Portugal vai ter em breve um ChatGPT com o nome de Amália e até 2020 pousaram na lua mais homens que foram ao fundo do mar. E se a coisa mudou, entretanto, foi graças a um russo que construiu uma jigajoga que consegue descer até aos 11 mil metros de profundidade, o que até há pouco tempo parecia impossível.
Gostava de ser mosca para entrar nos gabinetes de alguns presidentes de câmara da região para perceber como foi a passagem de testemunho; falo do Entroncamento e de Mação, mas também de Salvaterra de Magos e de Coruche, entre outros, onde se viveram situações bem diferentes. Começo a crónica pela política, mas vou já derivar depois de me explicar: gostava de saber como é que alguns funcionários que trabalham perto do presidente do executivo conseguem agora explicar algumas atitudes quando muitas vezes eram mais papistas que o Papa.
Nos últimos dias tive com que me entreter ao participar num colóquio na Universidade da Maia onde fiquei a saber pela voz do presidente do Sindicato dos Jornalistas que Portugal vai ter em breve um ChatGPT com o nome de Amália. O que lá fui fazer conto noutras núpcias porque às vezes é preciso ter tento a escrever.
No passado fim-de-semana troquei um workshop de dança por uma conversa na Parede sobre a praia das Avencas. Como é evidente acertei em cheio e ninguém me ligou a pedir explicações, o que diz bem o quanto sou dispensável nos encontros de dança. O convite para a conversa foi com o biólogo marinho Francisco Andrade, que ensinou-me mais sobre o mar num fim de tarde do que eu já aprendi ao longo da vida; o mar e o fundo do mar, as montanhas no mar, a impossibilidade de irmos ao fundo do mar que é bem maior que ir à lua, o Gorringe, no Atlântico, a cerca de 200 km a sudoeste do Cabo de São Vicente, uma cadeia montanhosa submarina gigante que se eleva a cerca de 5 mil metros do fundo do mar e tem dois picos principais, o Gorringe e o Gettysburg, que estão a apenas 30 metros da superfície; O facto das castanhas que comemos, ainda a festejar o S. Martinho, virem quase todas da China, assim como os pinhões, de navio, que é nesta altura o transporte mais poluente do mundo devido ao uso de combustíveis muito baratos, uma vez que a fiscalização de navios que percorrem longas distâncias permite ainda maiores sacanices. Da praia das Avencas falou-se algumas coisas que eu já sabia, mas ficou a promessa de no próximo Verão repetirmos uma maré de pé na água, para voltarmos a ouvir falar de tudo aquilo que já me esqueci.
Fiquei a saber que na COP30 no Brasil, em Belém, Portugal apresentou pela primeira vez uma proposta para a emissão de acções de investimento no nosso mar. Chama-se "Pacote Azul" e propõe a compra de acções como forma de investimento para a protecção dos oceanos como um pilar do combate às mudanças climáticas. Eu não tenho dinheiro para comprar acções mas, quem sabe, desta vez arranje uns trocos. Eu sou dos que acredita no futuro do país apesar dos Sócrates e dos Rui Barreiros desta vida.
Até 2020 tinham ido à lua mais homens do que ao fundo mar. E esta hein? Nesta altura só há um barco russo que vai até aos 11 mil metros de fundo, e segundo soube a viagem custa 150 mil euros. Mas, ao saber o quanto a pressão da água já é gigantesca a 3 mil metros, que é onde se vai mais vezes fazer investigação, eu não desço a 11 mil metros nem que me prometam ir para o céu depois de morrer esmagado.
E quem é que acredita que para vivermos numa economia sustentável, como se vivia antes da descoberta da agricultura, da domesticação dos animais, da descoberta da roda e do fogo, em vez de sermos 9 bilhões de habitantes no planeta só podíamos ser 100 mil almas? Fica aqui uma pequena amostra de quanto o mundo não é autossustentável há muitos milhões de anos.
Deixo de fora desta crónica para todo o sempre o prazer de ter lido Mercê Rodoreda, Catherine Millet, Marie de Régnier e Natalia Ginzburg. A melhor desculpa para não escrever é ler. Não conto ainda, mas deixo a informação que fui a Braga, e que dormi nas noites da tempestade Cláudia quase em cima das ondas do mar, em Gaia, que era mais perto do meu destino diário. É uma aventura quase indescritível. Por último fui ao festival de filosofia de Abrantes e tive que fazer 300 quilómetros porque ainda estava longe da Chamusca, a terra onde volto sempre e onde percebo cada vez mais espantado que se vive melhor que em Lagameças, a terra do actual presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Filipe Simões. JAE.
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