quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

O que a Google não conta e o que conta e é tudo um faz-de-conta

Esta semana não digo mal de ninguém nem me meto com a GNR e a BRISA. Vou filosofar embora mostrando os dentes.

Na manhã cedo do dia em que alinhavo a crónica desta semana há pelo menos três figuras públicas mais novas do que eu, que há poucos dias ainda apareciam nas televisões, a morrer de cancro, daquele que acaba com o canastro em poucos meses. Enquanto ponho a conversa em dia com uma dessas figuras públicas, que enriqueceu nestes últimos 30 anos graças ao seu trabalho político e profissional, falamos da precariedade da vida e da necessidade de cuidarmos da saúde física e espiritual para não acabarmos como eles. 

A conversa decorreu numa moradia numa zona residencial de Lisboa onde este meu amigo vive há muitos anos. Vieram à conversa duas figuras de Santarém e da região ribatejana ainda vivas mas que já tiveram e viveram o seu tempo. De repente ele confundiu o nome e a actividade de um com a do outro. E eu fiquei a pensar; analisado de longe tem sentido. O percurso foi muito igual, trabalharam muito, ganharam muito dinheiro, mas não fizeram nada de extraordinário pela comunidade. Daí estarem, ainda vivos, embora retirados, já no rol dos que começam a ser lembrados só pelo dinheiro que ganharam e pelas influências que tiveram ou ainda têm. 

Antes deste encontro fui ao Google, o altar de todas as informações, e confirmei que o meu amigo, que tem um currículo e um trabalho muito acima da média das figuras públicas e mediáticas da vida portuguesa, é banalizado por duas dezenas de artigos de jornais e televisões que só falam do mesmo, como se a vida dele fosse o resumo de um daqueles fins de tarde em que matamos saudades a andar no carrossel ou nos carrinhos de choque de uma feira.

Como é evidente, falamos de poder e de dinheiro, tudo aquilo que ele tem a mais e eu a menos. E a conclusão é surpreendente porque nunca fulanizamos a conversa nem ficamos a contar pelos dedos ou a fazer contas numa máquina de calcular: o dinheiro não vale nada, mesmo quando é muito; mais tarde ou mais cedo vai aparecer o dia em que a doença não se cura com dinheiro e a idade não se prolonga e multiplica com os euros fáceis dos negócios.


No dia em que escrevo esta crónica descobri que sou neto de dois filósofos, e uma cientista, que não aparecem nos motores de busca da internet e chegaram ao fim da vida pobres como Cristo. E, no entanto, deixaram marcas inconfundíveis ao cimo da terra que a Google nunca conseguirá resumir conforme a vontade de alguns jornalistas e outros macacos que falam nas televisões. Agora que estou na idade de gozar a vida, depois de trabalhar muito sem medo do trabalho, penso neles ainda com mais carinho. E quando tenho a oportunidade de falar com alguém, que me abre a porta de mundos que nunca vivi, fico feliz por saber, por vivenciar, fazer comparações, ter já idade e tempo para tirar conclusões. Ainda vou escrever um romance à beira de uma praia, ou de um rio, perto de uma cabana, com uma moto por perto,  um frigorífico e um armário de cozinha sempre com o essencial para não passar fome; e jamais viverei de recordações porque vou andar por aí num reviralho sem tempo para tirar o sal do corpo. JAE.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

BRISA e GNR ainda não pediram desculpa aos condutores da A1

A BRISA e a GNR ainda não pediram desculpa pelo fracasso da mega operação na A1 entre Torres Novas e Santarém. E há razões mais do que suficientes para termos a empresa e a autoridade a reconhecer que falharam no preço das portagens e no exercício da autoridade.


