quinta-feira, 30 de abril de 2015

Os farsolas dos políticos

Os políticos tentaram interferir mais uma vez na direcção editorial da comunicação social em Portugal. Aproximam-se as eleições e todos querem a mesma coisa: visibilidade e tempo de antena. Um dia destes vão conseguir os seus objectivos; é mais que certo. As televisões e a maioria dos jornais de referência fazem questão de convidar políticos influentes para os seus espaços de opinião. Basta lembrar que a grande maioria dos comentadores televisivos já foram membros de governos e os actuais comentadores desempenham lugares importantes de direcção nas estruturas partidárias. Um regabofe para quem tem paciência para os ouvir ou para os ler. Eu não. Faço questão de desligar o som da televisão quando eles falam e de os ignorar nos jornais já que escrevem sempre mais do mesmo.
O lugar que o PSD deu a Sócrates como comentador da RTP, menos de dois anos depois de ter perdido as eleições, foi um dos mais descarados favores que a televisão pública fez a um ex-governante. E ninguém acredita que este convite não tenha mãozinha do PSD; ou de gente importante do PSD para sermos mais precisos.
Como é evidente os jornalistas influentes cerraram fileiras e os políticos vão deixar cair as suas boas intenções que era criarem oportunidades iguais na comunicação social para todos os candidatos. Era um caso para rir se não fosse um caso de idiotice política que um dia nos pode sair caro.
Mais uma vez O MIRANTE antecipou-se à tempestade que agora desabou sobre os meios de comunicação social. Nas últimas três campanhas eleitorais já não cumprimos os serviços mínimos para não sermos multados e levados a tribunal. Ficou, e vai continuar a ficar, mais espaço para as notícias.
Se vivêssemos num país politicamente evoluído teríamos os políticos a pedirem aos jornais mais espaço para as notícias de sociedade e de serviço público em favor dos mais desprotegidos e das instituições injustiçadas pelo regime. Como somos ainda um país de idiotas políticos temo-los aí a tentarem competir entre eles a ver quem é o mais farsola. JAE

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Joaquim Rodrigues Bicho

Morreu o Senhor Joaquim Rodrigues Bicho um dos homem mais importantes do concelho de Torres Novas. É um dos que vai ficar na História do concelho e da região; não por ter sido político mas por ter exercido a cidadania. Já contei neste jornal como o conheci há quase 30 anos quando visitei a redacção de O ALMONDA e vi fechar uma edição. Não me escondeu nada do seu trabalho e das suas opções editoriais. Fui lá para aprender como se fechava a edição de um jornal e trouxe a lição bem dada. Ninguém me conhecia o suficiente para confiarem tanto em mim. A verdade é que o Senhor Joaquim Bicho abriu o livro como se eu fosse da família. Nessa tarde ouvi conversas que ainda hoje me responsabilizam porque não correspondem nada à minha maneira de pensar e de estar neste cargo de dirigir um jornal. Tudo o que vi e ouvi foi de boca calada, respeitando a diferença e, acima de tudo, tentando merecer a oportunidade de ser testemunha.
Fui seu fiel leitor nas páginas de O ALMONDA e considero as suas crónicas verdadeiras lições de vida. Sempre muito bem escritas e com mensagens de pessoa sábia. Muitos dos seus escritos deveriam ser obrigatórios nas escolas do concelho de Torres Novas. Assim seria mais fácil ensinar as crianças a gostarem da sua terra, da sua região e do seu país. JAE

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Quem são os presidentes das juntas de freguesia?

Na passada terça-feira a bola dos miúdos que jogavam no recreio da escola veio bater no vidro do meu carro e por pouco não me despistava. Como percebi que a bola tinha ficado debaixo do carro parei e fui devolvê-la com um longo lançamento por cima das redes.
Demorei alguns segundos a decidir se devia parar o carro, sair e devolver a bola. Depois de fazer o lançamento reparei que havia pelo menos uma pessoa disponível para fazer o que eu fiz. Fiquei ainda mais contente comigo próprio. Lembro-me de outros tempos, no mesmo local, em que eu era a criança e como não havia redes, e os muros eram baixos, bola na estrada era bola perdida ou ralhete pela certa.
Os tempos mudaram para melhor. Estamos mais civilizados. E as crianças da escola também já não ficam debaixo dos carros por andarem a correr atrás da bola. Mas nada é perfeito nem devemos dormir na forma. Esta semana O MIRANTE conta a triste história dos jardins infantis de Vila Franca de Xira que estão ao abandono por incúria das juntas de freguesia. Não havendo terrenos baldios como dantes, nem segurança nas ruas como antigamente, os parques são o mínimo que as autarquias devem oferecer às crianças da terra. Mais de uma centena de parques infantis sem manutenção, a maioria deles fechados, é desmazelo e falta de respeito pelas crianças e pelo bem-estar das populações. JAE

