Morreu recentemente um dos poetas mágicos da minha vida. António Ramos Rosa. Editamos com a chancela de O MIRANTE um dos seus melhores livros graças à amizade de um outro grande poeta chamado João Rui de Sousa, felizmente ainda vivo e a escrever da melhor poesia que se publica no mundo. Sinto orgulho por isso. Não sinto vaidade embora seja um sentimento que não me assusta. Esse trabalho, que foi muito mais prazer que trabalho, deu-me de volta ensinamentos que me ajudaram a formar como pessoa. Aprendi com Ramos Rosa a ler um livro diferente todos os dias. Foi há cerca de 20 anos e ainda mantenho o hábito. Gasto algum dinheiro a mais porque não tenho tempo para frequentar bibliotecas mas enriqueço-me a andar ao fim-de-semana de alfarrabista em alfarrabista, de livraria em livraria, conhecendo um dos mundos mais fascinantes que são as estantes e as caixas cheias de livros que muitas vezes cheiram a galinheiro mas depressa se perfumam do cheiro a frango assado.
No passado fim-de-semana comprei quatro livros por oito euros. A meio da tarde, com os livros no banco do carro, paguei quase doze euros no parque de estacionamento.
Dois desses livros são edições que já tenho na minha estante mas que me interessam por incluírem novos textos. Devorei em duas noites e duas manhãs de leitura na cama “O que Sentem as Mulheres”, de Nativel Preciado, e “Cartas a un buscador de si mesmo”, de Henri David Thoreau, assim mesmo, em língua castelhana, o que exige muito mais atenção uma vez que as campainhas do dever profissional nunca desligam na minha cabeça que está sempre a inventar.
É tão bom ter tempo para ler livros. Um dia quando morrer quero ser cremado dentro de um caixão cheio de mim e de livros; quero ir para a lua a cheirar a galinheiro e a frango assado. JAE
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