quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Todos os dias ficamos um bocadinho mais pobres

 

Onde é que podemos ler, ou ouvir, um deputado da região a fazer ‘mea culpa’ ou a mobilizar os seus camaradas para que esta sangria no interior do país continue a este ritmo? E os autarcas que perdem 15 por cento da população em 10 anos onde é que vão fazer transfusões de sangue para andarem por aí sem se revoltarem e deitarem mãos à cabeça?

Saiu recentemente uma notícia a dar conta que as crianças já passam mais horas a jogar do que a dormir. Não admira. A internet veio revolucionar as nossas formas de vida.

Nas últimas duas semanas estive em tele-trabalho numa ilha da Grécia. Depois de ter apanhado o espírito do lugar comecei a trabalhar online nos meus projectos pessoais e profissionais como uma criança de volta dos jogos. Mal dava por mim já tinha passado a manhã. Saía de casa a correr para dar um mergulho e, a meio da tarde, quando o calor apertava, lá estava eu outra vez no ar condicionado a trabalhar doidinho pelos resultados que consigo alcançar depois de aprender a mexer em algumas ferramentas que ainda há pouco tempo considerava inacessíveis.

Com a mota à porta, o frigorífico cheio, 40 graus à sombra, o tradutor do telemóvel a provar que já sou um expert em língua inglesa, criei uma ilha dentro da ilha para onde voei que me rejuvenesceu alguns anos.

Foi lá que li a notícia dos resultados dos Censos, que é uma desgraça para todos nós, que não vendemos tudo o que temos nas nossas aldeias e vamos investir para o litoral. Os espertalhões que governam algumas das nossas autarquias não percebem que o absentismo deles é a nossa ruína. Todos os dias ficamos mais pobres com a desvalorização do nosso património (quem ainda tem alguma coisa de seu, como a casa da família, por exemplo), o fecho das colectividades, a falta de médicos, de policiamento, enfim, a falta de massa crítica para o desenvolvimento sócio-económico e cultural das nossas terras. E, acima de tudo, a oportunidade de darmos alternativas de vida aos nossos filhos e netos.

Onde é que podemos ler, ou ouvir, um deputado da região a fazer ‘mea culpa’ ou a mobilizar os seus camaradas para que esta sangria no interior do país continue a este ritmo? E os autarcas que perdem 15 por cento da população em 10 anos onde é que vão fazer transfusões de sangue para andarem por aí sem se revoltarem e deitarem mãos à cabeça?



Esta semana O MIRANTE dá mais um passo para consolidar a sua liderança na região e conquistar mais leitores. Acabamos de implementar um novo serviço de assinaturas, uma nova política de trabalho a nível editorial, e reforçamos, e vamos continuar a reforçar, a redacção e o sector comercial.

As nossas melhores histórias, as melhores entrevistas e reportagens continuam a fazer a programação de muitas televisões. É evidente que trabalhamos para os leitores mas não deixa de ser recompensador ver a concorrência atrás da nossa matéria editorial valorizando também as nossas escolhas e os protagonistas dos nossos trabalhos editoriais. As televisões fazem hoje um mau jornalismo, com algumas excepções, como é o caso da SIC e da RTP. Podermos contribuir para uma televisão de maior proximidade com o país real é um privilégio e não uma forma de sermos uma agência de notícias. Devemos parte desta postura de há mais de 20 anos no mercado ao antigo director de programas da SIC, Alcides Vieira, que esteve com a equipa de O MIRANTE em Tomar, num dos nossos aniversários, a falar do mercado das empresas de comunicação e da forma como cada profissional deve olhar para o meio em que vive e trabalha. Bons tempos! JAE.

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