A notícia mais vista e comentada desta semana em O MIRANTE foi a mega operação da GNR na estação de serviço entre Torrres Novas e Santarém, a um domingo ao fim do dia, quando toda a gente regressava à grande Lisboa. A fila de 10 quilómetros e os transtornos causados a milhares de pessoas que foram apanhadas numa espécie de emboscada, embora tenham pago a portagem numa auto-estrada que pode custar trinta euros para quem faz uma viagem do Porto a Lisboa. Há muitos testemunhos no site de O MIRANTE que comprovam que muita gente esteve mais de três horas parada na auto-estrada, alguns condutores com crianças dentro do carro, o que só por si é uma falta de respeito pelo bem-estar e pela confiança que os cidadãos têm nas forças policiais.

Minutos antes da operação começar foi divulgada em directo uma entrevista com o comandante operacional que deu como principal justificação o excesso de acidentes neste troço da auto-estrada e a necessidade de corrigir o problema. De verdade, o que resultou da operação foi um verdadeiro embuste, a que as televisões e os seus jornalistas fizeram vista grossa, depois do favor do exclusivo que lhes foi concedido pelos militares. Este é o país que temos; tudo o que não se passa entre a Segunda Circular, em Lisboa, a Ponte 25 de Abril e os caminhos de alcatrão para as cidades da Linha de Sintra não conta como notícia, mesmo que os cidadãos tenham que engolir a maior das injustiças. Volto ao assunto, a exemplo do que escrevi na última semana, porque a GNR tinha o dever de justificar os excessos e pedir desculpa pelo fracasso da operação e pelos inconvenientes causados. Nenhuma autoridade pode ficar indiferente àquilo que foram as reacções à notícia de O MIRANTE nomeadamente nas redes sociais. Assim ficávamos com a certeza que nada disto se voltaria a repetir. E até a Brisa, que cobrou as portagens, tinha obrigação de pedir desculpa e justificar-se também mostrando-se solidária com os seus utentes. Infelizmente ainda somos um país de brandos costumes; quem tem o poder exerce-o sem ser escrutinado; e quem devia protestar é esmagado sem apelo nem agravo porque alguma comunicação social ainda é suficientemente controlada pelos poderes públicos para não abrirem brechas na confiança mútua.

Não há dúvida que Portugal está a ficar mais perto de deixar de ser um país do terceiro mundo ao nível da justiça e da saúde. O controlo da pandemia é uma vitória de António Costa e a guerra entre magistrados, que está a pôr a nu os graves problemas da classe e das suas associações, pode ser um bom sinal para que alguém tenha vergonha e nunca mais volte a descurar os interesses do país em favor dos seus interesses mesquinhos como se Portugal fosse território venezuelano ou colombiano.

Uma das situações que mais me surpreende no ser humano é ficar rabugento e intolerável quanto mais vai ficando velho. Vemos isso no trânsito, nos serviços públicos, na maioria dos casos em que a paciência devia ser a maior das virtudes. A maioria de nós confunde a chegada do fim da sua vida com o fim da civilização. O Homem deve ser assim desde que inventou a roda, e depois o fogo, mas nestes tempos de internet e de viagens ao espaço já nada o justifica. É verdade que os bárbaros nunca vão desaparecer mas sejamos razoáveis; já são poucos os exemplos em que se puxa de uma arma para defender uma ideia; e só combatendo as excepções é que podemos justificar que merecemos os supermercados cheios de comida, os rendimentos sociais e uma pandemia que parecia trazer o fim do mundo e parece controlada ao fim de dois anos.

Viva a ciência e a democracia que, embora tenha muitos defeitos, é o regime mais próximo daquilo que o Homem persegue em todo o Mundo mas só uma parte é que goza desse privilégio. JAE.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Levar com as fardas em cima ao domingo no regresso a casa

Uma operação da GNR, que envolveu mais de seis centenas de militares, desviou ao final da tarde do último domingo todo o trânsito da A1 que seguia para sul. A operação foi na estação de serviço de Santarém e só as televisões tiveram honras de reportagem, curiosamente antes de tudo começar e haver condutores que esperaram três horas no local.


Quanto mais o tempo é de pandemia, de injustiças e de maiorias políticas mais se justifica uma comunicação social com bons jornalistas que ajudem a defender os valores de uma sociedade democrática.

