quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Crónica de uma inauguração

Nesta crónica ignoram-se os discursos, as felicitações, os homenageados, os artistas, os políticos e muitos dos ilustres convidados que se não tivessem comparecido teriam inviabilizado a inauguração.
 No momento em que começou a cerimónia de inauguração da Fábrica das Palavras em VFX o Jardim Constantino Palha, a dois passos da cerimónia, era o lugar perfeito para estar em paz com a vida; meia dúzia de crianças e uma dúzia de adultos ocupavam um dos jardins à beira Tejo mais feliz e bem cuidado.
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A meio do passeio começamos a ouvir ao longe a banda do Ateneu Artístico Vilafranquense, sinal que a cerimónia tinha começado a horas(16h). Quando chegamos havia um mar de gente em frente do edifício da nova biblioteca municipal que se ergue imponente à beira Tejo. A banda tocava de frente para um conjunto de personalidade alinhadas a poucos metros e aparentemente em fila por ordem de importância institucional. Na frente os líderes locais no Poder e os convidados mais importantes. Logo atrás os vereadores da oposição e alguns líderes de instituições locais e regionais. 
Depois de uma volta ao “bilhar grande” infiltramo-nos no meio dos convidados de honra para quem a banda tocava. Perguntamos ao vereador João de Carvalho se não se sentia despromovido em segunda fila na inauguração de uma casa que ele próprio tinha viabilizado com o seu voto. Sorriu e ao ouvido confessou que não estava ali para ter protagonismo. “Tenho outras formas de ser protagonista”, desabafou. 
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Rui Rei, ali por perto, foi mais político na resposta a uma provocação do género; “deixei a política activa; estou num projecto de trabalho muito importante para a minha vida. Mas um dia é certo que o PSD vai substituir o PS no Poder em Vila Franca de Xira”, disse o vereador que já teve pelouros a tempo inteiro e que nos últimos anos sonhou ser presidente da Câmara de VFX mas acabou por ver presidente o homem que mais o enervou enquanto foi vereador com pelouros.
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Alberto Mesquita esteve 10 minutos a saudar as entidades presentes e convidados especiais. Depois falou mais 10 minutos. Quando agradecia o trabalho da sua antecessora, Maria da Luz Rosinha, o comboio passou, fez um barulho ensurdecedor como é normal, e as palmas substituíram as palavras elogiosas do presidente que ficaram suspensas na garganta. “Há muita tarimba e muito barulho de comboios nesta gente das inaugurações”, desabafou alguém atrás de mim que parecia ser um homem bem informado.
Assim que o barulho do comboio seguiu até Lisboa voltaram as palavras elogiosas de Alberto Mesquita para a Mulher que já tem lugar na história de Vila Franca de Xira por ter mudado o rosto da cidade depois de uma gestão comunista de muitos anos que, dizem, pouco feliz. Alguns apelidam de “desgraçada”.
Rosinha, de rosa vermelha ao peito, como é habitual, fazia a diferença entre as personalidades alinhadas a ouvirem a banda. Alberto Mesquita falou a ler do papel mas mesmo assim ainda teve tempo para furar o protocolo quando dirigia palavras de agradecimento ao arquitecto Miguel Arruda e tentou encontrá-lo com os olhos entre os convidados. Como não o viu parou o seu discurso até o próprio anunciar a sua presença de braço no ar chegando-se à frente. Um momento que ajudou a desanuviar das palavras de circunstância que sempre se dizem nestas cerimónias. Aliás, a maior prova de que quem escreve os discursos nem sempre está atento à realidade foi a saudação especial ao “professor doutor Arquimedes da Silva Santos”, títulos que teriam sido muito bem substituídos pelo de escritor, de preferência adiantando também alguns dos títulos dos seus livros que, tenho a certeza, 99 por cento das pessoas presentes nunca ouviu falar ou, se ouviram, já não se lembram.
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Para confirmar que ninguém é perfeito António Mega Ferreira falou a seguir a Alberto Mesquita e deu uma “seca” a quem o ouviu lendo um ensaio sobre a Obra e a Vida de Álvaro Guerra e o seu importante papel como cidadão e intelectual. Mega Ferreira só pode ter ido desencantar a uma das suas gavetas o texto que leu sobre Álvaro Guerra que, apesar do seu valor, não merecia ser diferenciado de outros escritores importantes de VFX como Alves Redol ou Soeiro Pereira Gomes.
