O edifício da Segurança Social de Santarém está fechado porque põe em risco a saúde dos seus trabalhadores. O caso é recorrente. A instituição é uma das mais importantes do Estado, talvez mesmo a mais importante. Santarém está a sair do mapa? Parece. Desculpem qualquer coisinha mas o que se está a passar parece brincadeira de carnaval.
Três horas numa livraria de um aeroporto passam tão rápido como a leitura de um poema. Mas em três horas, quando a livraria é grande, como era o caso, dá para ler e reler vários livros, actualizar a saída das novidades, tirar notas sobre alguns títulos e autores e, acima de tudo, fotografar para a galeria do tmv as capas dos livros que hei-de procurar nos próximos tempos no mercado dos livros usados.
Hoje ouvi um taxista, a contar de outro taxista, como o colega foi apanhado a roubar turistas no cartão Visa na hora do pagamento. E como ele diz que reage cada vez que lhe aparece um gringo com a pele cor de laranja a querer uma viagem no seu táxi. Ele confessa que entra em êxtase, em paranóia, a tentar perceber quanto é que vai conseguir roubar. Conta que os olhos dele brilham mesmo agora que está a contar depois de ter sido apanhado em flagrante, ter apanhado duas semanas na prisão e ter gasto com um advogado metade do que roubou nestes últimos dois anos para agora estar solto. Enfim, todas as histórias mais macabras de alguns livros não ganham à realidade nua e crua que nos morde os calcanhares todos os dias.
Passei um mês sem atender ou fazer chamadas de telefone. Só usei o WhatsApp com quem sabia que eu estava offline na rede da Vodafone. Mas não deixei de cair no conto do vigário das empresas de comunicação. Numa das viagens liguei o número alternativo para as atrapalhações e esqueci-me de desligar os dados móveis. Assim que entrei no éter caiu uma mensagem a informar que iam ser debitados 40 euros na minha conta. Tudo sem que eu fizesse qualquer chamada. Se isto não é uma gatunice é o quê? O problema é que todas as operadores trabalham com as mesmas regras para fora da Europa. Só baixam os preços e as condições quando forem obrigados, como aconteceu recentemente para toda a UE por decisão conjunta dos países. Cambada de sacanas é o que eles são. Vou usar a rede o menos que puder e usar o WhatsApp até à exaustão. E vou escrever à ANACOM a pedir contas.
Na passada semana se fosse eu a desenhar a primeira página do diário O MIRANTE dava a capa toda à Conceição Silva que conta uma história de vida que é um exemplo para muitos de nós que queremos morrer por causa de uma queda à saída da porta da rua. A sua história de vida vale por uma dúzia de livros de auto-ajuda; e é um exemplo de superação que todos devíamos lembrar sempre que choramos ou baixamos a cabeça perante aqueles desafios mesquinhos do dia-a-dia que nos tiram anos de vidas, quando muitas vezes só precisavam do uso da nossa capacidade de fechar os olhos e seguir em frente.
O edifício da Segurança Social de Santarém tem um problema grave que impede os seus trabalhadores de comparecerem ao serviço correndo riscos de saúde. O caso tem muito tempo e parecia ter sido resolvido com as obras de há cinco anos. Não foi e volta a repetir-se obrigando ao fecho das instalações. Estão fechadas desde 1 de Outubro e ninguém sabe quando abrem. Santarém é a capital do distrito de Santarém, não é uma povoação do interior com meia centena de habitantes. Por muito respeito que nos merecem as aldeias, e merecem, estamos perante um ataque a uma cidade que tem perdido quase todos os serviços do Estado e agora até um serviço local de grande importância para a comunidade fecha de um dia para o outro como se os interesses dos cidadãos pudessem ser usurpados a qualquer altura. Não temos nada contra a Segurança Social, e muito menos contra o seu actual presidente que é Octávio Oliveira, um conhecido dirigente do PSD da região, conceituado pelos vários cargos que já exerceu na região e no país. Mas há aqui qualquer coisa que não bate certo. Não há explicações para dar à população: a comunicação social não merece uma explicação para poder, em nome do interesse público, comunicar com os leitores que esperam que não nos acomodamos e façamos o nosso trabalho? É preciso escrever ao primeiro-ministro para sabermos se as instalações da Segurança Social de Santarém estão embruxadas ou é a cidade de Santarém que fica tão longe da civilização que os seus habitantes bem podem protestar que estamos condenados à miséria franciscana? Eu não me conformo e sou daqueles que ainda sonha viver dentro de uma caravana no meio do campo para não pagar rendas e impostos e, quem sabe, perder o cartão de cidadão e nunca mais o encontrar. É claro que estou a falar de projectos para daqui a uns anos quando já não acertar com as teclas do computador.
Resumindo: um pouco de humor não fica mal depois de me terem escrito para falarmos deste assunto até à exaustão porque há aqui tramóia, e em Santarém falta cidadania activa, os políticos não berram com os líderes das instituições com medo de serem chamados de ovelhas e quem paga é o cidadão? Só estou a perguntar porque a Segurança Social é uma das maiores instituições do Estado e os seus dirigentes não vivem dentro de uma redoma, ou pelo menos não deviam viver. JAE.