Dou alguns exemplos: na passada semana O MIRANTE denunciou eventual corrupção no seio da GNR de Santarém. Dois guardas foram transferidos para postos secundários como castigo enquanto aguardam resultados do inquérito (O MIRANTE tem os nomes das localidades dos postos para onde foram transferidos mas por questões editoriais resolvemos não divulgar). Por causa da nossa notícia a GNR retaliou e não convidou O MIRANTE, como é hábito, para uma mega operação (espectáculo) que montou na estação de serviço entre Torres Novas e Santarém. Foram 4 horas de trabalho com condutores a queixarem-se que estiveram três horas retidos até serem fiscalizados. Tudo isto num domingo com milhares de pessoas a regressarem a casa depois do fim-de-semana na terrinha. Como é evidente as imagens passaram nas televisões. Mas não passaram os protestos daqueles que pagaram portagem para chegarem a casa mais cedo e levaram com as fardas em cima. Uma vergonha já que, aparentemente, as autoridades quiseram resolver num domingo, ao fim da tarde, aquilo que devem ir resolvendo durante vários domingos ao longo do ano. 


O triste espectáculo que as televisões nos deram da criança que esteve presa no fundo de um poço, numa cidade marroquina, é o pior exemplo do serviço televisivo dos últimos anos. A vida do Rayan não tem preço, assim como não tem a vida de outras crianças que a essa mesma hora que foi fatal para o menino marroquino, mais de 100 horas depois do sofrimento, morriam de fome, ou de armas na mão, na Síria, na Colômbia ou em Moçambique, só para citar três países de três continentes diferentes. O que as televisões portuguesas fizeram foi aumentar o número de pessoas que, depois de tantas horas de exploração dos seus sentimentos mais mórbidos, vão continuar a parar no trânsito quando vêem um acidente e não aceleram o carro sem apalpar o sangue das vítimas e arranhar o coração nos destroços dos veículos. 


A derrota de alguns partidos políticos nas últimas eleições legislativas fez cair da cadeira alguns deputados com assento parlamentar que parecia herdado do 25 de Abril como se o Dia da Liberdade fosse um dia mais especial para uns do que para outros. É o caso de António Filipe que já era deputado pelo PCP há 33 anos e que agora vai para casa coser meias. Entretanto a CDU perdeu o poder em Alpiarça, em Constância, em Coruche e na Chamusca, onde a pobre da vereadora que representa a foice e o martelo não consegue tempo sequer para ler os documentos que lhe chegam às mãos tarde e más horas e muito menos tem força e preparação política suficiente para fazer o seu trabalho solitário já que a CDU na Chamusca desapareceu do mapa. Quanto aos camaradas, desde que a câmara deixou de ser do partido do poder desaparecerem do mapa e parece que nunca existiram; alguns foi como se lhes tirassem um peso de cima e outros trabalham mais nos sindicatos onde ganham a vida. Se este PCP de hoje tem memória do que era o PCP de Carlos Brito, Álvaro Cunhal e Octávio Pato, macacos me mordam. JAE.

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Joaquim da Cruz: o rapaz da drogaria na Chamusca


Morreu o Joaquim da Cruz. Tinha 70 anos e ainda ontem era jogador da bola e vendia cal e pregos ao balcão de uma drogaria da Chamusca.

Morreu o Joaquim da Cruz, talvez um dos chamusquenses mais conhecido e estimado na terra. Quem tem a obrigação de escrever nunca fará justiça quando classifica a notoriedade das pessoas em relação a outras que morreram e todos esqueceram no dia a seguir. Mas arrisco afirmar que o Joaquim da Cruz era um rapaz, já com 70 anos, de quem toda a gente gostava, que trabalhou uma vida inteira atrás de um balcão até que a sua loja começou a dar prejuízo, e ele fez-se operário por conta própria; e assim foi ganhando a vida para manter a família e dar o exemplo aos filhos.