Cá bem atrás, enquanto Mega Ferreira repetia a grande admiração pela Obra de Álvaro Guerra, a nossa companhia eram dois elementos da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo. Perguntei-lhes se tinham sido convidados e disseram que não. Com eles a militância fala mais alto que os convites. Enquanto Mega Ferreira falava da trilogia de Álvaro Guerra, e do seu estatuto como embaixador e ribatejano, os meus interlocutores recuavam cerca de quinze minutos no tempo e lembravam que o orador tinha prometido falar pouco e, entretanto, já tinha falado mais tempo que o presidente da câmara.
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António, o cartoonista do jornal Expresso, estava longe da confusão e dos discursos numa conversa a quatro, sempre com aquele seu ar misterioso de “escritor de desenhos”. À pergunta, “então como é que vai a crise”, respondeu que “os grupos e os grupinhos tomaram conta da sociedade portuguesa. Quem não pertencer à Maçonaria e companhia não se safa”, desabafou.
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Ao nosso lado uma das mulheres mais famosas da freguesia, Ana Câncio, espreitava a cerimónia com aquela cara de reformada aos 40 anos e um exemplo de que a política nem sempre é para os melhores e para os que são exemplo na vida pública.
No final do discurso mais chato da últimas inaugurações, (Álvaro Guerra que nos desculpe lá no Olimpo) o pessoal afunilou junto a todas as portas de emergência da Fábrica das Palavras que estavam abertas excepcionalmente. Curiosamente a porta rotativa era a mais utilizada com a complicação que se imagina numa situação de excesso de carga.
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O barco varino estava estacionado a vinte e cinco metros da margem e dava um ar de festa à água do rio que espelhava o sol radioso do fim da tarde.
Uma pequena multidão sentava-se no muro em frente da Fábrica das Palavras de costas para o rio. O sol ainda ia alto e podiam ver-se ao longe centenas de gaivotas rente às águas.
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Dez minutos depois da entrada da multidão na Fábrica das Palavras já havia fila na casa-de-banho das senhoras. A dos homens estava normal. Mega Ferreira foi pela mão do arquitecto seu amigo pregar uma mijadela depois de fumar um cigarro logo a seguir à cerimónia. O arquitecto ia recebendo algumas palmadas nas costas e perguntando sorridente às pessoas que o saudavam se tinham recebido o convite.
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No primeiro piso o bar tinha duas filas ao longo do balcão. O café custava 0,70€ “e o resto é por aí acima”, informou-me um velho conhecido com a barriga encostada a uma mesa mas sem bebida por perto. Pensei alto: já lá vai o tempo das bebidas grátis no final das inaugurações. Às vezes as dificuldades ajudam a moralizar os costumes em família. As famílias políticas e as outras, acima de tudo.
O vereador João de Carvalho era um dos que estava com a barriga encostada ao balcão sempre rodeado de amigos. O José Fidalgo, ex-presidente da junta de freguesia, era o mais cumprimentado. Não havia quem não passasse a seu lado que não lhe estendesse a mão. Pelo calor das suas palavras e pelo impulso com que saíam da boca era fácil perceber quem eram os que o cumprimentavam por serem amigos e os que o saudavam por ele ainda ser, na cabeça de alguns, o presidente da junta.
Durante o tempo em que estive junto ao bar, sem beber, fui fotografado duas vezes para o facebook. Quem me fotografou junto das minhas companhias não me conhece, logo não me procurem na internet porque não estarei identificado nas fotos ao lado dos meus ilustres interlocutores.
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“Nesta terra quem não reclama não é atendido”, diz um professor da Escola Reynaldo dos Santos numa conversa, para mim sem sentido, dirigindo-se a José Fidalgo. Mário Nuno, o adjunto do presidente Alberto Mesquita, passa por perto e aproveita para mandar uma bicada. “Estão a começar uma tertúlia”, disse, sorridente, e desandou.
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Dei três passos para o lado do Tejo ainda no primeiro andar e ouvi as primeiras criticas à falta de comparência de algumas identidades na inauguração da Fábrica das Palavras: O Turismo de Lisboa e o Governo da Nação não se fizeram representar. Gente da má-língua ainda tentou atribuir as culpas todas às divisões internas no PS de António José Seguro e António Costa mas é evidente que o momento era de dar largas ao veneno que cada um tem de sobra debaixo da língua quando a conversa mete política.
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Mário Coelho estava sentado numa mesa a autografar a sua autobiografia. O homem com cara de toureiro, de lenço ao pescoço, trazia o livro do matador vilafranquense debaixo do braço e arrancou-lhe ali mesmo um autógrafo que já não fui a tempo de registar para a posteridade porque o meu telemóvel às vezes é mais teimoso que os vereadores da CDU no exectivo da Câmara de Vila Franca de Xira. A propósito: disseram-me que os vereadores estavam na festa mas confesso que não os vi.
