quinta-feira, 26 de julho de 2018

Abaixo as touradas. Vivam as touradas.

A corrida de O MIRANTE no Campo Pequeno foi um espectáculo que deu gosto ver. Confesso a minha paixão pela festa brava que é mais devida à emoção que à razão. O facto de ter militado durante um tempo nos forcados, ainda que curto, deixou marcas. Na última quinta-feira, com a realização de algumas pegas, entre elas a dos dois forcados do Grupo da Chamusca (Bernardo Borges e Francisco Borges), que silenciaram a praça, percebi melhor as razões que levam, em certos casos, as minhas emoções a sobreporem-se às minhas razões.
Os forcados, que são os parentes pobres da festa, valeram o dinheiro do bilhete. O ganadeiro Joaquim Alves de Andrade, que já tinha assumido em entrevista a O MIRANTE que não é só criador de bois, foi ao centro da praça duas vezes, o que diz bem da qualidade do curro de touros que levou para Lisboa.
O público, como por magia, de vez em quando começava a bater palmas, de forma cadenciada e quase musical, a puxar pelos artistas, como se fizesse parte de uma plateia paga para animar o espectáculo. Nem parecia que estávamos numa corrida de toiros em Portugal. Até o tempo da corrida foi quase perfeito. E os toureiros que não brilharam também não foram receber as flores e os aplausos a favor.
A noite de quinta-feira, 19 de Julho, parecia uma noite como outra qualquer, mas no Campo Pequeno os homens da festa brava, artistas e organização, contribuíam para o futuro do espectáculo como há muito tempo não éramos testemunhas.
Não sei se este exemplo é para continuar ou se serve de alguma coisa para a preservação em Portugal dos espectáculos taurinos e das muitas tradições associadas à tauromaquia. Acredito que sim. Por isso escrevo e dou conta das emoções independentemente das razões.
Uma última nota para os militantes anti-taurinos que se concentram habitualmente a poucos metros da praça do Campo Pequeno em dia de espectáculos. Na noite de quinta-feira fui junto do grupo e sentei-me por perto a fazer número enquanto eles e elas dançavam e se divertiam exibindo pequenos cartazes na mão. Tudo muito civilizado, ao contrário de tempos ainda muito recentes em que berravam e faziam figuras que não se ajustam a pessoas que se consideram intelectualmente evoluídas, quanto mais civilizadas. Deixo aqui o meu apreço pela luta dos que defendem as suas emoções independentemente das razões. Eu também acho que as corridas de toiros podem ser melhor regulamentadas. Falo do regulamento que proíba a interdição do espectáculo a crianças até uma certa idade, a extinção das bandarilhas com arpões e, para ser sucinto, a contratação de veterinários que não sejam afectos à organização para que assegurem uma embola sem corrente eléctrica e outras barbaridades que, em muitas praças, ainda são facilmente praticáveis sem a justa condenação. JAE

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Os jornais que ficam pelo caminho e o Hospital de Santarém

O nosso tempo de vida nunca devia ultrapassar o tempo de muita saúde, física e mental. Nunca deveríamos viver para além dos nossos limites físicos e intelectuais. Andar por aí em hospitais, centros de saúde e lares de idosos é pior que ser crucificado. Quem não acredita que espere para ver. Cristo foi um sortudo: morreu na cruz cheio de fé e não na cama de um hospital ou de um lar de idosos, vítima de uma bactéria hospitalar ou de um medicamento receitado por engano ou erro no diagnóstico. Por mim não tenho dúvidas que vale mais morrer cheio de chagas, lutando por um ideal, que num hospital vítima de uma bactéria, de um erro médico ou da falência dos órgãos vitais.
O que se passa actualmente no Hospital de Santarém, e tem vindo a ser notícia em O MIRANTE, só é possível porque a sua administração foi  incompetente para lutar pelos interesses da instituição e dos doentes. Saúdam-se os membros da nova administração e espera-se uma nova postura na relação com as forças vivas da região. Está na cara que a falta de solução política para o Hospital de Santarém só é possível por falta de uma voz forte que nos proteja e defenda dos chacais da política que nos tratam como números.