Quem tem boa memória, e numa terra pequena todos guardam os grandes dramas do tempo em que o mundo era mais pequeno, o Joaquim da Cruz perdeu há mais de três décadas uma filha, com cerca de 11 anos de idade, que ainda hoje é chorada por muita gente; naquela altura a dor de uma família da terra era a dor de toda a população. Hoje não é assim; definitivamente; perdeu-se o espírito de comunidade. As colectividades fecharam, as lojas de bairro acabaram, a vila desertificou-se, os supermercados são quase o único ponto de encontro onde é muito fácil desviarmo-nos de quem não queremos dizer adeus ou apertar a mão. Os políticos, a grande maioria, são uns estupores, que não percebem que estão nos lugares públicos para servirem a população e não para se servirem a eles próprios e aos seus amigos.
O Joaquim da Cruz era um tipo que podia ter sido capa de uma revista de moda quando tinha 20 anos por causa da cor da sua pele, das sardas, do cabelo e do seu corpo enxuto; era um tipo que driblava bem a jogar a bola e dançava razoavelmente; não era muito namoradeiro assim como a generalidade da rapaziada do seu tempo porque, na altura, começava-se a namorar muito cedo e, regra geral, a rapaziada casava-se por volta dos 20 anos com a rapariga com quem começavam a namorar aos 14 ou 15 anos.
O Joaquim da Cruz não jogava à batota, nem sequer à sueca, nem ao bilhar, às vezes jogava ao paulito, se bem me lembro; gostava de conversar e bebia minis, embora não fosse daqueles que bebesse o vinho e o juízo ou bebesse até cair. Foi sempre um tipo às direitas, como se dizia na altura, para classificar um homem bem-comportado em sociedade, e que servia de exemplo.
Tenho uma dívida de gratidão com ele, que paguei em parte, só numa pequena parte, com o pêlo do cão. Mas vou só falar da minha dívida e não do pêlo do cão. O Joaquim da Cruz foi daqueles que fez publicidade neste jornal, nos primeiros anos de vida, enquanto o negócio da drogaria foi próspero. Para ele fazer parte do jornal era uma obrigação, independentemente da linha editorial; o que lhe interessava era apoiar a iniciativa enquanto divulgava o seu negócio.
Também ele ajudou a pagar a aventura editorial de um jornal que durante os primeiros anos chegava de borla à caixa do correio de algumas pessoas, porque se recusavam a pagar a assinatura, e eu achava que elas deviam continuar a receber o jornal até morderem a língua, e devolverem o pacote postal, como aconteceu na maioria dos casos.
O Joaquim da Cruz nunca soube nada disto, nem eu lhe contei o que é que me passou pela cabeça para começar a escrever e a editar um jornal; nem isso interessa agora que já lá vão quase 35 anos; mas eu vi morrer a sua loja pouco a pouco, com as estantes vazias e a falta de clientes; entrei nos fundos da loja e vi o poder da caliça nas paredes e a humidade dos barrotes que sustentam uma casa; como vejo hoje a mesma realidade num espaço comercial que abandonei na Chamusca por estas e outras razões, mas onde vivi parte importante da minha vida e ganhei dinheiro para outros voos.
Soube que o Joaquim da Cruz passou os últimos tempos de vida no Hospital de Santarém mas, embora trabalhe aqui a dois passos, não fui visitá-lo nem dar-lhe um abraço. Desaconselharam-me a fazê-lo. Ainda hoje não sei porquê nem percebo porque fui na conversa. Tarde e más horas envio-lhe um abraço já com saudades, desta vez em letra de fôrma; e aproveito para recordar a homenagem que Ernest Hemingway prestou ao poeta John Donne que está algures neste trecho do livro “Por Quem os Sinos Dobram: “Nenhum homem é uma ilha, inteiramente isolado, todo o homem é um pedaço de um continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar dos teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do género humano. E por isso não perguntai: Por quem os sinos dobram; eles dobram por vós”. JAE.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Ribatejo tem um único concelho que é laranja e um líder político distrital que é uma boa peça

O concelho de Ourém foi o único do distrito que não se coloriu de rosa; e é em Ourém que está instalado o quartel general do PSD distrital. Durante a campanha, o líder laranja João Moura ameaçou mudar o concelho de Ourém para o distrito de Leiria.

