Na passada terça-feira fui comemorar o Dia da Imprensa no interior de um barco cruzeiro atracado em Lisboa. Éramos a meia centena de sempre. A diferença em relação há 20 anos é que agora estamos mais velhos e mais pobres; somos figuras secundárias e pouco recomendáveis. Os verdadeiros patrões da Comunicação Social já não cultivam o associativismo; fazem política, são igualmente políticos ou, nalguns casos, compram os políticos.
A actividade associativa continua mas é só para inglês ver. Na terça-feira lá estive eu outra vez a comemorar o Dia da Imprensa ao lado de algumas pessoas que trabalham em jornais como podiam trabalhar na indústria de aviários.
Tive pena de não ter ficado para o almoço. Deve ter sido agradável. Estavam lá os administradores de jornais que mais perderam leitores e dinheiro nos últimos anos. Entretanto a conversa foi a mesma de sempre. Ouvimos falar sobre o sexo dos anjos porque se falássemos dos nossos assuntos e dos problemas no sector o barco afundava-se e era uma tragédia.
O país que somos está espelhado em dois assuntos que publicamos nesta edição e que contam dois crimes: o de uma cidadã brasileira que está acusada de ter assassinado os dois filhos e o da senhora presidente da Junta de Freguesia de Pernes que foi condenada a três anos de prisão.
A nossa condição de batráquios obriga-nos a ficar em silêncio perante o estado da nossa Justiça. Enjaulados é como estamos nas mãos de alguns políticos, juízes e meia dúzia de ricaços que, sem dó nem piedade, metem-nos o dedo no buraco que temos ao fundo das costas. JAE
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