quarta-feira, 18 de abril de 2012
Adeus Vindima!
Nos jornais, nas televisões e nas rádios não faltam opiniões e comentários de quem racha lenha para aquecer. Vai fazer história o actual momento político que vivemos. Mas nem os políticos nem os papagaios de caneta e microfone ficarão na História por boas razões.
Andamos quase todos a ganir com a crise que, verdade seja dita, pouco a pouco vai acabando com a nossa boa vida. A enxurrada é tão grande que, tudo leva a crer, mais tarde ou mais cedo vamos todos desaguar ao mar da palha e adeus vindima.
Quero dizer; vamos todos... o caraças! Vão os que pertencem à classe baixa e média. Há uma elite intocável que continua a viver à grande independentemente do Portugal murcho, ou teso, que cada um trás entre pernas, ou junto ao coração, dependendo das sensibilidades, da educação e das ideologias.
Nestes últimos meses o Governo tomou decisões que, mais do que uma enxurrada, provocaram um tsunami. Dou um exemplo: as repartições de Finanças e as conservatórias já não são obrigadas a servirem-se dos jornais para a publicação da chamada publicidade institucional. Agora vai tudo para a internet para os portais que ninguém lê mas que todos acham que é suficiente para a inevitável transparência das instituições.
Pouco a pouco, enquanto o diabo esfregou os olhos, desapareceu uma receita importante dos jornais. Quem é que deu por isso? Quantos empresários e jornalistas escreveram nos seus jornais sobre a sua indignação e a das suas associações? Nem um; nem uma linha; nem uma lágrima; nem um funeral; E quem é que sabe porquê? Eu respondo; porque a privatização de um canal da RTP é a tempestade perfeita criada pelo Governo para dar trabalho aos grandes patrões da Comunicação Social, e deixar entregues aos bichos os aselhas do costume que só valem alguma coisa em tempo de eleições ou em situações de calamidade pública.
Vai um burburinho por aí na garganta e nas canetas dos escrevinhadores de serviço mas é tudo fogo de vista. A maior parte são papagaios que falam nas televisões e trabalham nos jornais; outros falam nas televisões e são deputados; outros escrevem nos jornais e foram ministros; outros são ex-governantes, ex-deputados; quase todos funcionários públicos de ministérios e repartições, quase todos com mil pretextos para faltarem ao trabalho enquanto recebem seis vezes acima do vencimento de qualquer cidadão que trabalhou uma vida inteira e agora nem têm direito à reforma antecipada.
Nada disto é um exagero; aliás, há-de ser muito pior do que eu sei, já que não sei quase nada. Mas que eles andam por aí a servirem-se do Estado e da democracia, isso andam, e até os cães da rua percebem que eles vivem comprometidos com o facto de hoje dizerem uma coisa e amanhã fazerem outra.
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