O Governo português tem milhões prometidos para os empresários mas tudo indica que o dinheiro não vai chegar e se chegar vai ser tarde demais.
A grande maioria dos governos da Europa (Alemanha e França dão o exemplo) está a disponibilizar créditos aos empresários e às empresas que vão sofrer com o impacto da pandemia provocada pelo coronavírus. Se o vírus continuar a ameaçar a saúde dos portugueses até Maio/Junho, o que já é um cenário animador, há empresas que vão pagar salários durante pelo menos quatro meses sem que obtenham quaisquer receitas da sua actividade. Se tivermos em conta que uma boa parte das pequenas e médias empresas vivem com dificuldades de tesouraria, e sofrem as dificuldades de financiamento, é mais que certo que muitas delas vão acabar na falência. Certamente que a médio prazo voltarão a nascer outras empresas mas, até lá, ficam pelo caminho muitos empregos e a segurança e bem-estar de muitas famílias. Os empresários vão passar um mau bocado porque perdem os seus investimentos e, como é norma, vão ficar endividados e a contas com a banca, o fisco e os fornecedores que são sempre os que sofrem a maior pancada, nomeadamente quando são eles próprios também pequenas e médias empresas que ficam sem as receitas da sua actividade. Para usarmos uma expressão popular, que se ajusta bem à realidade, vai ser assim como a pescadinha de rabo na boca: o processo não acaba bem nem para quem comprou nem para quem não consegue pagar o que lhe foi facturado. Já sabemos que, ao Estado, todos vão ter que pagar, mais tarde ou mais cedo, nem que seja entregando o esqueleto.
No sítio do IAPMEI (organismo do Estado que apoia as empresas) está anunciado desde terça-feira, 16 de Março, uma verba de 200 milhões de euros destinadas a apoiar as empresas que estejam a sofrer o efeito do surto. Mas, como é habitual em Portugal, as empresas só se podem candidatar daqui a dois meses fazendo prova do prejuízo, não podem ter dívidas ao Estado e outros quejandos que anulam qualquer oportunidade de apoio.
No dia em que escrevo esta crónica vi dois sinais da CIP e da Nersant preocupadas a pedirem ao Governo que não esqueça as dificuldades das empresas e dos empresários. O Governo não tem mãos a medir para acudir à saúde pública e, aparentemente, tem gerido bem o processo embora só esta quarta-feira tenha acertado com Espanha o encerramento das fronteiras. Entretanto o ministro da Economia desapareceu e aparentemente está de quarentena. E os empresários, nomeadamente os pequenos empresários, só podem estar a trabalhar no duro, fazendo das tripas coração, porque ninguém confia nos políticos nem nos burocratas que trabalham para o Estado.
NOTA IMPORTANTE. O dia de quarta-feira (dia do fecho desta edição que vai para a gráfica aos 11-30h) começou com uma conferência de imprensa dos Ministros das Finanças e da Economia a prometerem ajudas aos empresários. Nada do que disseram contraria o pessimismo desta crónica. Prometo voltar ao assunto e explicar as razões porque não reescrevi o texto. JAE.
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