O nosso tempo de vida nunca devia ultrapassar o tempo de muita saúde, física e mental. Nunca deveríamos viver para além dos nossos limites físicos e intelectuais. Andar por aí em hospitais, centros de saúde e lares de idosos é pior que ser crucificado. Quem não acredita que espere para ver. Cristo foi um sortudo: morreu na cruz cheio de fé e não na cama de um hospital ou de um lar de idosos, vítima de uma bactéria hospitalar ou de um medicamento receitado por engano ou erro no diagnóstico. Por mim não tenho dúvidas que vale mais morrer cheio de chagas, lutando por um ideal, que num hospital vítima de uma bactéria, de um erro médico ou da falência dos órgãos vitais.
O que se passa actualmente no Hospital de Santarém, e tem vindo a ser notícia em O MIRANTE, só é possível porque a sua administração foi incompetente para lutar pelos interesses da instituição e dos doentes. Saúdam-se os membros da nova administração e espera-se uma nova postura na relação com as forças vivas da região. Está na cara que a falta de solução política para o Hospital de Santarém só é possível por falta de uma voz forte que nos proteja e defenda dos chacais da política que nos tratam como números.
Anda por aí um frenesim de angústias por causa da crise dos jornais em papel. Os tempos são de mudanças e quem sempre viveu à sombra da bananeira certamente que vai ficar pelo caminho, caindo hoje aqui, amanhã acolá, até ao dia do trambolhão final.
A imprensa nacional, local e regional, caiu a pique na última década. Vai ser caso de estudo daqui a muitos anos quando estiver completa esta fase de conflito entre o digital e o papel. Os leitores que vão desprezando os jornais em papel fazem-no não pela ascensão das redes sociais mas pelo facto de já não haver no papel nada que os motive a comprar o jornal.
Não se pode enganar o mercado uma vida inteira. As empresas editoras, como todas as empresas importantes no mercado, têm que ter um modelo de negócio, o produto tem que ter qualidade, é preciso conhecer as preocupações e necessidades dos consumidores, não se pode continuar a massificar um produto sabendo que ele não interessa às massas mas sim a um público específico e devidamente referenciado.
Há duas décadas algumas notícias de O MIRANTE, importantes em certas comunidades, eram fotocopiadas e coladas nas árvores. Os padres falavam de certas notícias na missa respondendo às dúvidas dos paroquianos que não sabiam interpretar algumas informações. Só passaram alguns anos mas com o advento das redes sociais já tudo se discute e informa online. Parece que falamos de questões do tempo das cavernas mas de verdade falamos dos nossos tempos.
Prestar serviço público e lutar por um jornalismo de qualidade não depende só dos jornalistas; depende muito das equipas que lhes dão a responsabilidade de apresentarem trabalho que vá ao encontro das necessidades da audiência do jornal, que não sejam entrevistas, reportagens e notícias sem conteúdo critico, que vendam gato por lebre.
Esta discussão dá pano para mangas e segue dentro de momentos, aqui ou numa qualquer página das redes sociais. O jornalismo de verdade só nas Redacções onde trabalham bons e experientes profissionais. JAE
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