Anda por aí um frenesim de angústias por causa da crise dos jornais em papel. Os tempos são de mudanças e quem sempre viveu à sombra da bananeira certamente que vai ficar pelo caminho, caindo hoje aqui, amanhã acolá, até ao dia do trambolhão final.
A imprensa nacional, local e regional, caiu a pique na última década. Vai ser caso de estudo daqui a muitos anos quando estiver completa esta fase de conflito entre o digital e o papel. Os leitores que vão desprezando os jornais em papel fazem-no não pela ascensão das redes sociais mas pelo facto de já não haver no papel nada que os motive a comprar o jornal.
Não se pode enganar o mercado uma vida inteira. As empresas editoras, como todas as empresas importantes no mercado, têm que ter um modelo de negócio, o produto tem que ter qualidade, é preciso conhecer as preocupações e necessidades dos consumidores, não se pode continuar a massificar um produto sabendo que ele não interessa às massas mas sim a um público específico e devidamente referenciado.
Há duas décadas algumas notícias de O MIRANTE, importantes em certas comunidades, eram fotocopiadas e coladas nas árvores. Os padres falavam de certas notícias na missa respondendo às dúvidas dos paroquianos que não sabiam interpretar algumas informações. Só passaram alguns anos mas com o advento das redes sociais já tudo se discute e informa online. Parece que falamos de questões do tempo das cavernas mas de verdade falamos dos nossos tempos.
Prestar serviço público e lutar por um jornalismo de qualidade não depende só dos jornalistas; depende muito das equipas que lhes dão a responsabilidade de apresentarem trabalho que vá ao encontro das necessidades da audiência do jornal, que não sejam entrevistas, reportagens e notícias sem conteúdo critico, que vendam gato por lebre.
Esta discussão dá pano para mangas e segue dentro de momentos, aqui ou numa qualquer página das redes sociais. O jornalismo de verdade só nas Redacções onde trabalham bons e experientes profissionais. JAE

quinta-feira, 12 de julho de 2018

A Chamusca governada de chinelos

A sirene tocou recentemente na Chamusca porque havia mato a arder. Como o concelho da Chamusca está sinalizado pelas autoridades, caíram em Ulme, local do fogo, uma dezena de corporações. Durou pouco tempo e queimou uma área insignificante. Este Verão atípico é uma bênção para todos os portugueses. Acima de tudo para os bombeiros e para os proprietários florestais. O fogo começou à beira de uma estrada camarária que a autarquia não limpou como estava obrigada. 
A presidência da Câmara da Chamusca está entregue a um político do PS inábil e irresponsável. Entre os seus camaradas reina a maior contestação; alguns já o avisaram que não o querem mais nas reuniões com a vice-presidente ao lado. Outros ameaçam por ele nunca atender o telefone. A voz colectiva é que ele não sabe o que anda a fazer e comporta-se como a avestruz: mete a cabeça na areia para não ser confrontado com a dura realidade: o concelho da Chamusca não tem líder político e quando tem é para desfilar nas marchas, discursar nas festas e pouco mais.
Paulo Queimado é o personagem que há quase quatros anos, a um domingo, foi de chinelos e calções a uma homenagem ao saudoso e querido médico Artur Barbosa. E passou metade do seu discurso a justificar-se pelo que levava vestido. Na altura quase toda a gente se riu da desfaçatez. E desvalorizaram. Acharam que ele era um menino a dar os primeiros passos na vida pública e que ia ganhar estatuto. Não era nem é nos dias de hoje. Na data da homenagem a Artur Barbosa, Paulo Queimado já tinha anos de trabalho como presidente de câmara, e muitos anos como vereador da oposição.
Politicamente ele é mesmo um tipo que faz a administração do concelho calçando chinelos; e a impressão que passa é que anda de calções todos os dias da semana de trabalho. 
A Terra Branca está entregue a dois socialistas, Paulo Queimado e Cláudia Moreira, que fazem da presidência da autarquia um festival de folclore 365 dias por ano, com bar aberto, muito fogo de artificio, entradas grátis e música sempre muito alta como na Ascensão. 
Por último: os poucos comerciantes da vila e das freguesias do concelho, que ainda são a alma do desenvolvimento local, fazem de apuro num ano tanto como há 20 anos faziam no mês do Natal. Se a autarquia não ganhar gestores que saibam captar investimento, que tenham cu para se sentarem nos gabinetes de Lisboa com os políticos do Governo que decidem para onde vai o dinheiro do Orçamento de Estado, estamos feitos ao bife.   JAE