quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Joaquim Sousa Gomes: um socialista que deixa saudades

A última vez que vi Sousa Gomes foi à entrada do Tribunal de Santarém, em passo de corrida, amparado como é evidente, directo a uma sala onde decorria o julgamento que foi notícia noutras edições recentes de O MIRANTE.
Uns dias antes tinha falado com ele numa amena cavaqueira sentado numa mesa de um café de Almeirim, roubando à manhã de trabalho a mais proveitosa das conversas que tive nos últimos tempos com alguém que tinha coisas sábias para me dizer e eu não sabia.
Vou guardar para mim a conversa e os desabafos que o ex-autarca de Almeirim me fez, numa conversa que atestou a confiança pessoal que sempre teve na minha pessoa e a frontalidade de alguns desabafos que só eram justificados pelo seu estado de saúde e pela imensa solidão que o abalava.
Não recupero as palavras da minha última crónica sobre Sousa Gomes, por vergonha, e por saber que desta vida ninguém sai glorioso. Está escrito que vamos pagar caro o bem que fizemos; que mais tarde ou mais cedo vamos morrer engasgados com aquilo que se atravessava na nossa garganta e que não tivemos coragem de cuspir da boca para fora.
No dia da morte de José Joaquim Sousa Gomes confirmo que ele era um Homem bom; com carácter; que me telefonou algumas vezes chateado com algumas notícias mas que nunca me ameaçou por eu escrever o que ele nem sempre gostava.
O Partido Socialista perdeu um dos seus melhores dirigentes. Este foi daqueles homens que fez o seu trabalho e morreu. Não deixou o Poder para de seguida esmolar um cargo de executivo numa qualquer empresa municipal ou do Estado. Nos últimos tempos as coisas não lhe correram bem mas não se passou nada que abalasse o seu prestígio, a sua idoneidade e a firmeza do seu carácter.
JAE

Comentário à noticia: http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=740&id=114422&idSeccao=13488&Action=noticia#.VqC36lLznuM

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