O código da estrada tem em vigor desde Janeiro a proibição de os auto-caravanistas pararem ou permanecerem em lugares que não estejam licenciados para o efeito. Uma medida considerada inconstitucional e ao arrepio de tudo o que se faz no resto da Europa. Alcobertas acabou de dar o exemplo ao iniciar a construção de um parque para auto-caravanas.
A freguesia de Alcobertas, no concelho de Rio Maior, fica tão distante do litoral como da A1; Para fazer a promoção da vila e atrair turistas, o presidente da junta vai construir um parque de caravanismo. Ceia da Silva, presidente da CCDR do Alentejo, saiu de Évora e percorreu 185 quilómetros para estar presente no aniversário da vila e no acto simbólico do lançamento da primeira pedra do futuro parque de caravanismo.
Esta semana rebentou a polémica que está consagrada no novo código da estrada desde Janeiro quando entrou em vigor. Segundo as alterações está proibido o aparcamento e pernoita de autocaravanas fora dos locais autorizados. Quem fez as alterações ao código da Estrada só pode ser filho do Governador do Banco de Portugal, de banqueiro ou dirigente nacional do PSD ou do PS que são, regra geral, as pessoas mais distantes da realidade do país em que vivemos e que podem gozar com a malta toda que ninguém os leva presos.
O auto-caravanismo é uma das actividades com bastante impacto na economia local, nomeadamente no comércio de proximidade, produtores locais e regionais, assim como constituiu um tipo de turismo que dá preferência, regra geral, a territórios de baixa densidade, destinos ligados à Natureza e ao ar livre, assim como promove a viagem em família e em pequenos grupos com impactos muito menores em termos ambientais que o denominado turismo de massas que é o mais predominante no nosso país. O Caravanismo é ainda, regra geral, uma actividade que permite férias para além da época de Verão, o que só traz vantagens num país como Portugal cuja população concentra a grande maioria dos dias de férias nos meses de Junho a Agosto.
Trago Alcobertas a esta crónica porque o distrito de Santarém é um dos que bem podia investir mais neste tipo de equipamento para que a lei do código da estrada não seja uma afronta a quem opta por um turismo mais sustentável e foge aos padrões dos turistas que, ou viajam para Ibiza ou vão em rebanho para o Algarve consumir e gastar as economias que não fizeram, mas que o cartão de crédito permite e os bancos incentivam, apesar de tudo o que sabemos quanto a juros altíssimos e condições leoninas que levam as famílias à falência.
As novas medidas têm sido contestadas pela Associação Autocaravanista de Portugal e pela Federação Portuguesa de Autocaravanismo por serem consideradas restritivas e discriminatórias. “A isenção pela qual se deve pautar a acção estatal é violada de forma grosseira”, diz uma petição enviada ao presidente da Assembleia da República, que contesta ainda o facto de não existir uma situação análoga à portuguesa em toda a Europa, o que mais uma vez confirma a fraca tendência dos legisladores portugueses para aprenderem com os melhores do mundo na defesa das mais amplas liberdades e direitos de cidadania. JAE.
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