quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A literatura os amigos e o trabalho


“Só quem sabe muito tem coragem para confessar publicamente a sua ignorância”. Estou a citar um jornalista que escreveu recentemente sobre o poeta, crítico e tradutor, José Paulo Paes, dez anos depois da sua morte.
Um dia quis conhecê-lo. Acordei tarde demais. Tinha morrido há pouco meses.
Foi ele que traduziu os poetas que mais gosto de ler que escreveram noutras línguas: Aretino, Kavafis, Ovídeo e Seféris, entre outros. Paulo Paes era um poeta que praticava o ofício de tradutor. Ninguém como ele escrevia sobre literatura sem os habituais maneirismos académicos. Homem e escritor humilde, assumidamente de esquerda, cumpriu um dos mitos da formação das pessoas comuns, instruindo-se por conta própria em literatura e idiomas.
Com a crise que nos esmaga parece falta de respeito ocupar este espaço com assuntos ligados à literatura. Aparentemente escrevo para mim próprio. Faço o gosto ao dedo enquanto estou afastado do trabalho de jornalista gozando férias grandes.
Não escrevo estas crónicas com a pretensão de emocionar os leitores. Dou lugar neste espaço ao José Paulo Paes como dei à Dona Luísa Moutinho do Casal do Freixo. A literatura é conversa inteligente entre gente inteligente. A crónica é outra coisa, embora reconheça que há excepções na imprensa portuguesa que fazem da crónica, ou do artigo de opinião, importantes documentos da actualidade. Mas podem contar-se pelos dedos de uma mão.
Miguel Sousa Tavares é o maior de todos. E Francisco Moita Flores, ao domingo, no Correio da Manhã, também dá o exemplo.


Reencontrei há um ano Orlando Raimundo, ex-jornalista do Expresso durante vinte anos. Foi ele que a nosso convite foi à Chamusca realizar uma palestra sobre imprensa regional, precisamente no primeiro aniversário de O MIRANTE. As suas palavras ainda duram passados todos estes anos. E é bom reencontrá-lo no mercado a trabalhar na área regional.
Como o Orlando Raimundo é uma referência do jornalismo português, nomeadamente pelo trabalho que fez no Expresso, e pela qualidade dos livros que publicou sobre a nossa profissão, temos um amigo de volta que saudamos com afecto e reconhecimento, pela amizade que nos dedicou sem nunca pedir nada em troca.


O MIRANTE foi um dos expositores da Fercab - Feira de Actividades Económicas da Beira Interior que decorreu no passado fim-de-semana. A nossa presença num certame fora de portas é uma forma de divulgarmos o jornal, o nosso trabalho e a região que nos sustenta como projecto editorial.
Há muitos anos que ouvimos dizer que uma das razões para o nosso sucesso editorial deriva do facto de trabalharmos na região mais rica e desenvolvida do país. Concordamos. Com uma pontinha de orgulho e com vontade de continuarmos a fazer mais e melhor.

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