quarta-feira, 25 de junho de 2014

Adoro panquecas

As sociedades, por vezes, são como os caranguejos; caminham para trás. 
Não há nada a fazer que não seja ter um projecto de vida que contrarie o da sociedade em que vivemos. Ninguém me obriga a ver televisão às oito da noite quando todos os canais transmitem as mesmas notícias desgraçadas e os discursos dos mesmos políticos chatos e incultos; ninguém me obriga a cair na armadilha daqueles que dão a voz de comando para que a sociedade retroceda de forma a satisfazer as clientelas e os mesmos de sempre que se alaparam ao Poder.
Num mundo onde a grande maioria das pessoas é parca em leituras, principalmente de jornais, as televisões aproveitam para organizar a sociedade do espectáculo que nos leva a esta desgraça em que vivemos; 
Deixo aqui uma receita para a felicidade (usada já há uns anos) que pode ser aproveitada por quem tiver um mealheiro; um dos melhores hotéis do mundo (dos mais baratos)  para curar insónias e azias é o Nyhavn em Copenhaga. O segredo é viajar na Primavera ou no Verão e dormir a sesta todos os dias com a janela aberta para poder adormecer ao som das gaivotas. Rente à noite é normal encontrar um baile à beira-rio com o charme e a gente bonita que se pode encontrar num salão de um palácio em Viena de Áustria. Nem precisamos de saber falar inglês. Ali fala-se com os olhos e o sorriso e, às vezes, com as mãos se elas não estiverem muito transpiradas.
Nota: Imaginem o Paulo Bento a gerir uma empresa convocando todos os profissionais doentes só porque tem medo de meter o ofício no corpo dos novos aprendizes! E já agora imaginem o António José Seguro a abraçar o António Costa quando ele ganhar o PS. Por fim: imaginem que o Sócrates, no tempo do outro Governo, tinha vendido o Rio Tejo aos alemães. Alguém acredita que ele não seria na mesma comentador residente da RTP, onde debita todas as semanas textos de teatro que anda a escrever para o seu novo livro. 
Adoro panquecas mas já não tenho espaço para explicar as razões da minha boca gulosa. JAE

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Somos todos culpados

O actual presidente do conselho de administração do Hospital de Santarém , José Josué,  foi chamado à pedra pelos políticos da região e safou-se com palavras mansas. Para ele a culpa é do Governo que não lhe dá médicos e dinheiro. Faltou contar como contesta a falta de condições e de que forma se organiza com os responsáveis locais e regionais para cumprir a sua função em defesa dos cidadãos cuja qualidade de vida depende dos bons serviços do Hospital. Todos sabemos que estes lugares de Direcção não são fáceis. A maior prova é o que se passa no Centro Hospitalar do Médio Tejo, onde nos últimos tempos tem sido difícil dispor de um corpo clinico estável. Mas quem aceita estes lugares deve ser mais competente e menos político. O Hospital de Santarém tem os melhores equipamentos que existem no país para o tratamento do HIV e para as doenças de foro oncológico, entre muitas outras. Apesar da crise, tem um grupo de médicos que faz a diferença em algumas especialidades. Falta saber se com esta administração não vamos perder o muito que ainda temos. Devemos ser exigentes e vigilantes. E pedir aos políticos que nos representam que não se deixem enganar com as desculpas de que o Governo de Passos Coelho tem que saber que as urgências dos hospitais não funcionam e as seringas acabaram. JAE

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Editorial - Santarém merecia melhor CNEMA

Sábado, 7 de Junho, começa a 61ª Feira do Ribatejo. Como vem sendo hábito soubemos melhor da data do acontecimento quando a organização do evento encheu a cidade de Santarém com cartazes de plástico, a exemplo do que fazem as organizações que abusam dos critérios largos da autarquia para publicitarem de forma selvagem.
Faz agora um ano, desafiamos os responsáveis do CNEMA e da câmara municipal a organizarem um debate público sobre o presente e o futuro da Feira. Aquele espaço está por conta de uma organização que não defende os interesses da cidade e do concelho e tudo o que ela herdou tinha dono e fazia parte do património de Santarém.
Os últimos presidentes do município foram um desastre na defesa e governação dos interesses da autarquia em favor da CAP (Confederação dos Agricultores Portugueses), a organização que mobiliza os dirigentes que tomam conta do CNEMA. As batalhas que têm sido travadas entre as várias administrações e a autarquia davam um filme. Depois de todas as batalhas há uma guerra para vencer. Se o actual presidente, Ricardo Gonçalves, for fraco e inseguro, a CAP pode ficar ainda mais dona do CNEMA e a seguir tomar conta da Igreja da Graça e do Jardim das Portas do Sol que nada a impedirá.
Que a 61ª edição da Feira do Ribatejo seja um sucesso. Vamos todos à Feira. Não há CAP nem João Machado que possam impedir a festa ou calar a voz dos indignados com a pouca vergonha das deliberações milionárias que incluem trocas de terrenos e outras contrapartidas que um dia conheceremos.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A melhor forma de roubar os bancos

Uma pesquisa recente no arquivo digital de O MIRANTE levou-me a reler a história triste de Nelson Pita, de Foros de Salvaterra de Magos, que depois de uma tentativa frustrada para roubar dinheiro da agência do banco Millennium, em Samora Correia, foi condenado, meses depois do assalto à mão armada, a mais de sete anos de cadeia. Não soube mais nada da vida de Nelson Pita, nem sei se o assaltante, ou a sua pobre família, conseguiram resolver, sem armas, os problemas financeiros que o levaram à loucura. O que sei, e dou conta disso porque acho espectacular que certas coisas ainda aconteçam sem que a justiça funcione, é que é muito mais fácil roubar um banco pedindo dinheiro emprestado que imitando o cidadão de Foros de Salvaterra.
Há largos anos que a imprensa portuguesa noticia os inúmeros esquemas com que a classe mais rica do país se financiava, e provavelmente ainda se financia, para comprar acções na Bolsa, participar no aumento de capital de empresas ou investir em várias frentes dos negócios à portuguesa. Há administradores bancários que assinaram de cruz alguns desses empréstimos chorudos e a taxas de juro irrisórias dando como aval apenas, e só, o próprio investimento, como se emprestador e beneficiário fossem da mesma família e comessem todos os dias à mesma mesa.
A notícia de O MIRANTE sobre o assalto frustrado de Nelson Pita acaba a informar que este teria apanhado mais anos de cadeia se não tivesse negociado com o banco o pagamento de 1265 euros para compensar os estragos no tecto do edifício da agência bancária. Falta saber se a justiça portuguesa anda a negociar com os ditos administradores bancários o quanto eles têm que pagar de indemnizações antes de os meterem na cadeia como fizeram com Nelson Pita. JAE