quarta-feira, 12 de março de 2008

Duas histórias (quase) exemplares


Recebi um dia destes um recado de um leitor de Alpiarça que me pedia encarecidamente para interceder junto do presidente da câmara local no sentido de acudir a uma situação de grande dificuldade. Prontifiquei-me a ajudar a resolver o problema e aconselhei o meu interlocutor a esquecer essa figura bacoca que me parece ser a cada dia que passa o actual presidente da autarquia.
Em tempos que já lá vão assisti à vitória eleitoral do PS num concelho onde o PCP exercia o poder com arrogância. De tal forma que aconteceu o que todos achavam impossível. Passados todos estes anos o poder local fez obra, como não podia deixar de ser, mas em termos de democracia a Câmara de Alpiarça não está melhor do que nos tempos dos comunistas. Ou muito me engano ou a história local um dia dará conta que o actual presidente, que prometia o céu depois do inferno, herdou todos os defeitos dos seus antigos opositores e acrescentou-lhe outros bem piores: a relação com os jornalistas é de cortar à faca, os episódios caricatos que têm sido notícia espelham bem o carácter do homem público e político que ainda é presidente da câmara. Depois de uma vitória tão desejada, e que demorou tantos anos a conquistar, Rosa do Céu prepara-se para abandonar o barco tão triste e cansado que dir-se-ia ter passado nestes últimos anos os dias mais infelizes da sua vida, que só um lugar como presidente de um qualquer conselho de administração, de uma grande e rica empresa, compensará devidamente.
As notícias que vão sendo publicadas sobre os crimes na noites de Lisboa e do Porto, e sobre corrupção e promiscuidade entre poder político e financeiro, se estivessem a chegar a Portugal de Itália por meio de uma agência de notícias todos nós diríamos, olha que admiração é o país da Máfia!. E com esta exclamação arrumávamos o assunto que é exactamente o que faz o país inteiro, embora as notícias não cheguem de Itália mas do país real.
Esta semana ouvi dizer alto e bom som, numa situação excepcional, é verdade, mas ouvi dizer dentro de um grande edifício público, de uma empresa pública, que em determinados andares não há cão nem gato que não tenha na garagem um carro de alta cilindrada, oferta pelos serviços prestados à canalha dos concursos públicos.
Não sei como é que se moraliza um país habituado a chorar por tudo e por nada, que se vende por meia dúzia de patacos, cheio de políticos actores como Paulo Portas e Luís Filipe Menezes. Não sei nem tenho a pretensão de saber, embora não perceba como é possível um ministro de um Governo do meu país dar um edifício a uma empresa que explora o jogo da batota assinando um papel escrevendo simplesmente: “tomei conhecimento”.

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