quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Mudar a lei da caça


Recentemente enterrei um cão, matei as saudades de montar a cavalo, viajei para Salzburgo e Viena, e fixei uma frase de Steve Jobs que mal conheci e cuja genialidade de pouco me serviu uma vez que sou um fraca roupa a servir-me das novas tecnologias. Jobs dizia que a sua empresa só tinha alcançado o êxito por “uma feliz reunião de músicos, poetas e historiadores que, por acaso, também eram excelentes cientistas de computadores”. Seria uma boa homenagem ao homem da Apple se deixasse o resto da coluna em branco e fizesse render a força das suas palavras e o que elas nos ensinam nesta arte de aprender a gerir equipas.
Embora não me sinta o mais azarado dos homens tenho muito que penar no inferno quando um dia me pedirem contas dos momentos de fraqueza em que acreditei ser capaz de passar a mensagem de que “os anos ensinam muitas coisas que os dias desconhecem”.
Bendita crise. Tenho consciência da miséria em que vivem algumas pessoas que não sabem adaptar-se aos tempos difíceis que vivemos. Mas acho-me um sortudo por poder levantar-me todos os dias com saúde e genica para mais um dia de trabalho que sei que vai ser bem preenchido.
O meu problema é de consciência. Agora que preciso de comer menos; tenho menos fôlego; contento-me com a metade mais pequena; já não sinto que os parentes me caiam na lama; agora, que devia abrandar, tenho que manter o ritmo para dar o exemplo.
No sábado fui assistir à antestreia de um documentário sobre Alves Redol assinado por Francisco Manso. Saí do auditório do museu do neo-realismo com uma folha cheia de apontamentos e com o coração aos pulos. Uma das personagens mais emocionantes da Obra de Redol ainda é viva. E nunca foi entrevistado para O MIRANTE. Como é possível?
Às quatro da tarde de um dia desta semana atravessei a cidade de Vila Franca de Xira do parque de estacionamento a norte da cidade até ao largo da câmara. Passei por cerca de meia dúzia de esplanadas e contei pelo menos uma centena de pessoas matando o tempo de volta de um cigarro ou de uma bica. E não estou a contar os pichas-murchas que se sentam nos muros. É muita gente a gozar de borla este sol de Outono que Deus nos deu. Confesso a inveja. Mas falo de barriga cheia. Eu gosto dos dias sem nada para fazer mas quando eu quero e não quando me são impostos.
As queixas de Rui Barreiro contra O MIRANTE e os seus jornalistas são um tratado que davam um doutoramento na arte da asneira. Chamar-lhe tropeço é pouco para definir a personagem que desonra o PS de Mário Soares e Salgado Zenha. Foi esta gente da política, irresponsável, inculta e conflituosa, que levou o país para o estado a que chegamos. Agora vamos pagar do bolso os desvarios da classe política a que Rui Barreiro pertence. O ex-governante vai ficar na história por ter autorizado a caça aos melros. Haja alguém com imaginação e coragem para voltar a mudar a lei e incluir a caça aos corvos da política à portuguesa.

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