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A subida ao terceiro piso da Fábrica das Palavras é um deslumbre. Ali se percebe que esta é obra do regime. Maria da Luz Rosinha e Alberto Mesquita já têm um lugar na pequena eternidade reservada aos homens que chegam ao Céu, com recomendações especiais enviadas do planeta Terra. A vista sobre o rio Tejo, e a ponte e o casario junto às margens, é soberba. Quem tem um rio ao pé da porta não sabe a riqueza que Deus lhe deu. Sempre que vou a Vila Franca de Xira e percebo a ligação da cidade com o rio lembro-me dos políticos que governaram nos últimos quarenta anos a cidade de Santarém e pergunto-me se todos eles não tiveram problemas com a água, em pequenos, quando as mães lhes davam banho.
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Encontrei a comitiva oficial no terceiro piso e o vice-presidente dizia alto que tinha perdido de vista alguém, logo ele que era o mais alto da comitiva.
Neste piso a vista sobre a cidade é quase total. De um lado o rio Tejo e do outro o casario da cidade que, vista dali, tem outro encanto. Do lado do rio fomos encontrar um proprietário a contar e mostrar a um amigo o problema com uma habitação cujo telhado ruiu este ano. Assim como a história deste proprietário não tem lugar neste texto, também o presidente da câmara achou que não tinha que dar para aquelo peditório e passou por nós, que estávamos com os olhos na paisagem, como se passa por vinha vindimada. Cumprimentou quem lhe apeteceu e lá seguiu a sua visita ao edifício liderando a comitiva. 
Nesta altura fui cumprimentado com um forte aperto de mão pelo vice-presidente do município, Fernando Paulo Ferreira, que me deu um sorriso de orelha a orelha e um “bem-vindo” como se eu tivesse acabado de chegar de Marte. Já estive dezenas de vezes ao lado do senhor e passei por ele muitas vezes nas ruas de Vila Franca de Xira e foi a primeira vez que recebi um cumprimento efusivo. Vá lá saber-se se não foi do efeito da gravidade uma vez que estávamos no terceiro andar e em cima de uma placa suspensa que só pode causar vertigens a quem tem medo de alturas.
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O piso onde vai ficar a administração e os funcionários da Biblioteca é o mais espectacular. Quero trabalhar aqui, apeteceu-se dizer em voz alta a uma senhora que se pendurava na paisagem ainda mais encantada do que eu com a luz e a majestade do lugar.
O corrimão que acompanha a escadaria do edifício da biblioteca mereceu a maior critica que ouvimos em toda a visita. “Os corrimãos são redondos; este gera desconforto e insegurança. Os arquitectos são assim”, desabafou um dos convidados atrás de mim que passou a conversa para outro que ia à frente e que corroborou por inteiro o que o seu conterrâneo acabava de dizer.
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Às 17h40 estava de novo de volta ao piso onde fica a biblioteca para as crianças. Até ali só tinha visto homens aos abraços e às palmadas nas costas. Finalmente encontrei senhoras a cumprimentarem-se com beijinhos. Uma delas era a ex-presidente da câmara que me perguntou ao seu estilo “então o que é que acha?”. Respondi-lhe o óbvio e não perdeu tempo a repetir-me que foram dez anos de muita luta e que há uma pessoa chamada Luís Matas de Sousa, o urbanista, que bem merece ser referenciado publicamente pois foi um dos poucos que nos acompanhou e se dedicou a este processo desde o início sem virar a cara à luta. Rosinha deu-me o recado ao ver-me tomar apontamentos mas não conseguiu continuar a conversa pois daí a segundos já estava a dar mais beijinhos e abraços a quem a procurava.
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Desci ao rés-do-chão e cumprimentei o diretor da Escola Secundária Alves Redol,Teodoro Roque, e não só pusemos a conversa em dia como terá nascido ali uma ideia que pode dar frutos no futuro e representa uma boa colaboração de O MIRANTE com as escolas secundárias da região.
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Eram 18h00 quando voltei a entrar no Jardim Constantino Palha. A meio do jardim já se notava o frio da tarde. Havia ainda menos pessoas nos bancos e no café à beira rio. Os barcos parados ainda falavam com a água do rio Tejo a mesma linguagem que eu tinha percebido no caminho para a Fábrica das Palavras mas eu já nem dava por isso nem me interessava. Muito menos achei graça aos patos que andavam por ali feitos vaidosos sem terem que assistir a inaugurações e trabalhar ao fim-de-semana. JAE

