Esta edição de O MIRANTE tem dois cadernos e comemora 34 anos de publicação ininterrupta sob o lema que nos inspira desde o primeiro número: “caminhante não há caminho, o caminho faz-se a andar”.
Quem ler esta edição de O MIRANTE, distribuída por dois cadernos, vai sentir o peso da leitura por mais que o seu espírito esteja folgado. Apesar da crise é a maior edição de aniversário de sempre e aquela que reúne mais investimento. 2021 tem sido um ano desafiante. Enquanto os jornais ditos nacionais vão caindo, alguns para tiragens insignificantes, O MIRANTE mantém os seus números na edição impressa e é lido na internet por mais de metade da população portuguesa. Certamente com a grande ajuda dos portugueses residentes no estrangeiro, e com o interesse dos seus familiares, mas não é isso que nos rouba a importância e o interesse que despertamos no mercado.
Vivemos um tempo
de monopólio da informação; pior que isso: sofremos a concorrência de empresas
e indivíduos que roubam a informação dos jornais como quem apanha amoras
silvestres à beira da estrada. Começa nos facebooks e acaba no cidadão comum
que distribui diariamente, em mensagens de telemóvel, dezenas de títulos de
jornais roubados dos programas de assinaturas das editoras.
O sector da
comunicação social vai resistir a tudo e a todas as contrariedades, inclusive
aos governos que vêem o trabalho editorial das redacções por um canudo: querem
os jornalistas e os jornais a fazerem serviço público mas depois fogem com a
publicidade obrigatória e os deveres da transparência que uma boa governação
exige. Vai sair cara a resistência. As bancas de venda de jornais são cada vez
menos. No mercado nacional só há uma
distribuidora de jornais; e as dificuldades também apertam para quem vê as
receitas diminuirem devido à quebra das vendas. Dos grandes jornais de
referência O MIRANTE é dos poucos que aposta nas assinaturas da edição
impressa. Os CTT vão cumprindo a sua missão embora em alguns pontos do país com
problemas na distribuição. O papel aumentou 47 % nos últimos três meses assim
como grande parte das matérias-primas associadas à impressão. As cativações e a
lei da contratação pública, leis peregrinas que visam apenas dificultar a vida
aos pequenos empresários, são aberrações do regime social-democrata em que
vivemos, que privilegia descaradamente as grandes empresas e os grandes
empresários que se escondem atrás de fundações e de offshores.
A pandemia,
graças ao avanço da ciência, é uma brincadeira comparada com a desgraça que vai
por aí no clima, com o drama dos refugiados, o avanço da China nos mercados
internacioais com produtos a preços ridículos graças a tudo o que sabemos e,
por fim, sem esgotar todas as grandes lutas das novas gerações, a falta de
cultura democrática na administração dos organismos do Estado e, muitas vezes,
nos gabinetes dos próprios governantes.
O MIRANTE comemora 34 anos de publicação ininterrupta.
Chegamos aqui devido ao trabalho de uma equipa que nunca se dividiu, que criou
raízes, que tem sabido adaptar-se aos novos tempos. Um dos grandes desafios de
O MIRANTE é trabalhar em 23 concelhos onde as sensibilidades políticas e
pessoais são variadas. Temos muitos mais parceiros que adversários; muitos mais
aliados que inimigos; desde o primeiro número de O MIRANTE que trabalhamos em
nome de um projecto editorial e nunca em favor de um projecto político, pessoal
ou empresarial. E é assim que vamos continuar sob o lema que nos inspira desde
o primeiro número: “caminhante não há caminho, o caminho faz-se a andar”. JAE.
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