quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Em defesa de José Sócrates

O MIRANTE foi recentemente proibido por um tribunal de publicar notícias sobre um determinado assunto. Uma providência cautelar interposta por uma entidade que se diz prejudicada pelas nossas notícias teve o bom acolhimento de um tribunal e fomos proibidos de publicar assim como fomos obrigados a retirar as notícias que já tínhamos publicado na internet. É claro que recorremos da decisão e aguardamos uma última decisão do tribunal da relação.
O que me importa salientar é o barulho que por aí vai sobre asfixia democrática e o apertanço de que os jornalistas se dizem vítimas. José Sócrates não é flor que se cheire na relação com a comunicação social. É sabido que tem várias queixas em tribunal contra jornalistas por não aceitar críticas que na sua opinião lhe feriram a imagem. Está no seu direito. Saber que os jornalistas choram lágrimas de crocodilo por terem um primeiro-ministro que não diz por trás o que os jornalistas lhe dizem pela frente deveria ser uma honra para a nossa democracia. Quem não se sente não é filho de boa gente. Se Sócrates gosta de ir à luta com os jornalistas que mal é que isso tem. Paga caro o preço desse desafio mas o problema é dele.
Claro que Sócrates tem maus amigos que em vez de o ajudarem ainda lhe fazem a folha. Mas isso continua a ser problema dele.
Quem anda a cuspir para o ar e leva com o cuspo em cima é a classe jornalística. Dou-vos um exemplo; um único exemplo só para justificar esta crónica. Com a decisão do tribunal em nos proibir a publicação de notícias sobre um determinado assunto ouvi a alguns ilustres jornalistas da nossa praça o comentário de que O MIRANTE estava  a ser vítima de uma medida anticonstitucional. “Não há desde o 25 de Abril medida tão discriminatória praticada contra um órgão de comunicação social como esta relacionada com o assunto que esteve na origem da tal providência cautelar”, disseram-me alguns jornalistas com grandes responsabilidades em redacções de jornais ditos de referência. Sabem quantos jornais já falaram no assunto? Quantos jornalistas de vários jornais já meteram este assunto na gaveta? Quantos colunistas da nossa praça já se indignaram com a mordaça que calou a redacção de O MIRANTE? Não digo porque tenho vergonha de pertencer a esta classe de jornalistas portugueses que andam por aí a fazer figuras de primas donas como se vivessem numa redoma. Na generalidade, e falo só dos que têm nome na nossa praça, são piores que José Sócrates no trato e muito piores no que respeita ao que é essencial; o carácter e a solidariedade. Para eles o mundo começa à entrada da porta da redacção dos jornais onde trabalham e acaba na defesa dos seus interesses e dos patrões que lhes pagam o vencimento. O resto é matilha. O resto é esterco. Pouco importa que no país real os jornalistas ardam em lume brando se na patusca Lisboa comem todos do mesmo tacho ainda que a comida azede de vez em quando. JAE

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