A última edição de O MIRANTE tem matéria que desafia os autarcas e os empresários ribatejanos a fazerem pela vida em vez do habitual rol de queixinhas.
Li a última edição de O MIRANTE em Braga onde fui almoçar a casa de um amigo de há muitos anos. Foi lá que tomei boa nota de uma das manchetes da primeira página retirada de uma entrevista com António Ramalho, que tem pano para mangas e, como é referido, mete o dedo na ferida. Santarém é uma cidade onde dá gosto viver: estamos à beira do rio Tejo, a meia centena de quilómetros do mar, a meia hora de Lisboa, entre a Lezíria, o Bairro e a Charneca. Vivemos num território onde as oportunidades de negócio crescem todos os dias, embora muito lentamente para o que precisamos e merecemos. Curiosamente, a edição onde publicamos as questões pertinentes levantadas por António Ramalho é a mesma onde o novo presidente da CCDR Alentejo, Ceia da Silva, avisa os autarcas ribatejanos para a necessidade de se unirem em vez de andarem a chorar lágrimas de crocodilo por verem o nosso território ficar de fora dos grandes investimentos do Governo para a próxima década; Ceia da Silva sabe do que fala porque conhece bem os autarcas e o território. Os seus recados não podem cair em saco roto. Os autarcas sérios e esclarecidos têm que meter a boca no trombone e envergonhar os colegas preguiçosos e incapazes. Não é sério entregar uma associação de municípios a um tipo que é presidente da Câmara da Chamusca, depois de dizerem à boca cheia que ele é incapaz, incompetente e analfabeto político. Não é sério nem ajuda nada a que a região se emancipe e tenha uma voz credível e reivindicativa junto do Governo. As desculpas esfarrapadas que dividem os autarcas que sabem da poda dos autarcas medíocres são conhecidas nos bastidores dos órgãos de decisão. Hoje ninguém faz vida política, ou pode fazer política, com um saco enfiado na cabeça para passar despercebido.
Na mesma edição onde António Ramalho e Ceia da Silva põem o dedo na ferida o presidente da Nersant assume que os empresários têm que entrar na gestão dos Politécnicos para influenciarem a sua gestão, numa crítica pouco habitual aos dirigentes das escolas que, muitas vezes, navegam em águas paradas e são reféns de boicotes internos como é o caso conhecido do Politécnico de Santarém.
Veremos se as críticas de Domingos Chambel, que se estendem ao trabalho do Instituto de Emprego e Formação Profissional e ao Governo, não são só fogo-de-artifício. Todos sabemos que os empresários estão ainda mais mal organizados em associação que os autarcas e que o tempo que vivemos é cada vez mais o tempo de falências e de desgraça para a grande maioria das pequenas e médias empresas que representam 90% da economia portuguesa. O Governo tem dinheiro para os grandes empresários nas políticas de apoio à pandemia mas para os pequenos fecha-lhes a porta, e agora também o postigo, o que é de bradar aos céus.
Uma última nota, embora possa ser o assunto mais importante da edição: algumas autarquias não conseguem empresas interessadas nos concursos públicos para obras imprescindíveis para o êxito dos seus mandatos e fundamentais para gastarem as verbas dos fundos comunitários. O mundo mudou muito nos últimos anos, nomeadamente ao nível do emprego e do mercado de trabalho, mas muitos dos nossos políticos continuam a viver no tempo, e no templo, das cigarras. JAE.
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