O Estado e os organismos do Estado continuam a comportar-se como donos disto tudo fazendo gato sapato das pequenas empresas e dos empresários que dão corpo ao pequeno país onde vivemos. Um desabafo que não é sobre esterco mas sim sobre a capacidade de sobrevivência num país de gente ruim.
Há autarcas que são verdadeiros bichos do mato; escondem-se na sua toca durante o dia, saem da toca o mínimo possível, de forma a cumprirem as suas necessidades mais básicas, e só à noite, quando todos os gatos são pardos, mostram a sua verdadeira natureza. Quem diz autarcas diz outros dirigentes políticos e associativos que têm responsabilidades na gestão da coisa pública.
Uma notícia mais desfavorável, ou um texto de opinião mais amargo, ou irónico, é o fim do mundo para certa gente que faz do trabalho de serviço público um projecto pessoal e intransmissível. Jornalismo e profissão de jornalista é coisa que não cabe na cabeça de certa gente que está cega por ter tanto poder e tanto dinheiro para gerir e que governa e gere mal e porcamente como se diz na gíria. Jornalismo que faça o escrutínio dos poderes deles, e dos seus camaradas, que tome partido, que dê opinião, que contribua para o esclarecimento e o debate, pode ser considerado perseguição, terrorismo, manifestação de ódio, entre outros mimos. Tal como nos tempos da outra senhora, de que alguns já não se lembram, outros nem sequer sabem avaliar, quem não está do nosso lado é contra nós. Pois que se danem mais as suas certezas, azias, incapacidades e falta de cultura geral para entenderem a sociedade em que vivemos e o direito à informação livre.
João Galamba, um dos meninos do Partido Socialista, chamou esterco à informação produzida na RTP pela jornalista Sandra Felgueiras no programa Sexta às Nove. António Costa tinha dito dias antes que os políticos não devem, nem podem, manifestar ódio pelos jornalistas e pelo seu trabalho. O aviso caiu em saco roto. Estes meninos da política, que ainda comem com os dentes de leite, só vão aprender com o passar do tempo, quando chegar a hora de arrastarem o rabo pelo chão, lhes faltar o poleiro e tiverem que dobrar a espinha.
A administração de O MIRANTE dirigiu uma queixa à Provedora de Justiça relativamente aos incumprimentos do Estado na publicação de anúncios referentes à utilização dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento. O decreto lei 137/2014, que criou um novo modelo de governação dos fundos europeus estruturais, no Artigo 80.º, capítulo dedicado à publicidade, obriga a que «todas as operações aprovadas sejam objecto de publicitação, alternadamente, num dos dois jornais locais ou regionais de maior circulação do concelho ou dos concelhos onde a operação é executada, bem como num jornal de âmbito nacional”.
A resposta da Provedora de Justiça já chegou; as quatro páginas do ofício fogem do essencial da queixa como os ladrões fogem da polícia. No último parágrafo da missiva sente-se que do outro lado há alguém que não ignora o mundo em que vivemos, embora esteja de partida para outra galáxia; diz a missiva que doravante vai ser promovida, sem excecções, a publicitação pelos canais adequados de todos os apoios financeiros atribuídos, com o objectivo de assegurar a necessária e cada vez mais desejável transparência na gestão, concessão e fiscalização de fundos públicos, etc, etc. Tudo como se as leis do Estado tivessem sido apagadas nos últimos anos e só agora submergissem do longo mergulho no mar das mentiras. Este é o país e os governantes que temos. Pela nossa parte vamos continuar a trabalhar, serenos mas firmes. De peito aberto e sem medo de usar as palavras. JAE.
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