A história de O MIRANTE é a história de uma terra, de uma região e de um povo; com muitas e variadas leituras, com muitas e variadas cores, com grandes e extensas lacunas, omissões, erros, falhanços, mas também alegrias, missões impossíveis, lições de vida, serviço público e dever cumprido.
O MIRANTE comemorou 33 anos a 16 de Novembro; deve parecer uma eternidade para quem tem 18 anos; talvez um sopro do vento para quem já passou dos 70 ou dos 80 anos; para alguns de nós pode ser apenas um número se olharmos os anos que passam como simples elementos da nossa vida.
“Não podendo fundir totalmente a sua vida com a existência das coisas, o poeta cria um objecto em que as coisas lhe parecem transformadas em existência sua.
Não podendo fundir-se com o mar e com o vento, cria um poema onde as palavras são simultaneamente palavras, mar e vento.
A finalidade do poeta não é acrescentar objectos à natureza. O mundo não precisa nem de retratos que o repitam nem de ornamentos que o enfeitem.
O poema aparece porque é necessário à existência do poeta. É por isso que Rilke diz que o único julgamento duma obra de arte está na sua origem.
Nenhum sistema de filosofia, nenhum tratado de estética, pode ensinar a distinguir um poema verdadeiro dum falso poema. Sabemos da poesia que ela é uma necessidade mas que não é uma necessidade geral. Como necessidade, sabemos que ela é uma necessidade elementar e não uma necessidade secundária.
De facto, um homem que precisa de poesia precisa dela, não para ornamentar a sua vida, mas sim para viver. Precisa dela como precisa de comer ou de beber. Precisa dela como condição de vida, sem a qual tudo é apenas marginal e cinza morta”.
Recorro às palavras de Sophia de Mello Breyner, retiradas de um texto publicado em 1960, para marcar a crónica que coincide com a data de mais um aniversário do jornal.
Assim como um poema é noventa por cento de labor e dez por cento de inspiração, mais coisa menos coisa, uma ideia, um trabalho, ou lá o que fazemos todos os dias, o que nos liga ao mundo é sempre o selo da aliança com as coisas.
A história de O MIRANTE é a história de uma terra, de uma região e de um povo; com muitas e variadas leituras, com muitas e variadas cores, com grandes e extensas lacunas, omissões, erros, falhanços, mas também alegrias, missões impossíveis, lições de vida, serviço público e dever cumprido.
Nunca seremos mais do que aquilo que os leitores e os anunciantes quiserem que sejamos. Em 33 anos sempre acrescentamos valor ao valor; basta conferir a edição que temos na mão, uma das mais participadas de sempre a nível editorial e comercial.
Só os governos do país, e os apaniguados dos governantes que se escondem como ratos nos gabinetes de Lisboa, desconhecem que há uma força e uma urgência no interior do território que eles nunca conseguirão extinguir; nem vencer pelo boicote e pelo desprezo com que nos tratam. E é certo que um dia vão ter que ceder; é certo que um dia vão ter que ser mais justos para quem vive longe do Terreiro do Paço, da linha de Sintra, dos corredores do Poder, onde se distribuem as prebendas e quase todos são filhos de Deus; e os que não são depressa aprendem a viver debaixo das saias do Senhor.
Raios partam aqueles que só estão bem com o mal dos outros. JAE.
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