quinta-feira, 26 de março de 2020

Boas notícias para quem tem medo de morrer do coronavírus

É mais que certo que a grande maioria das pequenas e médias empresas vai morrer na praia mas o combate ao coronavírus vai ser bem sucedido. Pretexto para escrever sobre angústias no aeroporto de Lisboa.

A profissão de jornalista é uma das profissões mais entusiasmantes do mundo. Quem leva a sério a profissão está sempre a aprender e a levar lições de Humanidade e Civilização. Tive acesso a dados que demonstram que a pandemia do coronavírus pode não ser a tragédia que todos estamos à espera. Nada está provado cientificamente mas a sabedoria dos homens a trabalharem em conjunto nos grandes laboratórios vai encontrar certamente o antídoto que todos queremos para voltarmos a ter de volta uma vida normal. Não é por isso que até lá não temos que seguir cuidados especiais ficando em casa. Não é o meu caso. Sinto-me no dever de trabalhar todos os dias e de contribuir com o meu trabalho para que o mundo seja cada vez mais um lugar melhor para vivermos. E faço parte da gestão de uma das pequenas empresas deste país que pode ficar pelo caminho se não soubermos reinventar o negócio.

Nos últimos dias assisti no aeroporto de Lisboa a um drama que passou despercebido à comunicação social. Um grupo numeroso de brasileiros, apanhados pelos efeitos da pandemia no fim de uma viagem pelo mundo, com regresso a casa marcado no aeroporto de Lisboa, dormiu dias seguidos no chão, à entrada do aeroporto de Lisboa, sem possibilidade de usarem as casas de banho ou sequer encherem uma garrafa de água.
Tratados que nem porcos (ouvi esta expressão dezenas de vezes como grito de revolta), alguns deles sofrem de doenças oncológicas, outros são diabéticos e outros viajavam com crianças. Nada demoveu os responsáveis do aeroporto para acudirem aquela gente que durante os últimos dias choraram baba e ranho à espera de uma vaga num avião. A Embaixada e o Consulado do Brasil em Lisboa estiveram em parte incerta e nunca foram interlocutores no terreno de forma a diminuírem as angústias, as lágrimas e os perigos de contágio do coronavírus. Num desses dias ajudei a dar assistência a um homem que desmaiou e caiu no chão como morto. Os gritos de aflição da mulher a chamar um médico iam criando uma revolução nos senhores que controlavam a fila há dias seguidos. Os dois paramédicos que vieram em auxílio do homem levaram-no para o interior do aeroporto mas a mulher do homem ficou na rua à espera. A polícia, em número razoável, garantia o descanso dos donos das companhias aéreas e dos responsáveis do aeroporto de Lisboa. No meio desta anarquia, destas organizações preparadas para facturarem a correr e antes de prestarem o serviço, apareceu um homem, chamado Ricardo Amaral, presidente de uma associação de brasileiros, que 12 horas por dia fez o que pôde e o que estava ao seu alcance. No último domingo, depois do pequeno tumulto com o desmaio do homem, disse, visivelmente agastado, que ele próprio era doente oncológico e que estava ali desde o primeiro dia, exposto e disposto a morrer pelos compatriotas. Os índios habituais, que vestem do tecido da bandeira do Brasil, ainda hoje estão em parte incerta (na quinta-feira, dia de saída desta edição para as bancas, certamente que alguns ainda estarão à espera de uma solução para o seu regresso a casa).
Falta contar que tinha amigos a sofrerem desta desordem e pude confirmar que alguns deles gastaram o dinheiro que tinham e não tinham para recomprarem passagens aéreas que de nada lhes serviram porque continuaram em terra.

Quem trabalha em comunicação e gosta desta arte de ajudar a construir diariamente o mundo em que vivemos deve actualizar-se e ler o artigo do jornalista João Garcia, no jornal Expresso de 21 de Março, com o título “Um vírus a infetar o jornalismo”, e o de J.M.Nobre Correia no jornal Público, edição de 9 de Março, com o título “Por onde andam os jornalistas” JAE.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Combater a pandemia do coronavírus  e manter o emprego

O Governo português tem milhões prometidos para os empresários mas tudo indica que o dinheiro não vai chegar e se chegar vai ser tarde demais.

A grande maioria dos governos da Europa (Alemanha e França dão o exemplo) está a disponibilizar créditos aos empresários e às empresas que vão sofrer com o impacto da pandemia provocada pelo coronavírus. Se o vírus continuar a ameaçar a saúde dos portugueses até Maio/Junho, o que já é um cenário animador, há empresas que vão pagar salários durante pelo menos quatro meses sem que obtenham quaisquer receitas da sua actividade. Se tivermos em conta que uma boa parte das pequenas e médias empresas vivem com dificuldades de tesouraria, e sofrem as dificuldades de financiamento, é mais que certo que muitas delas vão acabar na falência. Certamente que a médio prazo voltarão a nascer outras empresas mas, até lá, ficam pelo caminho muitos empregos e a segurança e bem-estar de muitas famílias. Os empresários vão passar um mau bocado porque perdem os seus investimentos e, como é norma, vão ficar endividados e a contas com a banca, o fisco e os fornecedores que são sempre os que sofrem a maior pancada, nomeadamente quando são eles próprios também pequenas e médias empresas que ficam sem as receitas da sua actividade. Para usarmos uma expressão popular, que se ajusta bem à realidade, vai ser assim como a pescadinha de rabo na boca: o processo não acaba bem nem para quem comprou nem para quem não consegue pagar o que lhe foi facturado. Já sabemos que, ao Estado, todos vão ter que pagar, mais tarde ou mais cedo, nem que seja entregando o esqueleto.
No sítio do IAPMEI (organismo do Estado que apoia as empresas) está anunciado desde terça-feira, 16 de Março, uma verba de 200 milhões de euros destinadas a apoiar as empresas que estejam a sofrer o efeito do surto. Mas, como é habitual em Portugal, as empresas só se podem candidatar daqui a dois meses fazendo prova do prejuízo, não podem ter dívidas ao Estado e outros quejandos que anulam qualquer oportunidade de apoio.
No dia em que escrevo esta crónica vi dois sinais da CIP e da Nersant preocupadas a pedirem ao Governo que não esqueça as dificuldades das empresas e dos empresários. O Governo não tem mãos a medir para acudir à saúde pública e, aparentemente, tem gerido bem o processo embora só esta quarta-feira tenha acertado com Espanha o encerramento das fronteiras. Entretanto o ministro da Economia desapareceu e aparentemente está de quarentena. E os empresários, nomeadamente os pequenos empresários, só podem estar a trabalhar no duro, fazendo das tripas coração, porque ninguém confia nos políticos nem nos burocratas que trabalham para o Estado.

