quarta-feira, 11 de junho de 2008

O caciquismo em Santarém em tempo de Feira


No dia da inauguração da Feira da Agricultura, que acompanhei de perto durante cerca de quatro horas fazendo trabalho de repórter, assisti à mais caricata de todas as cerimónias de inauguração da Feira.
As declarações de Moita Flores, que são reproduzidas nesta edição, espelham um pouco do ambiente que se vive na administração do Cnema, que foi muito mal disfarçado nas quatro horas de apertos de mão e cumprimentos aos expositores.
Nunca vi tanta arrogância e tão desmedida certeza de que os interesses do Cnema são os superiores interesses da autarquia de Santarém e do seu concelho. Moita Flores tem razão. Aquela gente sabe pisar até que do cacho das uvas fique apenas o engaço.
À luz da administração do Cnema, a Câmara de Santarém é gerida por um forasteiro que está por aqui de passagem; que não entende nada do que são os superiores interesses da cidade e do concelho. Nunca vi tanta arrogância, tanto caciquismo e tão desmedida certeza de que a autarquia escalabitana é um parceiro sem importância na organização e no prestígio da Feira do Ribatejo.
Francisco Moira Flores chegou à presidência da Câmara de Santarém e virou uma página na política local e regional. Falta virar todas as páginas para cumprir o seu trabalho. É por isso que tenho um especial prazer em observar no terreno a sua luta contra os poderes instituídos, e contra aqueles que sempre acharam que Santarém é uma cidade condenada ao fracasso e aos interesses inconfessáveis de meia dúzia de patos bravos com licenciatura, alguns com muito poder nos gabinetes de Lisboa, que alimentam a ilusão de que mais tarde ou mais cedo deixaremos cair por terra todas as ilusões de que é possível mudar o estado miserável da nossa política.
Se o meu trabalho não fosse ir para o terreno, fazer aquilo que já faço há vinte anos, não acreditaria que a instituição Câmara de Santarém pudesse ser tratada a tão baixo nível pelo facto de o actual executivo se recusar a dar cobertura aos interesses instalados no Cnema, em prejuízo da câmara e do concelho de Santarém.
Moita Flores precisa de mostrar obra para voltar a ganhar a Câmara de Santarém se resolver recandidatar-se. Coragem e um grande coração não lhe faltam. Resta saber se tem uma equipa forte para o ajudar numa missão (quase) impossível.
Na política ganham quase sempre os que têm mais poder de influência. É dos livros que os grandes exércitos podem perder muitas batalhas mas acabam quase sempre por ganhar a guerra.
Santarém tem as suas muralhas frágeis demais. Reconstruí-las é trabalho para gigantes. Há demasiados lilliputinianos nesta cidade para acreditarmos que a inteligência e a grande capacidade de trabalho, que Moita Flores já demonstrou, seja suficiente para sair vencedor da luta política em que os homens fortes da CAP são mestres e gostam de dar lições.

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