Sou um europeísta convicto. Não percebo esta gente que não gosta da Europa e viaja todos os anos para Paris; manda estudar os filhos nas grandes universidades europeias e só se lembra dos tempos em que estudava francês e tocava piano. Acredito numa Europa a uma ou a várias velocidades e não me embaraça ter que admitir que vamos continuar por muitos anos a ser o país que vai na cauda; o importante é que aprendamos a lição de todos os dias e nos juntemos aos melhores;
Em Maio de 1968 os jovens saíram à rua e lutaram por uma sociedade mais livre e justa; por mais generosidade, humanismo e cultura. Passaram quase 50 anos e os jovens começam a voltar às ruas em protesto, pedindo o direito ao trabalho que lhes permita uma vida digna; já não há lugar para a defesa da liberdade sexual nem das ideologias de esquerda. Agora tudo se resume à falta de trabalho e de condições iguais na doença e na velhice. Entretanto as grandes empresas migram para países onde a mão-de-obra é muito barata; até para alugarmos uma estadia em Madrid já só precisamos de falar para um call center sediado na China ou na Índia.
Sou um europeísta convicto mas não sou parvo. E acredito que para termos uma Europa com futuro ou os políticos mudam de agulha ou vamos ter que fazer outra revolução. Portugal desta vez pode dar o exemplo se entretanto a Grécia não se adiantar ou a juventude francesa não voltar a puxar dos galões.
Enquanto na maioria dos países da Europa as escolas se enchem de crianças filhas de emigrantes, nas empresas e na vida pública dos países mais ricos os emigrantes, pais dessas crianças, são os novos escravos. Basta olhar para a realidade portuguesa para percebermos quem é que trabalha atrás dos balcões das empresas de serviços e quem são os novos cantoneiros.
Apesar da dura realidade sou dos que acreditam que a convivência é possível e desejável; que a Europa ainda é o melhor lugar do mundo para construirmos uma sociedade mais justa e igualitária. Por mim iniciava o ano de 2014 com uma revolução nas ruas obrigando os governos europeus a criarem leis que não permitissem que o sistema financeiro dos vários países da Europa funcione como um casino sem regras.
P.S. E o que é que tudo isto tem a ver com o jornalismo de proximidade que O MIRANTE pratica? A defesa das regiões e a sua identidade cultural dependem em grande parte do êxito da política europeia que só funcionará se tiver em conta as identidades regionais de cada país. JAE
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