Mas que lindo mês de Agosto. O Entroncamento é a
terra do homem fenómeno José Canelo, campeão do mundo de atletismo em
maiores de 90 anos. Mas é em Coruche que duas ribeiras em território do
Couço (a ribeira de Sor e a ribeira de Raia) dão corpo e vida ao Rio
Sorraia que na segunda-feira, feriado municipal, recebeu um barco para
visitas guiadas à vila. Quem não acredita que veja o vídeo de O MIRANTE
TV publicado no sítio diário. É curioso como um rio que nasce de duas
ribeiras, aqui à nossa porta, tem tanta influência na vida de uma terra e
representa um investimento sempre em actualização. Há muitos outros que
têm o Tejo ao fim da rua onde moram e, ou fazem dele retrete, ou
ancoradouro para barcos, quando não é o caso de o ignorarem simplesmente
para proveito das indústrias que de vez em quando pintam a sua água da
cor do petróleo. E não falamos mais, por agora, de açudes que servem
como armadilhas para os peixes, obra de políticos que ainda hoje são
considerados como se tivessem sido autarcas modelo, quando não passaram
de simples fanfarrões na utilização dos dinheiros públicos em tempos de
vacas gordas.
Mas que lindo mês de Agosto. Luís Ferreira, o
homem de Cem Soldos que põe de pé o Festival Bons Sons, merece que o
apontemos como exemplo. Ao contrário do que é habitual em iniciativas
culturais o Bons Sons não vive do favor dos políticos nem do dinheiro do
orçamento público. Tem patrocinadores e paga-se com o dinheiro das
entradas. Os políticos festeiros da nossa região deviam seguir o
exemplo.
Em Dornes, ou na praia fluvial da aldeia do Mato
ou em Constância, na confluência do Zêzere com o Tejo, a natureza é
espectacular e é um privilégio viver nesta região do Ribatejo. No
entanto estamos entregues a meia dúzia de políticos fraquinhos como
decisores que vivem em “tocas e gaiolas” e só sabem promover-se a eles
próprios. Dou o exemplo do Dr. Pombeiro que, enquanto presidente da
Câmara da Barquinha, o melhor que fez foi dar o nome ao cais principal
da vila, e agora é secretário executivo da Comunidade Intermunicipal do
Médio Tejo, um cargo que, para nossa maior desgraça, lhe dá ainda mais
importância que o de presidente da Câmara da Barquinha.
Mas que lindo mês de Agosto. O rio Sorraia, que
nasce de duas ribeiras em território do Couço, faz milagres em Coruche.
No site “Viver o Tejo” da NERSANT há muito mais informação sobre lugares
da nossa região onde Deus ainda anda descalço e em tronco nu.
Mas que lindo mês de Agosto era o princípio de
uma frase chorada sobre o que é viver num país em que toda a gente se
lamenta com falta de dinheiro e de trabalho mas assim que a pulga aperta
vai a banhos para o Algarve e para a linha do Estoril. Mas também era
sobre os campos do Ribatejo, onde nesta altura já se faz a vindima,
ainda se apanha o tomate e o milho é o rei da paisagem. JAE
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
“Poesia-me”
"Poesia-me”. A palavra está escrita num mural algures numa cidade que já esqueci o nome. Ainda hoje me sirvo dela. “Não estamos aqui para viver vidas úteis....mas belas”. Esta frase foi roubada de um livro e está escrita na minha testa para a ler quando me vejo ao espelho. Regra geral estou “aqui” quase sempre a fazer o contrário daquilo que os mestres ensinam; “O livro é um mudo que fala; um surdo que responde; um cego que guia; um morto que vive”. Palavras do Padre António Vieira que é autor do Sermão a Santa Iria de Santarém “na opinião do mundo, uma das virgens loucas que por isso excedeu singular e unicamente a todas as virgens prudentes”. A Obra está a ser reeditada mas o Sermão está na internet disponível para todos os que gostam de ler o mais sábio de todos os padres portugueses que foi condenado em 1667 pela Inquisição e privado de pregar em público, além de ser obrigado a passar cinco anos em degredo, em Roma. Um doloroso castigo pois os sermões transformaram Vieira, citando Fernando Pessoa, no “imperador da língua portuguesa”. A punição deu origem a uma amizade epistolar com Cristina Vasa, ex-rainha da Suécia, que foi morar em Roma depois de abdicar do trono. As cartas, muito eróticas, foram recentemente publicadas em livro, no Brasil, e são uma inspiração para qualquer cristão que se preze, vista batina ou calças de ganga.
