quinta-feira, 5 de maio de 2022

A Ucrânia aqui tão perto e o Tejo visto das Portas do Sol

António Costa boicotou o desvio do caminho de ferro das barreiras de Santarém; Guterres foi recebido em Moscovo como um dirigente do futebol; e a polaca Esmeralda vive no Algarve há 20 anos e nunca visitou Lisboa.

Conheci Esmeralda no Algarve na piscina do hotel. É polaca e vive há 20 anos em Portugal. Fala muito mal o português e nunca visitou Lisboa; nem tem muita curiosidade. Trabalhou nos barcos de cruzeiro, onde o marido ainda trabalha, sem férias e dias de descanso, até que ficou em casa a cuidar das filhas. Todos os dias fala duas vezes com a mãe, que vive na Polónia. Quis saber como é que o seu povo aceita a “invasão” de ucranianos que fogem da guerra. A resposta não se fez esperar; “agora a minha mãe não tem médico de família e as televisões mostram em rodapé o nome da Ucrânia em caixa alta e o da Polónia nem se vê”. A conversa começou assim e só não acabou neste registo porque mudei o bico ao prego e perguntei como estava Varsóvia, em que hotel devo ficar depois da guerra acabar, onde ficam as livrarias mais interessantes, etc. No dia em que escrevo esta crónica temos encontro marcado ao fim da tarde na praia, no bar do João, onde ela promete aparecer com meia dúzia de amigas que também vivem no Algarve há muitos anos. E eu que sou um pinguim a falar inglês.


António Guterres é um homem sério e cheio de boas intenções. Por isso chegou a Secretário-Geral das Nações Unidas e já foi reconduzido no cargo. Putin invadiu a Ucrânia e está a fazer daquele território de 40 milhões de pessoas uma verdadeira ruína. António Guterres foi a casa dele pedir paz e o fim da chacina da população. Foi recebido como o presidente de uma associação de clubes de futebol. Aquela mesa onde foram filmados é a cara de todos os dirigentes mundiais que pensem desafiar Putin. António Guterres é boa pessoa e um homem sério, mas a política precisa de líderes fortes, que não se limitem a trabalhar para a fotografia. Foi o caso. Ou muito me engano ou estamos nas mãos do Diabo.


Por muito que nos custe reconhecer não há cidadania activa na maior parte do território português. Há excepções em Lisboa e no Porto. É pouco para um país cheio de recursos naturais com uma população que desde há muitos anos começou a migrar para o litoral.

O segundo Governo de António Costa acabou com o sonho de Santarém poder vir a ter na próxima década uma ligação ao rio Tejo, como já deveria ter há pelo menos meio século. É incrível a desfaçatez dos políticos que falam, falam do rio como o símbolo maior da região e depois não constroem um cais para prender um barco, não se candidatam a fundos comunitários para terem de borla uma piscina no meio do rio, não têm uma escada rolante ou um simples elevador que facilite o acesso a pé da cidade até ao rio. Todo o viajante que passa pelas principais cidades de Itália e França, só para citar as minhas preferidas, sabe do que falo. Se os autarcas de Santarém não morrem de amores por António Costa não pode ser por ele ter inviabilizado o desvio da linha de caminho-de-ferro. Estava escrito nas estrelas que ia ser assim logo que o PS perdeu a câmara. Não percebo é por que temos que depender de António Costa e dos seus ministros para fazermos o que nos compete e é nossa obrigação. JAE.

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