quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Toiradas de borla…. e uma história de vida exemplar
O homem que mensalmente limpa os vidros das janelas da sede da redacção de O MIRANTE é pau para toda a obra. Um dia destes, já quase no final da jornada de uma tarde de trabalho, alguém o abordou para um trabalho de limpeza de um terreno. Assim que ouviu a pergunta sobre se fazia o trabalho ou conhecia alguém que o fizesse, o Senhor Luís ajeitou o ombro na porta do gabinete de trabalho, e contou a história, com orçamento e tudo, de uma outra solicitação para um trabalho do género.
De limpa vidros passou rapidamente para o papel de orçamentista usando a técnica mais apurada do gestor de negócios que sabe que o trabalho tanto pode valer cem, como mil, dependendo da qualidade e do dinheiro que o cliente tem para gastar.
Poupo os pormenores aos leitores mas deixo esta imagem que fala por si; antes de pedir as dezenas de euros pelo trabalho perguntou o que o seu interlocutor achava do outro orçamento e no balanço da resposta avançou um preço à velocidade da luz.
Depois, e enquanto não obteve uma resposta que o satisfizesse, contou um pouco da história da sua vida que alguns de nós já conheciam embora sem tantos pormenores.
Limpa vidros alguns dias por semana por conta de uma empresa da especialidade; profissional de segurança numa empresa da região que trabalha do Minho ao Algarve; jardineiro com clientes certos e biscateiro para todo o serviço incluindo limpeza de terrenos. É assim a vida profissional do Senhor Luís que ainda tem tempo e espírito para exercer voluntariado na associação de bombeiros da sua terra.
Conto a história porque este homem é o meu herói. Há anos (que sei eu sobre o tempo que vai passando e eu nem dou por ele!) que, ao cruzar-se comigo na empresa, me trata como se eu fosse a pessoa mais importante ao cimo da terra. Sempre pelo nome e da forma mais respeitosa que conheço. Não só para mim como para todos os que circulam nos corredores a quem mostra disposição para subir e descer o escadote as vezes que forem precisas de forma a facilitar a circulação.
Num tempo de desempregados; de greves às horas extras, de manifestações contra as leis do trabalho, de falta de mão-de-obra para tantos sectores importantes das empresas; num tempo em que toda a gente perde para os bancos a casa e o carro, e vende as jóias de família, este homem é um exemplo que eu jamais poderia deixar sem palavras.
O fecho da Escola de Hotelaria e Turismo de Santarém é mais um exemplo da incompetência política de Carlos Abreu e dos seus correligionários que durante anos governaram os interesses da cidade e da região sem prestarem contas julgando que governavam numa república das bananas. Quem veio a seguir não fez melhor porque os interesses estavam instalados e assim ficaram com a complacência de Francisco Moita Flores que acabou por fazer fumo onde tinha prometido fazer fogo.
A Casa do Campino, fica agora, só ao serviço do Festival de Gastronomia. É assim que se vê a importância da cidade de Santarém e dos políticos que a governam. E o povo que se contente com os bilhetes de borla para as toiradas.
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