quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

“Crime” no Cnema


O envolvimento de Jorge Coelho e de Luís Parreirão, membros do governo de António Guterres, como arguidos num processo crime por causa de umas contas por acertar entre a Câmara de Santarém e o CNEMA deixou-me mais uma vez rendido às artes mágicas dos socialistas para fritarem em lume brando os seus próprios camaradas. Tentar crucificar Jorge Coelho num processo que tudo leva a crer é da exclusiva responsabilidade dos agentes locais não lembraria ao diabo.
Se não fosse a chegada de Moita Flores à presidência da câmara escalabitana é minha convicção que este assunto morria na barriga da mãe e a autarquia continuaria a pagar forte e feio aquilo que aparentemente não deve enquanto os dirigentes fazem do CNEMA a sua quintinha das vaidades.
Independentemente do desfecho deste processo está à vista de todos que a mão conservadora e politicamente comprometida é que faz com que o CNEMA e a cidade de Santarém vivam este marasmo que apetece classificar como o de um doente em estado terminal.
Não tardará muito que as organizações das grandes feiras agrícolas que se realizam por este país fora percebam que chegou a hora de reivindicarem o estatuto que nesta altura ainda pertence a Santarém. Tudo leva a crer que isso só não aconteceu ainda porque a CAP é das organizações mais poderosas do país e muita gente tem medo ou está definitivamente comprometida por razões políticas e associativas.
Basta ver os programas de outras feiras agrícolas para percebermos que a Feira Nacional de Agricultura/Feira do Ribatejo perdeu espaço e organização para outros certames do género como é o caso da Ovibeja.
Este ano, segundo tudo leva a crer, vai acontecer pela primeira vez a organização conjunta da feira empresarial que a NERSANT organiza desde sempre em Torres Novas. É certamente uma tentativa de meter mais gente no recinto para que as receitas sejam maiores. O que o CNEMA quer é receitas, dinheiro das entradas; money, el contado. A agricultura, e as parcerias com as milhares de empresas agrícolas que existem por esse país fora, não lhes interessa. Muito menos a internacionalização do certame. Não há feira agrícola por esse mundo fora que não se tenha internacionalizado. A nossa continua a tentar manter o estatuto que caberia a um festival nacional de cantores populares e vive da fama dos artistas pimba contratados para animar a malta.
Não é o respeito pela direcção da CAP, que governa o CNEMA, que faz silenciar o povo e os dirigentes políticos e associativos da região; é o medo de afrontar os interesses instalados de organizações poderosas que continuam a mandar nos nossos destinos.
A atitude corajosa de Francisco Moita Flores, que decidiu defender os interesses da autarquia de Santarém que sempre esteve de rojo perante os interesses da direcção da CAP, vai ficar na história. Falta saber se dez anos depois deste imbróglio alguém vai ser responsabilizado e os ex-governantes têm vontade e coragem para saírem desta situação de arguidos pela porta grande.
Desta vez a notícia nacional sobre Santarém não são as cheias do Tejo que inundam os campos da lezíria. A inundação também é grande mas o rio que transbordou vai cheio de dinheiro e de negócios que fazem da nossa região um território sem futuro.

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