Comentário à noticia: http://bit.ly/1mVLGrf

Somos todos jornalistas

Vivemos tempos novos que é preciso saber entender para não nos perdermos pelo caminho. Há muitos anos tinha como referência nomes cimeiros da vida portuguesa. Lia o Mário Castrim, Fernando Piteira Santos, Baptista-Bastos, Mário Mesquita, Urbano Tavares Rodrigues, José Gomes Ferreira e muitos outros jornalistas e escritores que considerava meus mestres. Para mim o ofício de jornalista era mais importante que qualquer outro. Mal sabia eu que o ofício é tão exigente: que não se enriquece nesta profissão e que se nos descuidamos acabamos cada dia da nossa vida a dar pau e costas que é a forma mais humilhante de trabalhar.
Há muitos anos que sei que encontrar pelo caminho bons jornalistas é mais difícil que encontrar bons médicos, bons engenheiros, bons escritores e empresários. Encontrar um jornalista com qualidades profissionais e humanas é tão raro como encontrar médicos de família, na verdadeira acepção da palavra, embora a profissão seja cada vez mais exigente e, no caso do jornalista, me pareça, a cada dia que passa, que vai entrar em extinção. 
A  Internet veio criar a ilusão de que somos todos jornalistas através das redes sociais. Nada mais errado. Já há gente a pagar caro essa exposição e da sua família e dos seus modos de vida. Vai ser ainda pior no futuro.
 Nos últimos anos tomei nota de algumas experiências profissionais com jovens jornalistas e posso testemunhar que a grande maioria vai acabar a ganhar a vida noutras profissões. A última experiência foi com um jovem de 30 anos que depois de um dia de trabalho veio dar o dito pelo não dito argumentando que não esperava ser obrigado a tanta exposição na rua. Gosto mais de trabalhar de forma anónima, disse-me o aprendiz de feiticeiro aparentemente encantado com a possibilidade de fazer uma carreira literária tendo o jornalismo como passatempo. 
Tenho quase a certeza que a grande maioria das pessoas que borregam quando lhes cheira a trabalho estão no desemprego; se não estão são filhos ou enteados de alguém que ganha dinheiro fácil para os sustentar. O Estado Social que criamos, e que tanto choramos, é injusto para muita gente mas é fantástico para uma boa maioria. Fantástico, repetiria, se pudesse, estalando a língua para que o leitor percebesse o quanto eu acho que a palavra se ajusta ao que quero deixar escrito. JAE

