Estamos em tempo de pandemia mas a vida não pára. À falta de autarcas do PCP, que dantes eram a referência do contrapoder, fica aqui um elogio aos dirigentes do Bloco de Esquerda.
Durante muitos anos um conhecido empresário da região, ainda vivo, felizmente, quando ligava para o jornal à minha procura mandava passar a chamada para o "comunista" e, em vez de perguntar se era de O MIRANTE, perguntava se era do Avante. Aparentemente a sua opinião a meu respeito, e a respeito do jornal, devia-se ao nosso trabalho editorial que ele achava ao serviço dos comunistas. Não era para ter graça; acho que ele pensava mesmo que eu, e o jornal, só existíamos para servir a causa comunista. Como o PCP está a ficar sem representação autárquica na região começo a ter saudades dos telefonemas deste meu amigo. Com o trabalho dos eleitos do Bloco de Esquerda (BE) na região de abrangência de O MIRANTE, e o quanto eles contribuem para o trabalho dos jornalistas da redacção, acho que a sua opinião sobre mim e sobre o jornal deve ter piorado.
Em Vila Franca de Xira só o BE é que consegue entalar os dirigentes do Futebol Clube de Alverca que fazem gato-sapato dos políticos locais e, quando lhes apetece, também dos dirigentes das várias secções, usando a lei da rolha; em Torres Novas, enquanto António Rodrigues disputa o poder dos seus camaradas, agora também de forma privilegiada como vice-presidente da NERSANT, só o BE se faz ouvir para nos lembrarmos que há outros combates a travar para além da luta de galos; em Abrantes, onde já nada é como dantes, mesmo assim só há animação política quando o BE fala mais alto.
Definitivamente o BE não é o meu partido preferido, por muitas razões mas acima de tudo por ser contra a Europa e eu ser um europeísta convicto. De verdade isso não impede que eu esteja aqui a realçar o bom trabalho dos seus vereadores e dirigentes; principalmente por que nas autarquias, onde é preciso fazer oposição, para que a democracia não seja só uma palavra bonita, eles são os melhores a fazerem a diferença. O elogio tem uma volta na ponta: já fomos vítimas do terrorismo grafiteiro de alguns militantes do BE mas posso jurar que essa atitude ainda hoje nos causa orgulho, e satisfação, e muito nos honra o trabalho editorial.
Esta semana recebi uma mensagem no telemóvel a informar que Ricardo Gonçalves tinha cortado as bolas do Rui Barreiro no Largo do Seminário. Se era para ter graça… nem reparei. O Largo do Seminário é o espelho da má gestão de Rui Barreiro enquanto foi autarca com responsabilidades mas também, neste caso, é só um pequeno pormenor da sua falta de jeitinho para governar a coisa pública. Só quem é cego é que não vê, e não percebe, que a circulação dentro da cidade, principalmente onde se gastou mais dinheiro, parece uma obra dos tempos da antiga União Soviética. Rui Barreiro acabou com o PS em Santarém e os seus camaradas continuam a escondê-lo como se ele tivesse sido um aborto. Fica a sugestão para que, já de seguida, o busto de Guilherme de Azevedo regresse ao seu lugar sem as inscrições pornográficas que Rui Barreiro mandou escrever na pedra.
Vivemos um tempo danado com a pandemia; a chegada das vacinas, e as polémicas que todos os dias abrem os noticiários, são o espelho do país e da classe dirigente. A pouca vergonha instalou-se e as televisões não falam de outra coisa. Enquanto durar o circo nunca mais vamos saber como é que é possível os alegados crimes por corrupção do ex-ministro Manuel Pinho poderem prescrever só por ter havido uma vitória da defesa num recurso no Tribunal Constitucional onde o processo está há mais de um ano. Quem ainda fala do assunto diz que é mais que certo que o processo vai mesmo prescrever. E este caso é só a ponta do icebergue. JAE
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