quinta-feira, 15 de maio de 2008

Uma espécie de magazine


Em vinte anos de jornalismo nunca deixámos na gaveta uma história para “proteger” uma figura pública. Em 20 anos de edições de O MIRANTE nunca precisámos de nos sentar à mesa com um jornalista da redacção para “negociar” a publicação de um trabalho editorial. Gosto de ver O MIRANTE a praticar bom jornalismo, seja na área da reportagem, da entrevista, do debate, ou até nas áreas ditas menos nobres do jornalismo que, às vezes, são as mais difíceis de praticar. Sabemos que para isso precisamos de jornalistas bem informados, independentes, com uma cultura acima da média, gente que tenha a justiça no sangue e a prática democrática na pele. Foi sempre isso o que conseguimos da grande maioria das pessoas que aqui trabalham ou trabalharam. Por isso nunca precisámos de proteger ninguém. Consideramo-nos editores públicos. O nosso jornal não depende dos orçamentos de empresas que não desenvolvam o mesmo negócio. Não especulamos no mercado de outros negócios para pagar o papel do jornal ou os vencimentos dos jornalistas ou de colegas dos outros sectores tão importantes na empresa como os homens da redacção.
Se há alguém de fora que tem a voz alta na nossa empresa são os pequenos e médios anunciantes. Aqueles que se servem do nosso jornal pagando o espaço em troca da publicidade aos seus produtos.
Esta independência e o trabalho que temos vindo a mostrar incomoda muita gente. Uns porque não acreditam no futuro, nem no futuro deles quanto mais no nosso, outros por conveniência já que não têm méritos suficientes para superarem a mediocridade em que se instalaram.
Nos últimos dois anos temos trabalhado num grande projecto para a região que envolve um canal de televisão e a constituição de uma parceria público - privada que já conhecemos de outras regiões da Europa com mais de trinta anos de existência. Agora que está a chegar a hora H reparamos que, cobardemente, algumas das pessoas que têm vindo a prometer o apoio institucional ao projecto começaram a dar o dito pelo não dito e a deixarem correr o marfim assobiando para o lado.
Mais do que os políticos, quem manda nas políticas de algumas instituições são eminências pardas, que não foram eleitos pelo povo mas que têm o apoio dos eleitos do povo, que precisam deles como de pão para a boca, já que não percebem patavina daquilo que os rodeia. Mas, em vez de se servirem dessas eminências pardas a quem pagam principescamente, e ainda proporcionam o uso de um certo poder que dá muitos lucros encapotados, deixam-se manobrar vergonhosamente. E, assim, a região e o país, ao contrário do que todos nós pensamos, não é só esta coisa fadista e toureira que dá enjoos e enoja. É também um teatro, um circo, uma espécie de magazine que alguns espertos realizam tendo como actores principais alguns políticos ignorantes e imbecis.

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