Na noite das eleições, enquanto as televisões repetiam com os seus convidados os mesmos comentários rebuscados de sempre, enchendo chouriços com previsões de bruxos, e uma dinâmica de reportagem igual à que se faz há meio século, revi um filme estreado em Toronto em 2018 que conta a vida da jornalista de guerra Marie Colvin, que morreu em 2012 a trabalhar debaixo de fogo numa reportagem na Síria. Maria Colvin foi a primeira jornalista ocidental a entrar em Homs e a denunciar o presidente sírio, Bashar al-Assad, que estava a bombardear o seu próprio povo. O filme acaba com a repórter a morrer entre destroços minutos antes de ter emitido a sua última reportagem para o The Sunday Times, contando os horrores da guerra e o sofrimento do povo.

O filme terminou a tempo de ouvir as declarações dos principais líderes dos partidos que conseguiram representação parlamentar nas eleições legislativas do último domingo. António Costa esmagou o PSD de Rui Rio e até no discurso de vitória foi igual a si próprio: não disse baboseiras; pelo contrário, mostrou-se receptivo para trabalhar com todos os partidos o que, sabemos todos, é discurso político puro e duro já que, na realidade, vai governar com a sua gente e vai mandar crescer a oposição enquanto é tempo.

Rui Rio mostrou no seu discurso porque perdeu as eleições e não esteve à altura de um PSD que teve em Sá Carneiro e em Passos Coelho dois líderes sem igual: a sua declaração resume-se às palavras: “sinceramente, se se confirmar a maioria absoluta do PS, não sei o que é que vou fazer no partido durante os próximos 4 anos”. E ficou por aqui, de tal modo que lhe permitiu o espectáculo que incluiu falar em alemão para um jornalista da RTP que lhe perguntou se se demitia do partido. Este Rio sempre trabalhou com as terceiras linhas do PSD, convencido que o poder em Portugal faz-se por ciclos, que Portugal é uma espécie de cidade do Porto um pouco maior,  e agora teve aquilo que merecia; vai tomar conta do gato que tem em casa e trabalhar para uma grande empresa que certamente vai facturar muito com ele.

Uma última nota para o líder da Iniciativa Liberal que, frente às camaras de televisão, teve uma emoção parecida com a de uma menina que recebe uma boneca Frosen: “vou ter um grupo parlamentar: nem quero acreditar”. André Ventura e os seus malucos espreitam estes políticos tolos, a começar na líder do PAN e a acabar no líder do CDS, que foi educado numa escola militar, mas nunca precisou de torcer o pescoço a uma galinha para depois a depenar, cozer e finalmente matar a fome.


O concelho de Ourém foi o único do distrito que não se coloriu de rosa. É em Ourém que está instalado o quartel general do PSD distrital que também preparou esta derrota estrondosa do partido e de Rui Rio. Durante a campanha, o líder laranja João Moura andou com os seus camaradas a ameaçar que se o PSD ganhasse e os socialistas não respeitassem o que o PSD anda a reivindicar para a CIM da Lezíria do Tejo mudava o concelho de Ourém para o distrito de Leiria. Esta ameaça foi feita numa reunião pedida pelos deputados do PSD a um líder socialista e não na CIM do Médio Tejo, a que pertence o concelho de Ourém, que por acaso também é presidido por uma socialista. Vá lá saber-se porquê, João Moura poupou a socialista Anabela Freitas, de Tomar, e veio desancar as suas frustrações em Pedro Ribeiro, de Almeirim. Mas a ameaça de João Moura tem uma volta na ponta que vale a pena deixar aqui bem à vista; se Ourém mudasse para o distrito de Leiria, João Moura chegava tanto a um lugar elegível nas listas do PSD nas eleições para a Assembleia da República, como eu um dia vou chegar a presidente do partido dele. O homem é esperto tanto quanto o seu compadre Rui Rufino; são verdadeiramente uma dupla para dar trabalho a quem um dia há-de escrever a história da futura Região Autónoma do Ribatejo. JAE.