quarta-feira, 11 de julho de 2012

O folclore na nossa vida


O Barquinha Parque é uma boa Obra de engenharia e uma boa ideia dos políticos locais. Tal como Constância, a Barquinha soube aproveitar a proximidade do rio. Mas o dinheiro gasto para usar nomes de artistas famosos no mercado é uma vaidade de puro provincianismo. O presidente Miguel Pombeiro achou que gastando um milhão de euros com artistas famosos ia ficar na História. A verdade é que as peças de arte passam facilmente despercebidas; e o que salta à vista em toda a parte velha da vila são os prédios em ruínas e as casas desabitadas. O espaço ambiental vale por si e pelo que oferece. A arte ao ar livre é outra coisa bem diferente daquela que fez o senhor Pombeiro gastar um milhão. No fundo o que ele comprou foi a publicidade ao seu nome na televisão e a visita do Presidente da República. As obras de arte naquele espaço não aquecem nem arrefecem. O Parque já é uma obra de arte e continuará a ser se não faltar dinheiro para o conservar. O casco velho da Vila precisa de um político mais preocupado com o futuro da sua terra do que com a sua associação aos grandes nomes da arte portuguesa actual, alguns deles produtos de marketing que ninguém lembrará daqui a uns anos.

Passei a tarde de sábado sentado numa esplanada de Vila Franca de Xira a ouvir contar episódios de hoje e de ontem a três velhos da minha idade (ou quase). O concelho de Vila Franca de Xira teve, e ainda tem, gente de antes quebrar que torcer; gente boa e franca que sabe discutir os temas da trilogia do Álvaro Guerra (Café Central, Café República e Café 25 de Abril) como sabe criticar no bom sentido o centralismo do PCP que é o único partido onde Carlos Carvalhas podia ser secretário-geral.
Também só no PS de Vila Franca de Xira é que podia militar um senhor chamado Afonso Costa que ganhou a freguesia de Alverca graças à força do PS no concelho. Como político é uma pequena aberração da natureza. Quem o conhece sabe do que falo. Pela frente é só sorrisos. Se for preciso até estende a mão ao diabo. Quando volta costas parece uma “cana rachada” e diz mal de tudo. Só ainda não diz mal de si próprio; mas lá chegará o tempo.

O Festival de Folclore da Chamusca, organizado pelo grupo de Danças e Cantares da Chamusca e do Ribatejo, foi um êxito de organização. O palco é que, aparentemente, era pequeno e um dos músicos do Rancho Folclórico de S. Cosme de Gemunde, o senhor Armando, de 74 anos, estatelou-se no chão depois de lhe ter faltado palco debaixo dos pés. A esposa, também já idosa, que representava no palco, desmaiou ao perceber o que tinha acontecido ao marido; e até o 112 chegar foi uma verdadeira aflição.
A maioria dos elementos do Rancho de S. Cosme de Gemunde nunca saiu de cima do palco durante a meia hora que durou a confusão. Quando a situação se recompôs uma Mulher puxou do microfone e mobilizou, em poucos segundos, todos os elementos que não pertenciam à família do senhor Armando. E acabaram a actuação em palco com mais meia dúzia de modas.
Não houve uma lamechice, um grito de revolta, um estado de alma lamurioso daquela boa gente de S. Cosme de Gemunde que tivesse dado a perceber que a culpa era da organização, ou dos técnicos, ou operários que conceberam e montaram o palco. Uma lição de gente humilde e solidária que, já ao final da noite, sentiram a alegria de regressarem a casa todos juntos.

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