NOTA IMPORTANTE. O dia de quarta-feira (dia do fecho desta edição que vai para a gráfica aos 11-30h) começou com uma conferência de imprensa dos Ministros das Finanças e da Economia a prometerem ajudas aos empresários. Nada do que disseram contraria o pessimismo desta crónica. Prometo voltar ao assunto e explicar as razões porque não reescrevi o texto. JAE.

quinta-feira, 12 de março de 2020

Apanhados do clima e agora também do coronavírus

Vamos todos ser responsáveis e seguir as indicações da Direcção-Geral de Saúde para não morrermos na praia por causa de um desgraçado de um vírus. Mas não levem a mal que não tenha medo de beijar, abraçar, apertar e andar por aí sem máscara na cara e no coração.


Seja responsável: não brinque com as desgraças que pode ser o próximo desgraçado. Tento levar a brincar a ameaça do coronavírus e, para ser sincero, não consigo ter medo embora tenha cu como toda a gente. Como se ainda tivesse 20 anos, e vivesse em permanente estado de revolução, só me lembro das quedas na Bolsa e dos mil milhões de prejuízo que as grandes empresas estão a sofrer; e nunca me esqueço dos refugiados que desesperam por ajuda; e das notícias que nos informam que os EUA acabam de fazer a maior venda de sempre de armamento. E o Brasil é um dos maiores importadores de armas da América do Sul, logo o Brasil que é o país do mundo que mais gosto e para onde mais viajei ao longo da vida.
Sou sensível e bate mais forte o coração ao ler as notícias da NASA que falam de uma diminuição drástica da poluição nos céus da China por causa da crise do coronavírus. As centrais a carvão da China (e já agora também as do Japão) poluem mais que todos os Estados europeus. E a Europa vive de joelhos perante o comércio chinês. E Portugal, o nosso portugalzinho, já entregou ao chineses uma boa parte da sua economia e, talvez não seja exagero afirmar, uma parte substantiva da sua independência. Nós fechamos as centrais a carvão por razões ambientais e de solidariedade com a vida no Planeta Terra e o Japão e a China inauguram novas centrais a carvão todos os anos como se fossem os donos disto tudo. E é de lá que vem para todo o mundo, incluindo Portugal, o dinheiro e a mercadoria, Deus e o Diabo, agora também o Coronavírus e um dia destes sabe-se lá o que mais.
Tenho na minha estante um livro de capa vermelha, da autoria de Alain Peyrefitte, que tem este título sugestivo: “Quando a China despertar o mundo tremerá”. O livro deve ser de 1975 e não consigo encontrar as razões que me levaram a comprá-lo no Círculo de Leitores que, na altura, era a minha única livraria de bairro. A minha e a de muitos milhões de portugueses. Nunca mais lhe peguei e nem agora que escrevo este texto tenho oportunidade de o folhear. Mas lembro-me dele muita vez porque está lá perdido entre os livros que um dia destes vou doar a uma instituição.
Talvez tenha sido influenciado pelos políticos da altura. Talvez tenha sido também maoísta e não me lembre. Esta é a parte em que mais gosto de pensar que ainda tenho 20 anos e, em vez de imaginar que posso morrer com o Covid-19, só penso nos desgraçados dos lesados do BES, os emigrantes na Venezuela que foram enganados pelos banqueiros mas também os outros; e nas quedas da Bolsa que já chegam aos dois dígitos.
Não estou (só) a brincar com as palavras; tenho leitores que me puxam as orelhas quando me alargo mais em comentários esquerdistas e irresponsáveis; e tenho mais de sessenta anos de idade; pertenço ao grupo de pessoas que correm mais riscos com o vírus da moda. Se morrer pelo caminho pelo menos morro consolado e já tenho com que ranger os dentes na hora da agonia. JAE.

quinta-feira, 5 de março de 2020

A entrega dos prémios Personalidade do Ano de O MIRANTE

A entrega dos prémios Personalidade do Ano de O MIRANTE (edição 2019, realizada no dia 20 de Fevereiro em Santarém, no Convento de São Francisco) junta sempre alguns dos nossos parceiros mais importantes que, regra geral, nunca são notícia porque eles próprios são parte da nossa equipa e responsáveis pelo êxito do nosso projecto editorial e empresarial. Ficam aqui os rostos e os nomes de quatro dessas personalidades para memória futura.
 Fernando Guedes da Silva, Director Comercial e de Marketing da VASP

 Jorge Pires, Director Geral da Moneris

 Jaime Rodrigues, Director de Produção na Grafedisport

Henrique de Carvalho Dias, fotógrafo. (Na foto acompanhado pela sua esposa)