O que é que faz uma direcção de uma corporação de bombeiros voluntários que não se preocupa em se organizar para, ao menos, receber as quotas dos seus associados? A pergunta não procura respostas mas sim alertar para o papel dos bombeiros nas comunidades e para o papel importante dos associados com as quotas em dia
Numa das notícias que O MIRANTE tem publicado sobre Bombeiros ficou na memória um estudo de um bombeiro de Almeirim a dar conta que a maior parte dos incidentes com os homens da paz se dão a saltarem das viaturas em algumas operações de socorro. Toda a gente sabe que para desempenhar uma missão como a de Bombeiro é preciso treino físico e boa gestão do espírito. O que nós sabemos, ou vamos sabendo em muitos casos, é que em algumas corporações a gestão é demasiado conflituosa para um corpo de bombeiros; alguns não são remunerados de acordo com a sua disponibilidade e as suas horas de trabalho; e os voluntários, muitas vezes, são tratados ao pontapé por quem tem a obrigação de os estimar e entusiasmar no seu trabalho. O bombeiro voluntário gosta de ajudar mas ao tornar-se voluntário também se está a ajudar a si próprio. Há muitos dirigentes broncos que só estão nas direcções dos bombeiros por razões de confiança política ou para se servirem. Não estou a generalizar mas a deixar um recado a alguns dirigentes que julgam que vivem numa redoma e que as comunidades perderam a capacidade de criticar e ajuizar sobre o seu trabalho.
O caso que contamos nesta edição sobre a falta de elementos nos bombeiros da Chamusca para socorrerem uma cidadã de Ulme, fez-me relembrar a minha situação enquanto cidadão que, a qualquer altura, pode precisar dos bombeiros. Não pago as minhas quotas de sócio dos bombeiros da Chamusca há meia dúzia de anos. Os bombeiros deixaram de ter cobrador e, entretanto, não recebi nenhuma comunicação a pedir o pagamento das quotas presencialmente ou por transferência bancária. Se estiver na Chamusca não tenho a certeza que se precisar dos bombeiros tenha socorro porque, de verdade, estou em falta com a associação. Mas aproveito para deixar a pergunta: os bombeiros não vivem do ar nem de caridade; as direcções, se não estão lá para se servirem, não deviam, no mínimo, organizar a estrutura para que os associados pudessem, sem darem por isso, pagarem as suas quotas a tempo e horas de forma a ajudarem a financiar a associação? Manter uma associação com um número razoável de sócios pagantes não devia ser um dos grandes objectivos da direcção de uma corporação de bombeiros voluntários? Ter a população do seu lado pagando a quotização a tempo e horas não é também uma forma de manter a comunidade unidade ao lado de uma estrutura associativa que pode fazer toda a diferença na nossa vida colectiva? E convocar os sócios individualmente por carta, ou por e-email, para a única assembleia geral que se realiza por ano, não era também uma boa forma de as direcções dos bombeiros mostrarem respeito por quem paga as quotas a tempo e horas e se não paga aproveitarem as assembleias para pedirem contas?
Não são só os bombeiros que, em boa parte das vezes, se magoam porque se precipitam a saltar das viaturas por estarem mal preparados e mal comandados; as direcções também têm alguns trambolhos que aparecem aos olhos das comunidades como salvadores da pátria, mas o que eles realmente fazem é contribuírem para o fim anunciado do voluntariado nos bombeiros. JAE.
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