quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A desgraça do camarada


A notícia de O MIRANTE sobre a penhora do vencimento do presidente da Câmara de Ourém gerou uma discussão própria de um país de Velhos do Restelo.
Uma boa maioria dos socialistas que se manifestaram publicamente no Facebook solidarizando-se com Paulo Fonseca lamentaram mais a notícia que a aparente “desgraça” do camarada.
A verdade é que a penhora do ordenado de Paulo Fonseca é notícia em Ourém há muitos meses. E em todos os lugares públicos do concelho se ouve falar deste e de outros assuntos de uma forma, às vezes, tão especulativa que a fantasia ultrapassa em larga medida o tamanho da pequena realidade.
A notícia de O MIRANTE é um serviço a Paulo Fonseca nomeadamente no esclarecimento de um assunto que o atinge pessoalmente e que é razão para grandes manifestações da imaginação popular.
Agora já ninguém tem nada para inventar. O MIRANTE consultou o processo e explicou a verdade da penhora do vencimento de Paulo Fonseca. Nada do outro mundo nestes tempos difíceis que atravessamos.
Fonseca e os socialistas seus amigos e admiradores não pensam da mesma forma. O MIRANTE e os seus jornalistas são o diabo em pessoa e só querem retaliar por causa de umas páginas a menos de publicidade, como confessa o chefe de gabinete do autarca solidarizando-se também publicamente com o seu chefe e “patrão”. A pouca vergonha não é crime; Este é daqueles exemplos tristes e pouco dignos mas quem anda à chuva molha-se, como diz o povo. E para não estarmos aqui com meias palavras tenho uma opinião bem diferente daquela que Paulo Fonseca deu neste caso. Já não penso assim sobre alguns dos seus amigos, camaradas e subordinados que no exercício de cargos públicos têm dado boas provas de panconice crónica. JAE

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Por debaixo dos panos


José Fidalgo foi um autarca respeitado até ao último dia do seu mandato. É raro assistir a um percurso político como o de Fidalgo onde sempre imperou o diálogo e o respeito. A sua retirada de cena muito antes do final do mandato demonstrou um desapego ao poder que também não é normal. Fidalgo entregou a Junta de Vila Franca de Xira de mão beijada a Ana Câncio e seus pares. Deu ao Partido Socialista a possibilidade de regeneração de acordo com políticas e solidariedade que aparentemente já não resultavam.
Apesar dos seus quase 60 anos, José Fidalgo foi acabar o curso universitário e ficou na universidade como professor. É um percurso que não tem nada a ver com as vidinhas de Ana Câncio por mais exemplares que sejam. Não tenho nada de pessoal contra a senhora mas tenho contra os políticos oportunistas e os políticos que não sabem ser gratos e respeitar compromissos assumidos.
O discurso ressabiado de Ana Câncio que foi notícia na passada edição, e ao qual voltamos agora, é um bom exemplo de falta de jeito para a defesa da coisa pública. Em vez de trabalhar e aproveitar para mostrar trabalho, Ana Câncio bateu em José Fidalgo e disse que agora “a casa está arrumada” mas que “falta limpá-la e aprimorá-la, sem limpar o chão com panos sujos”.
O texto de Ana Câncio parece uma redacção do tempo da escola primária. Em vez de aproveitar o balanço de um ano de trabalho para mostrar serviço, não resistiu à tentação de se armar em vítima e em “carapau de corrida”. Não vai longe pelo estilo e pela falta de jeitinho que já demonstrou.
Acho um exagero pedir a sua demissão por causa de um discurso ressabiado. Deve cumprir o mandato até ao fim quanto mais não seja para compensar o facto de ser uma cidadã com privilégios de que nem todos se podem gabar. JAE

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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Algumas palavras a menos


A minha última crónica neste espaço deveria ser sobre livros, cinema, artes plásticas ou o que vai agora pelo Tejo abaixo. Gostava que fosse sobre música mas acho que nunca conseguirei arte e engenho para escrever sobre o tema. Termino com a política como assunto principal.
A passada semana foi especial porque tivemos reunida em Santarém a Associação Nacional de Municípios. Uma tourada como toda a gente sabe. Na altura mais difícil para o Poder Local os autarcas estiveram mais divididos do que nunca. Vamos bater no fundo com os governantes que temos. António José Ganhão e Maria da Luz Rosinha fizeram a diferença embora com posições diferentes. Mas fica o registo porque são dois autarcas em fim de mandato e com Obra feita.

Nesta edição damos conta de uma história que vai custar milhares de euros à Câmara do Entroncamento por causa da falha dos serviços da autarquia na publicação de um concurso público no jornal oficial da União Europeia. Tem sentido chamar a atenção para esta notícia porque este Governo deu uma machadada na transparência da coisa pública ao dar indicações a todos os organismos públicos para que não gastem um cêntimo em publicações na imprensa. Como é evidente os jornais perderam uma receita significativa mas a democracia também perdeu mais uma batalha. A União Europeia vai ao bolso à Câmara do Entroncamento e arranjou-lhe um sarilho que ainda vai dar muito que contar uma vez que a Obra já vai a meio e até o concurso público vai ter que ser repetido. Por outro lado o Governo do país dispensa os jornais e para poupar dinheiro faz o contrário daquilo que a União Europeia quer para manter a transparência dos concursos públicos. Há um secretário de Estado no meio de tudo isto que ninguém sabe o que anda a fazer e se tem alguma opinião. Arons de Carvalho (PS) e Feliciano Barreiras Duarte (PSD) vão ficar na história por terem vistas curtas e não conhecerem o país em que vivem. Por mais do que uma vez tiveram responsabilidades no sector da Comunicação Social e em todas as vezes falharam redondamente.

Esta semana estive na Assembleia da República a assistir a um debate sobre agricultura. No intervalo fui beber um café e paguei 35 cêntimos. Ao meu lado um dos oradores do encontro desafiou a senhora da cafetaria a abrir uma pastelaria no Algarve. O debate era sobre a cultura da beterraba que se semeia nos campos do Ribatejo e Alentejo. Para bom entendedor meia palavra basta. Para não me chamarem mentiroso confesso que o meu café foi pago pelo deputado Vasco Cunha que presidia à comissão e que reuniu alguma da fina flor dos nossos agricultores e dirigentes associativos.

O título desta última crónica neste espaço é enganador. No lugar da crónica publicaremos algumas das notícias que nos últimos tempos têm ficado nos computadores por falta de espaço. Espero compensar as palavras a menos neste espaço com outras palavras mais certeiras e inteligentes noutras secções do jornal. Um jornalista só se reforma no dia em que morre. Apesar de ir a caminho dos setenta anos (só me faltam 12 e ainda ontem tinha 30 anos!!!) sinto que ainda posso continuar a dar o meu melhor por este projecto editorial que faz a diferença na imprensa regional portuguesa.