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Hotel Chelsea

Há mais de 30 anos que comecei a escrever um livro sobre stress. Escrevo-o no meu corpo e as palavras que fazem dele uma obra-prima são as marcas que tenho na pele, nos ossos e nos neurónios. A ideia de o tornar público derivou da minha última visita ao médico que só não me bateu por eu ser um homem de barba branca. Já não são as dores musculares, a falta de sono, a falência de algumas capacidades tão necessárias para uma vida de boa qualidade. O livro, que é o meu corpo, começou a cheirar a mofo que é o último estágio do papel antes do bolor e do consequente apodrecimento.
 Preciso de um cu novo como no tempo em que a minha avó ralhava comigo por ser tão descuidado e um lingrinhas a comer. Preciso de reaprender a dançar o tango e a valsa, de voltar a jogar às cartas, de me esquecer de comer a correr atrás dos pardais e na apanha dos espargos e dos cogumelos silvestres.
Há 30 anos sonhava viajar até São Francisco depois das paragens obrigatórias nas sete maiores cidades do mundo. Já viajei. O ano passado, ao sair de um hotel numa dessas cidades, dobrei a esquina e encontrei uma loja de luxo com o nome de um amigo de há 30 anos. Entrei e chamei por ele. Sorridente, o Pedro parecia ter menos 30 anos que eu, devido à boa vida. Nesse dia escrevi no meu corpo, território de muitas tempestades, que estava na altura de reaprender a viver.  
Na hora em que escrevo este texto, pela noite dentro, sou uma saca de 50 kg cheia de stress atada pelas orelhas com um atilho de cordel.
Acabei de ler um livro de uma escritora norte-americana, quase da minha idade, que fixou residência no Hotel Chelsea em Nova York na mesma altura em que eu era ajudante de guarda-livros na Chamusca; morava numa casa de adobos e aprendia a ler e escrever poesia.
Agora mesmo dei um pontapé no stress. Sinto-me outra vez com 30 anos a virar a esquina da rua onde moro, a caminho do trabalho, com a cabeça cheia de projectos e de ideias para viajar. Hei-de morrer a lutar sem atilhos nas orelhas da saca de 50kg.

Do relatório da Mariana: Recebemos várias chamadas a confirmarem o número da conta da Patrícia Duarte uma vez que está em nome de outras pessoas. Temos vindo a explicar que é uma conta solidária que está em nome de várias entidades entre elas o presidente da junta de freguesia e o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pernes. JAE

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O António ganhou as eleições à Maria

As eleições para a federação distrital do PS deixam um sinal que vale a pena ter em conta. Os dois candidatos têm missões diferentes na política e um trabalho que não se compara. António Gameiro (AG) é um dirigente local sem responsabilidades autárquicas dignas de registo e Maria do Céu Albuquerque (MCA) é uma presidente de câmara com a responsabilidade de liderar a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. Só nesta instituição tem mais trabalho num dia que um deputado da nação num mês. AG pertence ao velho lobby do PS que trabalha mais em Lisboa que na região. MCA não foi à luta para vir a ser deputada, ou ficar em posição privilegiada para ser deputada, a confiar na sua palavra, e passa a vida em trabalho de proximidade.
Se a lógica não fosse uma batata MCA tinha ganho estas eleições a brincar. O PS precisa de gente credível e com trabalho no terreno e AG é um advogado como muitos outros que pululam na Assembleia da República à espera de um lugar ao sol ou, melhor dito neste caso, debaixo do sol à espera que ferva. Fui ao lançamento de um livro deste advogado numa sala da Assembleia da República e nunca assisti a tanta vaidade e cagança. O AG que eu conheço é um sujeito político do PS a nível nacional e só perde tempo com as questões regionais quando lhe sobra tempo. E é daqueles que se for preciso vai dar um mergulho no Tejo ou no Zêzere mas a sua praia é a do Guincho.
MCA quis conquistar a distrital sem trabalhar muito e sem preparar o terreno chamando para o seu lado os dirigentes concelhios, não só aqueles que moram na sua rua e na sua linda cidade, como todos os outros que fazem a diferença. Ainda tentou mas foi muito tarde. E bem podia ter dispensado a companhia dos trolhas do costume, como é o caso do humorista António Rodrigues, de Torres Novas. Ganhar a distrital do PS ao AG e ao Paulo Fonseca é mais fácil que ir a Fátima a pé mas muito mais difícil que tomar conta do Castelo de Abrantes.
As derrotas políticas não envergonham mas era bom que começassem a envergonhar. O que se passa no seio do PS é mau demais para ser verdade num país onde as pessoas falam cada vez mais de Salazar e das suas virtudes como Homem. JAE

