quinta-feira, 31 de outubro de 2019

CTT voltam a falhar na distribuição de O MIRANTE

O MIRANTE e a generalidade das publicações da imprensa regional, que se vendem por assinatura, constituem uma importante fonte de receita para os Correios que é pouco valorizada pela empresa. A privatização dos CTT, no Governo de Passos Coelho, foi um duro golpe no serviço público que os Correios prestavam ao país.
A edição de O MIRANTE da passada semana não foi distribuída na quinta-feira, como é habitual, por razões que até hoje não foram explicadas pelos CTT. Os assinantes de O MIRANTE começaram a ligar bem cedo na manhã desse dia a perguntarem pelo jornal mas os CTT até à data do fecho desta edição não deram explicações sobre a falha no serviço que compromete a relação de confiança com os assinantes e os anunciantes.
Os CTT não perdoam o pagamento a tempo e horas de todo o serviço que prestam a O MIRANTE e a todas as outras publicações da imprensa regional. Há casos de débito de juros de dois dias de atraso no pagamento de facturas. Quando o serviço é deficiente, pondo em causa a credibilidade das empresas na relação com os seus parceiros, como foi o caso da passada semana, a cobrança do serviço é igualmente implacável e não tem em conta os prejuízos que os editores sofrem com os créditos da publicidade, que sempre acabam por acontecer, tendo em conta que muita dessa publicidade perde impacto com o atraso na distribuição do jornal e obriga, em alguns casos, à sua republicação sem custos para os anunciantes.
O MIRANTE sempre teve com os CTT uma relação de confiança, em alguns momentos conturbada pela reivindicação de uma melhor distribuição, mas nunca ficamos, como hoje, a falar sozinhos, sem uma explicação que nos conforte e nos garanta que os CTT não se demitiram da sua função de serviço público embora pago a peso de ouro.
Mesmo sem sabermos o que nos espera por parte da administração dos CTT, que nos ignorou e desrespeitou como clientes, acreditamos em dias melhores. Para isso contamos também com a vigilância das autoridades que têm a obrigação de regular os prestadores de serviço postal.
Na próxima semana voltaremos a dar conta do ponto de situação nesta relação com os CTT de forma a darmos também uma satisfação aos assinantes e anunciantes que, apesar de tudo, confiam em nós e na qualidade do nosso trabalho. JAE

Tempo de férias prolongadas e muitas leituras

Escrevo entusiasmado com as leituras de férias exactamente quando só me apetece ser leitor de crónicas, romances e poesia.


Ando a viajar mas todos os dias escrevo para o jornal como quem tem um compromisso com uma grande paixão. E de verdade não me apaixono assim tão facilmente e já lá vai o tempo, há muito tempo, em que morria de amores dia sim dia sim. E nunca deixei de ir à praia ou ao cinema para ficar a escrever.
Escrever é um compromisso com a sociedade maior do que com os deuses. Os poetas, os romancistas e os ensaístas, que passam a vida depressivos, porque ninguém os lê ou lhes publica os livros, deviam fazer o percurso dos jornalistas antes de qualquer actividade literária. Assim aprenderiam os valores do trabalho colectivo, o gosto de escrever sem assinar, o prazer de reescrever o trabalho dos outros quando a matéria chega mais pobre do que era suposto. Aprenderiam sobretudo a fazer da escrita um prazer igual ao da leitura e nunca publicariam para serem conhecidos mas sim como quem aprende a arte de semear e colher para não morrer de fome no meio de uma qualquer Amazónia da terra e da vida.
Escrevo entusiasmado com as leituras de férias que incluem Manoel Carlos, Walmir Ayala, Ledo Ivo, Manuel Bandeira, Elisa Rodrigues, Rosa Montero, Baptista-Bastos e José Saramago, entre outros. Numa passagem pelo bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, comprei na livraria Argumento, uma das minhas preferidas, o último livro Vagantes da recém prémio Nobel, Olga Tokarczuk, que leio devagarinho, muito devagarinho, para saborear entre outras opções que me entusiasmam mais.
Já vi no cinema “Joker” e “Quem você julga que eu sou”, com dois actores dos poucos que sei o nome de cor:  Juliette Binoche e Joaquin Phoenix; E vi “Bacurau”, um filme brasileiro ao jeito de Tarantino, que  acho que não vai chegar aos cinemas portugueses e é pena.
Pelo caminho tenho deixado apontamentos escritos no vento e no sol; histórias de praia, de shopping, de taxista português anónimo a trabalhar nos cantos mais imprevisíveis do mundo, de gerente de hotel, mas também de livreiros e pequenos patifes.
Tenho contas para acertar com os leitores desta coluna mas, a exemplo do que sempre fiz neste ofício de operário da escrita, só escrevo quando me apetece e acho que ou estou muito azedo ou muito doce.
E vou confessar uma das minhas muitas fraquezas: quando ando a ler cronistas muito bons como Ruben Braga, ou escritores de viagens como Paul Theroux, só para dar dois exemplos, fico vidrado na qualidade da escrita deles e só me apetece ser leitor. JAE