperar que ganhem vergonha.
Domingo há eleições. Vamos votar, outra vez, mais nos partidos do que nas pessoas. Mais de três décadas depois do 25 de Abril Portugal continua a ser governado por gente menor e pouco habituada a prestar serviço público.
Os Partidos são precisos à democracia mas as pessoas são muito mais importantes que os partidos. Aliás, o tema da minha crónica desta semana não me deixa mentir: Idália Moniz apresenta-se como empresária no seu currículo mas eu gostava de saber que negócios eram os dela quando veio para a política. A verdade verdadinha é que há pessoas que nunca tiveram uma profissão.
O resto são cantigas!
Passaram muitos meses depois desta desconsideração. Há umas semanas, num lugar público, a senhora viu-me a conversar com uma pessoa conhecida, bateu com os olhos nos meus e disse alto de forma a que eu ouvisse: deixa-me lá ir aqui cumprimentar estes senhores e, com dois passos na lateral, aproximou-se de mim e encostou por duas vezes a sua cara na minha como é hábito fazer-se quando se cumprimenta com dois beijos.
Confesso a fraqueza; não tive aquilo que caracteriza um Homem para a mandar beijar o primo dela, que também deve ser político, e pedir-lhe mais respeitinho numa próxima vez que finja ser parola no relacionamento comigo.
Esta gente da política, regra geral, está habituada a dizer uma coisa pela frente e outra pelas costas; hoje é beijinhos amanhã são cornadas; hoje discutem a fingir e amanhã fingem que discutem; num dia falam a sério sobre coisas a brincar e no outro dia falam a brincar sobre coisas sérias; para as luzes das televisões arrufam; nos sofás das casas uns dos outros consolam-se e trocam piropos.
Há pessoas que dão muita importância aos cargos que ocupam e julgam que transpiram dignidade por estarem protegidas por um escudo invisível. Eu abomino as pessoas tacanhas da política; desprezo os políticos inaptos que usam o poder para se promoverem; fico pálido com os políticos obtusos que acham que somos todos uns parvinhos por sermos do povo e não frequentarmos o São Carlos. Só tenho uma forma de me vingar: falar deles pelos nomes próprios e esperar que ganhem vergonha.
Domingo há eleições. Vamos votar, outra vez, mais nos partidos do que nas pessoas. Mais de três décadas depois do 25 de Abril Portugal continua a ser governado por gente menor e pouco habituada a prestar serviço público.
Os Partidos são precisos à democracia mas as pessoas são muito mais importantes que os partidos. Aliás, o tema da minha crónica desta semana não me deixa mentir: Idália Moniz apresenta-se como empresária no seu currículo mas eu gostava de saber que negócios eram os dela quando veio para a política. A verdade verdadinha é que há pessoas que nunca tiveram uma profissão.
O resto são cantigas!
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