quinta-feira, 9 de outubro de 2014

As mulheres e os livros

As mulheres e os livros foram, e ainda são, o que de mais importante aconteceu na minha vida. Até hoje. O assunto vem a propósito da minha preferência por literatura no feminino, embora não seja faccioso, e da minha simpatia por E.L. James e pelos seus três volumes da trilogia de “As 50 Sombras de Grey”.  Só li de fio a pavio o primeiro volume; os outros li-os com a minha habilidade para passar os olhos e reconhecer terrenos já pisados.
 Fui eu que descobri no meio da entrevista ao director da Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira aquela célebre sentença de que “As 50 Sombras de Grey” não entravam no Olimpo vilafranquense. Fui um dos maiores culpados de toda a polémica que já fez correr muita tinta e que obrigou o director a cumprir ordens e a comprar os três volumes de literatura erótica para mulheres e homens mal casados e mal f*.
Como nunca esqueço uma boa história, e gosto de acompanhar os êxitos literários, tenho continuado a seguir as tabelas de vendas dos livros em Portugal. Com espanto reparo que os três volumes de “As 50 Sombras” continuam na lista dos mais vendidos.
Um dia destes uma mulher falou-me no assunto; disse-me que leu o livro com espanto e que todas aquelas cenas também a motivaram e fizeram sonhar. Depois deu testemunho sobre todas as suas amigas que leram o livro igualmente com paixão e interesse pela história. “Todas as mulheres percebem que aquele homem não existe; mas existe o que ele faz com a personagem feminina; e é isso que torna o romance interessante”.
Trago este assunto a lume porque dizem que vem aí o filme baseado na história.
Nos meus livros preferidos tenho autoras muito melhores que E. L. James e As 50 Sombras de Grey. Por exemplo “Entrega”, da jornalista australiana Toni Bentley, que comecei por descobrir na Feira do Livro de São Paulo (Brasil) que é uma das maiores do mundo. Mas o livro é tão bom e tão pornográfico que alguém que seja apanhado com ele pode ser acusado de alta traição a um casamento ou a um namoro. Uma mulher com as “As 50 Sombras de Grey” debaixo do braço é só uma mulher que anda a ler um dos livros do momento. 
A trilogia de “As 50 Sombras de Grey” foi o que de melhor aconteceu às mulheres e aos homens no último século em matéria de literatura erótica. Pelo menos para a grande maioria dos leitores em português. Quem quiser dar uma espreitadela à ‘Entrega’ sempre pode discordar de mim por uma boa razão. JAE

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