Os Correios perderam qualidades na distribuição nos últimos anos mas agora com o problema da pandemia o serviço ficou ainda mais prejudicado.
O jornalismo é uma das actividades mais poderosas do mundo mas também uma das mais dispensáveis. Sei isso desde que comecei a escrever neste jornal e assumi o papel de empresário, director e todos os outros que estão associados à criação e fundação de um órgão de comunicação social.
Sempre defendi, mesmo contra ventos e marés, que em tempo de vacas gordas, ou em tempo de pandemia, o jornalismo é sempre serviço público. Se o tempo é de vacas gordas há abuso e corrupção; se a época é de vacas magras há certamente especulação e falta de vergonha. E o jornalismo existe para defender o interesse público e desmascarar os trapaceiros, os que dizem uma coisa em público e outra em privado, os que impunemente abusam do poder político e económico, entre tantos outros exemplos que chocam com os direitos humanos e as leis da República.
Um jornalista tem que estar sempre do lado dos mais desprotegidos. E no seu posto de trabalho não pode depender de alguém que tenha interesse na exploração de negócios, da vida política ou da exploração da ignorância dos mais desfavorecidos. A fundação de jornais, depois do 25 de Abril, esteve quase sempre associada a lutas pelo poder político e económico. Nunca se fará, verdadeiramente, a história do nascimento de um órgão de comunicação social onde um dos fundadores seja um grande empresário ou um político no activo. O exemplo da tentativa de José Sócrates, exprimeiro-ministro, em criar um grupo de comunicação social com empresas amigas, é uma história que deixou rasto mas que no futuro só será contada pela metade. Os tempos são de grande azáfama e já não há espaço para a investigação nem sequer em causa própria.
Uma boa parte dos jornais abandonaram as assinaturas digitais para proporcionarem a leitura, em tempo de pandemia, a todos os cidadãos em situação de confinamento. Enquanto os jornais em papel perdem importância, por que os postos de venda estão fechados e a distribuição porta a porta está dificultada, eis que as empresas entram em contra-ciclo e em vez de aproveitarem a oportunidade oferecem a navegação gratuita nos seus sítios.
O MIRANTE pratica a assinatura mais baixa do mercado dos jornais. Sempre vivemos da publicidade e defendemos que a informação deve ser paga pelos anunciantes ou patrocinadores. Talvez por isso, em tempo de emergência social, sejamos hoje um dos poucos jornais no mercado português que mantém um caderno de classificados e editamos um diário online sem qualquer custo para os leitores.
Os CTT perderam qualidades na distribuição nos últimos anos mas mantinham, apesar de tudo, um serviço mínimo de qualidade na entrega de jornais. Desde que começou o período de pandemia a distribuição tem sofrido muitas falhas. Os CTT já assumiram perante a administração de O MIRANTE que estão a sofrer o mesmo problema de todas as empresas. Vamos esperar, com a compreensão dos assinantes, que este tempo passe depressa e que o serviço da entrega do jornal retome a normalidade. Os CTT são um parceiro importante de O MIRANTE e de toda a imprensa que aposta na assinatura. Esperamos que a sua administração não se confine nos lucros das outras actividades da empresa que nada têm a ver com o serviço público da entrega de correio. JAE.
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