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Uma engenhoca mata peixes

A água do Rio Tejo em Abrantes chega ao açude da cor do petróleo e depois do açude vai deixando ao longo das margens uma espuma que é um verdadeiro bilhete de identidade da poluição com nome e rosto.
Nestes últimos dias fui três vezes ao açude e pude confirmar aquilo que sempre foi a voz do povo: aquela obra foi a maior avaria do ex-presidente da câmara, Nelson Carvalho, e talvez a maior trapalhada da sua gestão, descontando o negócio ruinoso que ele apadrinhou entre Alexandre Alves e o município.
Depois do que aconteceu aos peixes na última sexta-feira a Câmara Municipal de Abrantes tem que arranjar rapidamente uma solução para o açude. A autarquia não pode fazer do açude uma máquina de matar peixes. O que se passou nos últimos dias é mau demais para ser verdade e deixa-nos tristes e revoltados. Aquela engenhoca tipo mamarracho do “passa peixe” não funciona, nunca funcionou nem vai funcionar. O que vi e ouvi contar aos pescadores deve passar de boca em boca para que não se volte a repetir; de nada serve a GNR mandar afastar os mirones e mandar apagar fotos de jornalistas-cidadãos; e os responsáveis da autarquia e da protecção civil não ficam bem na fotografia ao tentarem esconder o sol com uma peneira. Está à vista de todos que os equipamentos do açude não têm manutenção e que o rio foi tomado de assalto pelo betão. JAE

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Exercer a cidadania contra os banqueiros

Esta crónica é um apelo aos mais esclarecidos da nossa urbe; um apelo aos homens de bom coração que gostam da sua rua e amam a sua terra e as suas gentes. Os bancos têm falta de dinheiro por causa da crise. A grande maioria das pessoas está a levantar o seu dinheiro ou a deixá-lo à ordem para qualquer imprevisto. Anda uma azáfama danada nos altos quadros dos bancos a imporem resultados aos gerentes das agências. A ordem é clara e não tem segredos; vendam aos novos e velhos, aos mais e menos esclarecidos, os produtos que mais interessam ao banco. Precisamos de capital, não podemos adormecer, o dinheiro é o nosso negócio, quem não souber trabalhar perde o emprego.
É mais ou menos isto que os empregados dos bancos ouvem dos seus superiores quase diariamente impondo resultados ao final do mês. Os clientes menos avisados, muitos deles com idade para serem filhos dos funcionários dos bancos, se não forem cautelosos vão continuar a investir as suas poupanças em produtos tóxicos. Quando precisarem do dinheiro ele já se evaporou nos negócios ruinosos dos banqueiros. Quando morrerem os seus herdeiros vão ficar com contas comprometidas em depósitos manhosos feitos por pessoas que precisam de garantir o seu emprego e por isso não questionam mais a ética e as boas práticas do negócio.
Depois do BES vai ficar tudo igual. Já não há limites para quem domina o sistema. Depois do que se passou com Ricardo Salgado, que era considerado o príncipe dos banqueiros, o dono disto tudo, o maior amigo dos políticos influentes que usam cravo na lapela, só nos resta acreditar em milagres.
Entretanto voltemos aos velhos tempos e em vez de campanhas de alfabetização assumamos que é um dever de cidadania avisar os incautos sobre as intenções dos banqueiros. Devemos e temos obrigação de exercer a cidadania informando os nossos amigos, familiares e vizinhos sobre como podem defender-se dos enganos dos donos do dinheiro.
Os juros dos depósitos a prazo são ridículos. Quem não sabe o mundo em que vive vai aceitar dois ou três por cento num produto sem retorno garantido. Anda tudo a disparar pólvora seca contra o que já não tem remédio mas o sistema bancário vai continuar a tentar triturar aqueles que ainda não caíram no conto do vigário.
O coração mais negro da maldade fez com que Ricardo Salgado e o seu banco deixassem milhares de portugueses na pobreza depois de uma vida de trabalho. É justo que na nossa rua, na nossa aldeia, na nossa terra, sejamos solidários e avisemos os mais velhos e impreparados para lidarem com os bancos avisando-os de que já não há rendimentos nas contas a prazo. Se receberem ofertas é porque lhes estão a tramar a vida. JAE