quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Somos quase todos frangos de aviário

14 bancos portugueses foram multados pela Autoridade da Concorrência em cerca de 225 milhões de euros. Os crimes foram praticados entre 2002 e 2013. Somos todos vítimas das “acções concertadas” da maioria dos bancos para pagarmos o que eles muito bem entendem.


A Autoridade da Concorrência condenou 14 bancos ao pagamento de coimas no valor global de 225 milhões de euros por prática concertada de informação sensível no crédito entre 2002 e 2013. O caso ficou conhecido como “cartel da banca”. A AdC indica que “os bancos participantes na prática concertada trocaram informação sensível referente à oferta de produtos de crédito na banca de retalho, designadamente crédito habitação, crédito ao consumo e crédito a empresas”.
“Neste esquema, cada banco facultava aos demais, informação sensível sobre as suas ofertas comerciais, indicando, por exemplo, as margens de lucro a aplicar num futuro próximo no crédito à habitação ou os valores do crédito concedido no mês anterior, dados que, de outro modo, não seriam acessíveis aos concorrentes”.
Através desta troca de informações, que durou mais de dez anos, cada banco ficava a par da oferta dos outros, o que “desencorajava os bancos visados” de ofereceram melhores condições aos clientes e impedia os consumidores de beneficiarem do “grau de concorrência que existiria na ausência de tal intercâmbio”.
Esta notícia, e esta condenação, pelo que representa e representou para todos os portugueses que contraíram empréstimos, vai ficar na História da nossa democracia e devia ter consequências a nível político. Não me perguntem quais. Também ainda não sei a quem devo agradecer este castigo aos especuladores e aos homens do dinheiro que fazem do povo, e da grande maioria dos empresários, frangos de aviário.



Esta semana num dos relatórios de trabalho que recebo diariamente tomei boa nota de um apelo de um morador de um conhecido bairro de Santarém para que escrevêssemos sobre a fraca qualidade de vida proporcionada por má vizinhança. As redes sociais vieram revolucionar a comunicação mas infelizmente de pouco servem para denunciarem casos de injustiça ou de uma simples denúncia de má vizinhança. Na maioria das vezes os utilizadores das redes sociais limitam-se a escrever comentários verrinosos sobre a actualidade política, social ou económica, praticando a critica com insultos valendo-se do anonimato ou da condescendência das pessoas ou das instituições visadas. O facebook fez de todos nós jornalistas, mas quando toca a denunciar casos de abuso de poder ou de denúncias que podem meter tribunal o exercício da escrita deixa de ser um acto de cidadania junto de quem de direito para ser um apelo a quem tem o dever de dar a cara pelo serviço público de informação. Não estou a queixar-me do meu/nosso trabalho. Estou só a dar conta que todos os jornais são poucos para que vivamos numa sociedade mais justa e informada que lute pela qualidade de vida das populações e, acima de tudo, pela democracia. JAE

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