quinta-feira, 19 de setembro de 2024

O mau exemplo da ESTA de Abrantes

A crise na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes vem de longe e tem uma história que mete política, professores e dirigentes que enfiaram a cabeça na areia para não verem a realidade.


A equipa de O MIRANTE orgulha-se de ser parceira no desenvolvimento da região dando visibilidade às suas instituições e aos seus líderes mas também àqueles que são apenas cidadãos empenhados nas suas tarefas diárias profissionais e familiares. 

Nem sempre fomos e somos bem sucedidos. A crise instalada na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA) é um exemplo que merece ser estudado. O MIRANTE fez tudo o que era possível para ser parceiro da única escola de ensino superior de comunicação da sua área de influência. Fomos lá comemorar os nossos 17 anos, em 2004, levando connosco para uma conferência Francisco Pinto Balsemão que era, é ainda é, a maior figura viva da imprensa portuguesa. Assinamos, inclusive, um protocolo de colaboração que nunca saiu do papel apesar das aparentes boas vontades e entendimentos do que são as parcerias para o êxito de alguns projectos. E assim se mantém até hoje, apesar da boa relação institucional que sempre tivemos com o Politécnico de Tomar e as suas direcções. Soubemos mais tarde, muito mais tarde, que houve interferência política do presidente da câmara da altura que terá ameaçado: "ou eles ou nós".  Nunca apurámos os factos, e até hoje não conseguimos perceber como é que uma Escola Superior com um curso de comunicação consegue ignorar o trabalho de uma equipa de um jornal de proximidade que é considerado por muita gente como um caso de estudo a nível nacional, embora para nós isso seja irrelevante, pois tudo o que fazemos sabe a pouco; e de verdade, por mais que trabalhemos, nunca conseguiremos chegar a todas as frentes de trabalho.

Não sou a melhor pessoa para puxar dos galões, mas já saíram da redacção de O MIRANTE para a reforma jornalistas com quase 30 anos de trabalho na região que nenhuma direcção da Escola se lembrou de convidar para uma palestra, ou apenas para dar testemunho. Em tempos acompanhei os convites que as direcções da ESTA faziam às grandes figuras da televisão, como se o curso de comunicação tivesse no jornalismo televisivo a sua grande referência. Não tem, nunca teve, e o que já foi trabalho mediano em televisão é agora uma enxovia, um lixo, quase sempre em directo e que entope todas as sargetas das nossas ruas e das nossas indignações.

Com directores e professores virados de costas para a realidade onde vivem e trabalham, não admira que a ESTA esteja a passar a sua maior crise. Já se adivinhava. O exemplo que estou a dar não tem nada de ressentimento, nem de melindre, tem sim algum sentimento de desgosto e de pena por não fazermos parte dos parceiros de uma Escola que forma pessoas, que mais tarde têm a missão de ajudar a mudar ou melhorar o mundo local, ligados a empresas em que O MIRANTE é líder destacado. Se a Escola estivesse a bombar jornalistas nem precisávamos de protocolos, muito menos de lamentar a falta de visão dos dirigentes da ESTA destes últimos vinte e muitos anos. Mas já na altura não era difícil perceber as dificuldades de organização da Escola e da falta de sensibilidade dos seus responsáveis para verem mais do que o que se avista do Castelo de Abrantes. 

Que este texto sirva pelo menos para que em Abrantes a política nunca mais se meta onde não deve, porque ninguém ganha nada em secar o que quer florescer à sua volta; como diz o ditado, "um fraco chefe faz fraca a sua gente". Esta é a grande lição que fica do tempo em que Abrantes tinha um presidente da câmara que vivia numa redoma; que politicamente foi um líder que só deixou maus exemplos; e a ESTA era governada por professores que há menor contrariedade enfiavam a cabeça na areia para não verem o que não lhes interessava e, ou, os obrigava a saírem do trono dos reis pasmados. JAE.

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