quarta-feira, 29 de maio de 2013

O anonimato ontem e hoje

Há cerca de 20 anos, quando éramos dois gatos pingados a escreverem neste jornal, recebemos durante quase dois anos cartas anónimas que procuravam ofender e caluniar. Pelo tipo de letra e pelas mensagens era fácil perceber que eram escritas sempre pela mesma pessoa. Na altura gostava de abrir o correio e, por causa disso, mudei de hábitos. Dei o correio a uma jovem colaboradora e dei-lhe ainda indicações para rasgar todas as cartas que chegassem sem remetente e fossem reconhecidas como da família das anónimas.
Quando ela se despediu para ir à sua vida, e antes de contratarmos outra pessoa para o seu lugar, arrumámos o espaço e a secretária. No fundo das gavetas estavam arrumadas várias cartas com datas recentes prova de que ela continuava a deliciar-se com as atordoadas que chegavam pelo correio onde eu deveria continuar a ser o bombo da festa. A história diverte-me mas não acaba aqui. Hoje, com as modernices, há gente que escreve para a caixa de comentários de O MIRANTE com endereços utilizando o meu nome e somente com a finalidade de me chamarem os nomes que regra geral compõe o dicionário do melhor calão português. Não leio mas vou sendo informado de tempos a tempos e continuo a divertir-me sabendo que há gente que ainda acha que o anonimato é uma força da natureza humana. É sim senhor; quando as pessoas fazem o bem e não precisam de reconhecimento. Quando querem criticar e não têm coragem de dar a cara, o anonimato, tratado nas grandes organizações como é a nossa, serve como lição para aprendermos a trabalhar mais e melhor sem concessões e sem medo de dar o peito às balas. JAE

Sem comentários:

Enviar um comentário