Comentário à noticia que pode ser visitada através do link http://bit.ly/1qIMtLY

Moita Flores: o Franciscano

Francisco Moita Flores já não é vereador da Câmara de Oeiras e desde a tomada de posse só compareceu a uma reunião do executivo. O ex-autarca pediu por quatro vezes a suspensão do mandato. Dos quatro pedidos de suspensão três deles tiveram como justificação a sua actividade literária. Moita terá sido pressionado pelo PSD para deixar  o lugar vago e dar espaço a quem quer fazer trabalho de oposição no executivo liderado por Paulo Vistas. Ou seja: Moita perdeu as eleições em Oeiras e teve que ser o PSD a dar-lhe um empurrão para deixar caminho livre a quem quer trabalhar. Moita Flores enche a boca dizendo que é um homem de bons costumes e que está na política para servir. Este é o seu melhor exemplo.
A justificação de Moita Flores para pedir a suspensão do mandato é tontinha e merece ser publicitada. Aliás, merece que lhe acrescentemos a seguinte nota. Enquanto foi presidente da Câmara de Santarém Moita Flores ausentava-se com muita frequência e a desculpa era sempre a saúde precária de um familiar. De tal forma exagerou na desculpa que à sua volta todos gozavam com o curso de “primeiros socorros” que ele deveria andar a treinar na família. Esta desculpa durou anos e justifica tudo aquilo que Moita Flores deixou por fazer e geriu da mesma forma, ou pior, que Rui Barreiro. Faltava-lhe tempo para governar a câmara e tomar conta dos seus assuntos.
Enquanto esteve em Santarém Moita Flores foi especialista em desculpas e esquemas como os que usou em Oeiras. Um dia saiu à rua de bicicleta em Santarém e fez-se fotografar dizendo que a cidade era ideal para andar de triciclo. Só deverá ter usado a bicicleta nesse dia. Outra atitude curiosa foi o aluguer de casa na cidade. A casa existia mas Moita Flores ia dormir todos os dias a Lisboa e regressava pela manhã nos dias em que os outros afazeres não o prendiam na capital. Ao contrário do que fez crer o ex-presidente da Câmara de Santarém e a sua famelga nunca se fixaram em Santarém.
São muitas as qualidades de Francisco Moita Flores.Tantas como os seus predicados como político da raça daqueles que andam nestas andanças para cuidarem da vidinha. Mais um bocadinho de vergonha e será um verdadeiro Franciscano. JAE

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Uma vida divertida

Há duas semanas fui almoçar ao Sardoal e os dois casais que estavam no restaurante eram velhos conhecidos e fizemos uma festa. Dois dias depois fui almoçar a Alverca e encontrei dois amigos de Santarém que encheram a casa com um dá cá um abraço. No final da passada semana fui almoçar a Torres Novas e ao dar uma volta pela cidade parei em dois lugres míticos e falei com pessoas que já não via há quase 30 anos. Matamos saudades e prometemos que as próximas ausências serão menos espaçadas como se todos nós ainda tivéssemos mais 30 anos pela frente. Ontem fui almoçar ao Entroncamento e só ouvi falar mal do presidente da câmara como se eu, ou o jornal onde trabalho, fossemos a solução para “adoçar” ou “civilizar” um tipo que gosta tanto de jornalistas como os cães gostam de azedas.
Gosto de almoçar fora do jornal e visitar amigos e conhecidos. A recordação do almoço no Sardoal ainda dura; fui visitar a Quinta de Valle da Louza, uma propriedade construída no século XVIII cheia de História e de boas memórias. Graças à aventura da descoberta desta Quinta e do encanto que ela esconde entre árvores e casas centenárias voltei a sentir o prazer de visitar alfarrabistas e enchi o caderno de poesia do quotidiano que vai enchendo a minha vida cada vez mais divertida e surpreendente.
Não sei a quem interessa este tipo de crónica mas confesso que ando maricas com as palavras. Vou escrever a dizer mal do Diabo quando sei que é isso que ele mais gosta? Desta vez faço o gosto ao dedo. Falo dos meus almoços pela região onde trabalho e que regra geral acabam sempre com sabor a mousse de chocolate ou fruta da época.
Do relatório da Mariana (de segunda-feira): email do sr. António que nos ligou de França onde reside há 46 anos. Diz que tem uma doença incurável; que não pode vir a Portugal e que tem o pai, com 92 anos, numa situação deplorável. Fez um apelo para que tornássemos público o seu caso. António, um leitor do Entroncamento, ligou a dizer que fez um mês que faleceu o médico Artur Barbosa e que gostava de saber se tínhamos alguma informação sobre se havia missa por sua alma. Hoje foi o dia dos assinantes novos: recebemos cinco pedidos de novas assinaturas de Ourém, Rio Maior e Póvoa de Santa Iria. JAE