O relatório diário da Mariana em Agosto é uma desilusão. Gosto de chegar ao fim do dia e ler os recados dos leitores zangados com a má distribuição do jornal, o recado do leitor azedo com a notícia que saiu incompleta, o telefonema anónimo a denunciar algo errado, as ordens dos leitores que muitas vezes entendem, e bem, que nós somos fraca-roupa e que, muitas vezes, ficamos nas covas. Em Agosto pára tudo. Até os telefonemas dos leitores a protestarem ou a sugerirem notícias. Vivemos num país que, como no tempo das vacas gordas, vai de férias em Agosto. Apesar de ter caído o Carmo e a Trindade com a prisão de José Sócrates e Ricardo Salgado, e de Mário Soares, o Papa da nossa democracia, ser visita assídua dos dois, Portugal vai de férias em Agosto e não discute o preço do hotel nem da diária. O Padre António Vieira gostaria certamente de alterar alguns dos seus sermões caso fosse Santo ao ponto de nos fazer uma visita a cada século. JAE
O relatório diário da Mariana em Agosto é uma desilusão. Gosto de chegar ao fim do dia e ler os recados dos leitores zangados com a má distribuição do jornal, o recado do leitor azedo com a notícia que saiu incompleta, o telefonema anónimo a denunciar algo errado, as ordens dos leitores que muitas vezes entendem, e bem, que nós somos fraca-roupa e que, muitas vezes, ficamos nas covas. Em Agosto pára tudo. Até os telefonemas dos leitores a protestarem ou a sugerirem notícias. Vivemos num país que, como no tempo das vacas gordas, vai de férias em Agosto. Apesar de ter caído o Carmo e a Trindade com a prisão de José Sócrates e Ricardo Salgado, e de Mário Soares, o Papa da nossa democracia, ser visita assídua dos dois, Portugal vai de férias em Agosto e não discute o preço do hotel nem da diária. O Padre António Vieira gostaria certamente de alterar alguns dos seus sermões caso fosse Santo ao ponto de nos fazer uma visita a cada século. JAE
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Os amigos e os horizontes largos
Uma empresa local ou regional, como é o caso da empresa editora de O MIRANTE, precisa de uma gestão global. Por isso há muitos anos que viajo pelo mundo sempre com um pretexto para visitar uma gráfica, uma feira do livro, um congresso de editores, uma redacção de um jornal ou de uma televisão, muitas vezes só para participar em congressos.
Algumas vezes os interesses imediatos na resolução de certos assuntos estão muito longe dos limites geográficos da nossa área de trabalho. Foi o que aconteceu recentemente: Precisava de falar urgentemente com um professor da Universidade de Coimbra. Depois de várias tentativas sem êxito telefonei ao meu amigo Américo Oliveira que vive em Coimbra e contei-lhe o que precisava. Desligou o telefone e meteu-se a caminho da Universidade. Foi ao departamento onde o Professor trabalha, conseguiu entrar no seu gabinete e ligou o seu telemóvel proporcionando uma conversa que acendeu a luz ao fundo do túnel.
Estou a escrever este texto ainda cansado da viagem mas com a sensação de dever cumprido. Além disso hoje descobri uma terapia espantosa que vou começar a trocar pelos mergulhos na piscina. O assunto que me levou a Coimbra ficou tratado a meio da manhã. O resto do dia foi para revisitar a cidade e os livreiros. A ideia é repetir a façanha todas as semanas visitando outros lugares, de preferência sem trabalho pelo meio.
O meu amigo Américo Oliveira, que ainda teve tempo para beber um café comigo e levar-me ao seu livreiro preferido, não valorizou muito a ajuda que me deu e achou que não tinha feito nada do outro mundo. É uma sorte ter bons amigos que têm os horizontes largos e sem neblinas. JAE
Algumas vezes os interesses imediatos na resolução de certos assuntos estão muito longe dos limites geográficos da nossa área de trabalho. Foi o que aconteceu recentemente: Precisava de falar urgentemente com um professor da Universidade de Coimbra. Depois de várias tentativas sem êxito telefonei ao meu amigo Américo Oliveira que vive em Coimbra e contei-lhe o que precisava. Desligou o telefone e meteu-se a caminho da Universidade. Foi ao departamento onde o Professor trabalha, conseguiu entrar no seu gabinete e ligou o seu telemóvel proporcionando uma conversa que acendeu a luz ao fundo do túnel.
Estou a escrever este texto ainda cansado da viagem mas com a sensação de dever cumprido. Além disso hoje descobri uma terapia espantosa que vou começar a trocar pelos mergulhos na piscina. O assunto que me levou a Coimbra ficou tratado a meio da manhã. O resto do dia foi para revisitar a cidade e os livreiros. A ideia é repetir a façanha todas as semanas visitando outros lugares, de preferência sem trabalho pelo meio.
O meu amigo Américo Oliveira, que ainda teve tempo para beber um café comigo e levar-me ao seu livreiro preferido, não valorizou muito a ajuda que me deu e achou que não tinha feito nada do outro mundo. É uma sorte ter bons amigos que têm os horizontes largos e sem neblinas. JAE
Subscrever:
Mensagens (Atom)