quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O vereador analfabeto da cultura de Tomar

O vereador da Cultura da Câmara de Tomar, Luís Ferreira, é um senhor de 43 anos que nunca exerceu longamente uma profissão. A sua vida, depois de ter acabado o tempo de andar de livros debaixo do braço, foi ser adjunto deste e daquele político, secretário e tudo o mais que a política permite nesta e naquela instituição. Luís Ferreira faz parte de uma geração de políticos que, graças ao 25 de Abril, conseguem hoje mandar no país sem nunca terem passado pela escola da vida exercendo uma profissão.
Se Luís Ferreira fosse um político sério, capaz, intelectualmente bem formado, já tinha pedido a demissão de vereador da Cultura da Câmara de Tomar depois dos disparates que escreveu sobre o escritor António Lobo Antunes e sobre os cidadãos do seu concelho.
O caso é público, volta às páginas desta edição de O MIRANTE, e não preciso de recordar aqui as calinadas e a forma infantil como o senhor vereador da cultura resolveu comentar, de forma a que o público tivesse acesso, um caso triste que pôs Tomar na imprensa pelas piores razões.
Tomar é a segunda cidade mais importante da Região Centro. Tomar, logo a seguir a Fátima, é o concelho mais visitado do país pelos turistas que saem de Lisboa ou do Porto. Tomar tem uma História e uma vida cultural ligada a nomes como José Augusto França, Lopes Graça, etc etc etc. Uma cidade com a importância de Tomar não pode ter um vereador da Cultura tão irresponsável e iletrado como o senhor Luís Ferreira.
Alguém no seu perfeito juízo devia chamar este senhor à razão e confrontá-lo com os disparates que escreveu e depois confirmou no meio da grande barafunda que foi a polémica à volta do convite a António Lobo Antunes.
Eu sei que na opinião da maioria dos meus leitores estarei a exagerar. Haverá até muitos deles que dirão: este tipo que escreve é maluco. Está a sugerir que o vereador se demita quando ele está na vereação a representar o Partido Socialista para ser o futuro presidente da câmara. Talvez os leitores tenham razão. E no fundo no fundo o Luís Ferreira até nem é má pessoa. E deve ser um excelente chefe de família. Mas este texto é sobre o anão político em que Luís Ferreira se transformou, muito mais do que já era, e não sobre a pessoa e os seus méritos enquanto homem de bom coração.
Nem daqui por um século Portugal terá uma classe política distinta, sabedora e com estatuto para merecer a honra de governar o país e as instituições da República. Falo de Luís Ferreira mas também poderia falar de camaradas do seu partido que são da mesma escola e que passam pelo mesmo crivo. Se Luís Ferreira não pedir a demissão do cargo, o que é mais que certo e sabido, tal é a falta de vergonha desta gente que faz da política profissão, pelo menos que ganhe juízo. Tomar merece um vereador da Cultura que, no mínimo, seja uma pessoa culta.

1 comentário:

  1. Estimado Joaquim Emídio

    A prosa dura que escreve devo-a merecer, por não me vergar sob quaisquer interesses, desejos legítimos ou "estares" burguesamente aceites.
    As opiniões, absolutamente livres, que dou, escrevo e assumo, mesmo quando se referem a vultos do "sistema prec", que nos impõe o seu modelo estético, são as que são, quase tão duras quanto a sua opinião, que respeito.

    E a vida, meu caro JAE, tem destes encontros e desencontros, que mais não são do que meras passagens, entre as estações da vida.

    Lamento que me considere analfabeto, sem profissão "longa" - seja lá o que isso
    for e um verdadeiro inculto, pela simples razão de ter tido o arrojo de escrever
    que Antonio Lobo Antunes se havia comportado como um pedante, convencido e armado ao pingarelho, no contexto do folhetim Tomar-ERTLVT-Militares.

    Não gostou? Está no seu direito e não lhe levo a mal por isso.
    Hoje temos este desencontro, mas porventura a estrada da vida nos "virá a encontrar", um pouco mais à frente.

    Apesar de tudo, sempre a considerá-lo
    Luis Ferreira

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