Uma pesquisa recente no arquivo digital de O MIRANTE levou-me a reler a história triste de Nelson Pita, de Foros de Salvaterra de Magos, que depois de uma tentativa frustrada para roubar dinheiro da agência do banco Millennium, em Samora Correia, foi condenado, meses depois do assalto à mão armada, a mais de sete anos de cadeia. Não soube mais nada da vida de Nelson Pita, nem sei se o assaltante, ou a sua pobre família, conseguiram resolver, sem armas, os problemas financeiros que o levaram à loucura. O que sei, e dou conta disso porque acho espectacular que certas coisas ainda aconteçam sem que a justiça funcione, é que é muito mais fácil roubar um banco pedindo dinheiro emprestado que imitando o cidadão de Foros de Salvaterra.
Há largos anos que a imprensa portuguesa noticia os inúmeros esquemas com que a classe mais rica do país se financiava, e provavelmente ainda se financia, para comprar acções na Bolsa, participar no aumento de capital de empresas ou investir em várias frentes dos negócios à portuguesa. Há administradores bancários que assinaram de cruz alguns desses empréstimos chorudos e a taxas de juro irrisórias dando como aval apenas, e só, o próprio investimento, como se emprestador e beneficiário fossem da mesma família e comessem todos os dias à mesma mesa.
A notícia de O MIRANTE sobre o assalto frustrado de Nelson Pita acaba a informar que este teria apanhado mais anos de cadeia se não tivesse negociado com o banco o pagamento de 1265 euros para compensar os estragos no tecto do edifício da agência bancária. Falta saber se a justiça portuguesa anda a negociar com os ditos administradores bancários o quanto eles têm que pagar de indemnizações antes de os meterem na cadeia como fizeram com Nelson Pita. JAE
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