A nossa vida é cheia de fracassos e de oportunidades perdidas. Por cada instante de felicidade batemos cem vezes com a cabeça na parede. Por cada noite bem dormida acordamos mil vezes a meio da noite. Sou dos que colecciona fracassos como alguns juntam dinheiro. Tenho um álbum cheio de más recordações como muitas famílias têm gavetas cheias de fotos das crianças, das férias, das viagens, dos casamentos e baptizados.
De fracasso em fracasso vou vivendo e também festejando, quando o rei faz anos, a alegria de algumas pequenas mas significativas felicidades que no entanto podem durar apenas alguns minutos ou segundos.
Um dia viajei atrás de um sonho para conhecer um dos maiores fracassos da minha vida. Meti na cabeça que conhecia a pessoa ideal para realizar um projecto de trabalho e fui estrada fora, noites e dias, até conseguir encontrar-me com o figurão que é dono deste mundo e do outro, tem asas nos braços e umas pernas tão altas que dão para atravessar o Atlântico com uma passada. Quando chegou a hora de me sentar à volta de uma mesa para comer filet mignon e depois fazer a digestão da comida e de todas as palavras que levava no bucho, pesadas e afiadas como pedras na vesícula, falei, falei, falei até me doerem os queixos. A primeira vez que me calei foi para ouvir: “Joaquim, já me deste meia dúzia de boas ideias; só para ouvir tudo isso que partilhaste já valeu a pena o nosso almoço, é um êxito essa tua ideia. Não a contes a mais ninguém por agora que eu quero pensar no assunto”. Foi até hoje. Saí de casa para ir à caça de elefantes e fui caçado feito um coelho. JAE
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