quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O futuro é dos explorados


As ruas de Santarém são um bom ponto de encontro. Ontem cruzei-me com um velho empresário da construção civil que tem a sua empresa na falência. Com as marcas dos oitenta anos bem vincadas no rosto a conversa não podia ser mais cruel. Uma vida inteira a trabalhar para chegar a esta idade e ver ir tudo por água abaixo. Foram as instituições sérias que me levaram ao fundo. Não pagavam. Não pagavam. Não pagavam. Quando vinha algum dinheiro era para os juros da banca. Foram muitos anos nisto. Enfim…o pior há-de ser morrer. E com um sorriso triste e cinzento lá nos despedimos a meio da rua Serpa Pinto.


Quando Moita Flores ganhou a Câmara de Santarém há quatro anos toda a gente ficou à espera de saber o que valia o PS como oposição. Passado todo este tempo provou-se que não vale nada. Nas últimas eleições Moita Flores deu o golpe fatal e passou a sua votação de 9 mil votos para 22 mil. Rui Barreiro, durante o seu mandato como vereador, limitou-se a servir os interesses do actual presidente da câmara. E, no final do mandato, até colaborou dividindo com Moita Flores a honrosa missão de medalhar Cavaco Silva e José Sócrates. Entretanto, na luta política em Santarém, o PS tem apenas os militantes da terceira linha. São eles que são “massacrados” nos órgãos autárquicos onde o PS ainda tem representação.
E como é que os socialistas portugueses resolvem o problema dos autarcas acomodados, inaptos e pouco dotados como é o caso de Rui Barreiro? Nomeiam-nos para secretários do Governo. Rui Barreiro é um caso entre muitos. Seria um facto medonho não registar aqui a sua ascensão nos cargos importantes dos governos do nosso país. O homem é esperto politicamente. Não serve como presidente de Câmara de Santarém nem como vereador na oposição! Então é bom para ajudar a governar o país!.


Faltam poucos dias para o Natal. O Filipe, a Soraia e a Tatiana continuam no centro de acolhimento da Barquinha. Este caso devia ser do conhecimento do gabinete do senhor primeiro-ministro e devia ser ele, lembrando-se dos privilégios que pode proporcionar aos seus filhos, a resolver o assunto de um dia para o outro. Mas não resolve. Nem tem ninguém a seu lado a secretariar o Governo com competência para ajudar a corrigir uma injustiça. A secretária do governo, Idália Moniz, não é melhor que Rui Barreiro. Os dois juntos somam a derrota dos direitos humanos em Portugal no que respeita ao programa de governo do PS. Isto não se resolve com outro 25 de Abril porque o sistema agora é mais astuto. Mas eu sou dos que acreditam que, um dia, quando a Tatiana, o Filipe e a Soraia forem adultos, Portugal será um país melhor e mais fraterno; porque o futuro é dos explorados e das vítimas do Sistema.

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